Depois de comer aquele delicioso macarrão e de mexer em suas redes sociais, Betty decidiu que iria lavar a louça, mas sua mãe não queria.
— Filha pode deixar que eu lavo.
— Não precisa mãe, machuquei a cabeça, não as mãos. — Respondeu a mãe com a esponja e detergente em mãos.
Enquanto lavava a louça, Betty se pegou pensando em William, não o conhecia, nunca o viu, mas sentiu a perda de seu suicídio pesar em sua mente.
Eu não salvo ninguém, não sirvo pra ser psicóloga nem porra nenhuma, eu quem deveria desistir de tudo e me suicidar.
Aqueles pensamentos a machucaram com a intensidade de um tiro, os ferimentos em sua testa não doía nem 1% do que doía a dor da perda de um paciente. Por mais que já tivera salvado muitas pessoas, ela perdeu uma, não a primeira, mas sabia que não havia conseguido adiar a morte dele.
William conversou com ela, e momentos depois se suicidou.
Ou seja, ela não serviu pra nada. Era isso que ela pensava.
Ela começou a chorar em meio a esses pensamentos, sabia que devia ser forte, mas a perda de alguém que ela conversou tão recentemente a destruía.
Enquanto ensaboava a louça, percebeu estar suja uma faca, provavelmente pelo queijo no macarrão. Assim surgiram alguns pensamentos.
Eu deveria pegar essa faca e enfiar em meu peito.
Devia pegar essa faca e rasgar minha pele.
Deveria rasgar minha garganta. Até por que não presto pra nada.
Sou inútil.Pegou a faca e num lento movimento, abriu uma linha reta e fina em seu pulso esquerdo, sangrou um pouco, mas a água levou seu sangue ao ralo. Havia conseguido a primeira cicatriz. A cicatriz pela morte de William.
— Betty, filha, você está chorando por quê? — Alice surgiu do nada atrás de Betty, a mesma soltou a faca num susto e tentou tampar seu pulso sem ser percebida.
— Ah mãe, é os pontos sabe. — Péssima em mentir, Betty não soube disfarçar.
— É sobre o jovem moço que morreu ontem?
Silêncio.
— Filha, venha cá, por favor. — Alice sentou-se.
Betty enxaguou suas mãos e as secou em um pano de prato, depois sentou na mesa junto com sua mãe.
— Filha... — Alice pegou a mão direita de sua filha e a segurou firme, Betty colocou o pulso esquerdo escondido em baixo da mesa — Você sabe que se formou a pouco tempo, e que começou agora. Você não é perfeita e erros acontecem. Ou melhor erros não, perdas. — Pausou, respirou fundo e prosseguiu — Um cirurgião, por mais que saiba fazer suas cirurgias, não salva todo mundo. Ele sofre perdas também, mas ele segue firme, porque ainda tem muita gente pra salvar. Não desista minha querida Betty, você só perde as pessoas que Deus quer encontrar no céu. Você não as mata, somente liberta a alma delas desse mundo cruel que vivemos. Filha, ainda terá muitas pessoas pra salvar. — Soltou as mãos de Betty e segurou seu rosto — E você Elizabeth, me salvou por simplesmente existir.
Betty ainda um pouco chorosa, guardou no coração as palavras de sua mãe, e num firme abraço, chorou todas as lágrimas que ainda insistiam em cair. Betty era grata por ter sua mãe, que era sua melhor e única amiga. Apesar de na escola e faculdade ter conhecido várias pessoas, nunca realmente teve amigos "pra levar pra vida toda". Sua mãe era sua melhor amiga. Sua única amiga, e única pessoa.
Depois daquele momento maternal, Betty terminou a louça e subiu ao quarto para dormir.
Rapidamente pegou no sono.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma ligação pra livrar um suicídio
Fanfic✓ PLÁGIO É CRIME, SEJA ORIGINAL DROGA! ✓ Elizabeth Cooper, conhecida como Eliza ou Betty, uma jovem moça de vinte e dois anos, formada em psicologia, trabalha oito horas num supermercado de sua cidade e mais oito horas em voluntarismo num centro a v...