capítulo doze

17 1 0
                                    

Se ficar pensando a respeito do poema e sua autoria por dias e horas enquanto encarava o teto não tivesse sido o que a loira fizera,com certeza não estaríamos falando de Bella.

Mas a menina segurava o poema contra o peito e olhava as pequenas manchas que tinha em seu teto e as vezes encarava a lâmpada acesa de seu quarto até que sua visão fosse invadida por pequenas manchas desconexas (até ela lembrar que não podia fazer isso,por causa de seus óculos),e não conseguia fazer outra coisa.

Talvez fosse um fato. Enquanto seu cérebro trabalhava como um condenado apenas em prol do poema o corpo da menina precisava ficar parado. Ela precisava se concentrar. Quem mandara?Por que mandara? Qual o objetivo? Fazê-la ficar maluca como estava acontecendo ou o que?

Claro que não vinha resposta alguma para todas as suas perguntas e a unica coisa que ela pensava,enquanto se odiava profundamente por pensar,era em Guerra.

Será que ele teria tido o trabalho e cuidado de escrever um poema anônimo para a menina? Bella não deveria imaginar essas coisas,mas a sua mente sendo dominada pelo seu coração encantado a tanto tempo não a deixava achar outra saída.

Guerra. Luís Guerra. Luís.

A menina soltou um grunhido se levantando da cama finalmente.

- Eu odeio isso - murmurou pra si mesma.

- Odeia o que? - Bella virou a cabeça para a porta encontrando sua mãe com uma mão na maçaneta e outra na cintura enquanto enrugava as sobrancelhas para a filha.

- Eu não ouvi você batendo na porta -Bella protestou e sua mãe estreitou os olhos.

- Eu que coloquei essa porta aqui,minha filha. Eu tenho o direito de abri-la a qualquer momento - Bella revirou os olhos - E não me culpe por ficar preocupada com você falando sozinha e encarando o teto a horas dentro desse quarto.

- Eu acho que ambas as coisas que você falou são práticas saudáveis para uma adolescente - sua mãe a encarou - Além disso,no meu quanto quando a porta está fechada eu posso fazer o que eu quiser.

A sua mãe a encarou por mais um momento decidindo se abriria fogo contra a filha ou se deixaria essa passar por hoje. E então,quando ela bufou e revirou os olhos,ela optara pela segunda opção.

- Eu não estou afim de conter a sua malcriação hoje,já tive problemas demais de manhã - Bella sorriu irônica,mas logo decidiu não irritar mais a mãe - Então desce para jantar logo antes que eu me arrependa.

-Você quem manda - Bella disse,dando um salto da cama.

- O que é isso? - a mãe perguntou,olhando para o papel amarelado na mão da filha.

Bella encarou o papel e depois o entregou para a mãe ver. Seria desperdício tentar esconder dela algo que ela já havia visto. A mãe leu o poema rapidamente e depois virou o papel,analisando a parte de trás.

- Por que está sem nome? - ela perguntou.

Bella deu de ombros.

- Essa é a graça do poema anônimo - ironizou.

- Filha,se você quer conquistar alguem com cabelos dourados,você deveria colocar seu nome no papel antes de entregar. Vai facilitar a vida da pessoa - sua mãe disse,fazendo Bella abrir a boca - Quer dizer,você está tentando conquistar uma menina,isso é meio impressionante para mim,mas está tudo certo,eu não tenho preconceito algum.

Bella revirou os olhos e tomou o poema da mão da mãe e guardou em sua gaveta rapidamente.

- Não fui eu quem escrevi,mãe - a menina engoliu em seco - Eu recebi.

Cidade da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora