capítulo dezessete

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Naquele sábado ia fazer 11 dias completos que Bella evitava falar com Miguel e Miguel dava o que Bella queria. Silêncio. A menina esperava que com isso,de algum modo milagroso,o que aconteceu na casa de Miguel fosse simplesmente "desacontecer",o que a mente lógica e organizada da menina não estava esperando era a recorrência absurda de Miguel que se passava por ela a cada minuto.

Bella tentava equalizar os pensamentos apenas na lembrança de Miguel em si e não na do beijo,mas era inevitável. Houve um beijo. Não havia mais no que pensar.

No sábado a tarde a menina estava deitada em sua cama quando decidiu tirar os pensamento inoportunos da mente por bem ou por mal. Se levantou rápido da cama e pegou o notebook. Ia escrever poesias.

Tentou se lembrar qual foi a última vez que falou com Patrick,mas não se lembrava. A única coisa que vinha a sua mente era a briga,e por mais que essa distância a incomodasse,ela não se permitia fazer nada.

Respirou fundo quando abriu o Word no notebook e fechou os olhos em busca de algum sentimento bom o suficiente para render uma poesia que deixaria maluco o diretor da sua escola.

Mas seus dedos trabalharam e o que saiu foi mais ou menos isso:

Olhe em meus olhos
e veja
por favor
o que poderia ter sido

Preste atenção em meus passos
e sinta
por favor
isso que me aflige

Fique quieto no seu lugar
e deixe
por misericórdia
que eu te beije o corpo
por completo
sem que você perceba

Feche os olhos em sua cama
e sinta
com todo o seu coração em algum lugar longe daqui
os beijos que eu te dou
quando estou de olhos fechados.

Bella observou seu poema por um instante. O apagou e tentou de novo e de novo e de novo,mas Miguel transbordava dos seus versos.

- Merda - murmurou sozinha e caiu de costas na cama cobrindo os olhos com o braço e sentindo que ia explodir a qualquer momento.

Seu celular começou a tocar e o coração de Bella deu um salto. Suas mãos tremeram e suas pernas pareciam gelatina (o que ela não percebeu é que toda essa reação exagerada aconteceu apenas pela pequena probabilidade de ser Miguel ao telefone).

Mas quando olhou a tela viu que era Mariana.

- Pois não - atendeu.

- O que você tá fazendo?

- Sendo impotente.

Houve um silêncio do outro lado.

- É bom? - Mari perguntou.

- Não.

Mais um silêncio.

- Você é tão estranha,Bella.

- Caramba,você me ligou só pra falar isso?

- Não,é que você cortou minha linha de raciocínio - Mari explicou,levemente irritada - Será que você poderia interromper sua atividade de impotência e ir na festa das Barbosa comigo?

- Teve uma festa na casa dessas duas semana passada! Não é possível que os pais dessas meninas simplesmente deixem elas fazerem isso sempre que elas querem.

- E você fala isso como se fosse culpa minha? Eu não contribuo para nada além do público da festa - ela disse e Bella a imaginou dando de ombros.

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