Betty após o encontro e o dia livre teve mais dois dias de repouso na qual ela só fez alguns currículos e ficou conversando com Vee. Nesses dois dias, Alice percebeu que depois do encontro, Betty esteve num constante estado de isolação, pouca alimentação e quase nada de movimento fora do quarto. Provavelmente por causa de William.
Eu não entendo, ela não o conhecia, mas insiste em ter pesar na morte dele, hoje faz quatro dias. Se até em uma semana esse sentimento de luto dela não acabar, irei ter que procurar ajuda, concluiu Alice.
Ela olhou alto no relógio da sala, marcava seis e dez da manhã, Alice decidiu que iria acordar Betty dez minutos mais tarde para ver se ela acordava mais animada e disposta para ir trabalhar.
O café estava coando na garrafa, os pães da padaria da esquina estavam quentinhos e macios (pelo menos hoje), manteiga na mesa, e de agrado comprou pão de queijo para Betty comer caminhando na rua.
Subindo a escada, e entrando no corredor parecia tudo normal. Alice bem devagar abre a porta do quarto de Betty, levando um leve susto. Betty estava já acordada na cama.
— Você não dormiu?
— Insônia, pesadelos, ou algo do tipo.
— Ficou conversando com Verônica de madrugada?
— Não... Ela estava... estava... dormindo? Não sei. Nem ligo.
Alice sentiu um aperto no coração ao ver que sua menina estava mudada, fria.
— Vá tomar um banho bem relaxado, preparei um café bem forte pra você ir trabalhar.
— Não vou trabalhar.
— Como não vai Elizabeth? — Alice perguntou assustada, Betty percebeu isso, mas não conseguiu mudar o tom da fala.
— Não consigo sair do quarto. — Betty tentou não olhar pra sua mãe ao sentir que seus olhos lacrimejadam
— Filha, como não consegue? — Alice insistia em olhar para sua filha.
— Eu só não consigo mãe... Ajuda-me... Por favor...
Betty começou a chorar, não porque pediu ajuda, mas porque sentiu a dor do mundo cair sobre suas costas. Betty chorou porque a solidão parecia ser sua melhor amiga, mais que sua mãe, e ela temia isso. Betty chorou porque a morte de um desconhecido mais um acidente afetou sua cabeça. E Alice chorou porque sabia que sua menina estava seriamente machucada.
Alice pegou as mãos de Betty e puxou-a. Ela estava como um peso morto. Alice virou de costa para Betty, colocou os braços dela em volta do pescoço e a carregou até o banheiro do quarto. Abriu o chuveiro na água quente, e as duas sem tirarem suas roupas, sentaram-se no chão. Alice abraçava Betty sem parar e dizia: "eu estou aqui, minha menina, vou te ajudar a esquecer disso." A água do chuveiro levou consigo as lágrimas de pesar de Betty, e levou também as lágrimas de Alice ao ver a filha nesse estado.
— Filha, promete pra sua mãezinha tentar sair dessa? Eu te ajudo, sou sua melhor amiga!
— Prometo mãe.
Alice após lavar os cabelos de Betty bem devagar, saiu do banheiro toda molhada enrolada numa toalha e deixou que Betty terminasse seu banho, até porque, elas ficaram trinta minutos debaixo do chuveiro, era seis e quarenta da manhã, precisavam sair dali uma hora ou outra.
Betty olhou seu pulso, durante os três dias, havia se formado uma cicatriz levemente, mas destacada em seu pulso. Betty sentia vontade de morrer, assim como William, mas prometeu pra sua mãe sair dessa. Iria tentar trabalhar.
Ignorando tudo, secou e trocou rapidamente, com um sorriso fraco de quê, se ela quisesse tudo melhoraria e William seria somente um anjo longe.
Desceu as escadas, um pouco zonza, talvez sejam os pontos cicatrizados na testa.
— Betty, comprei dois real de pão de queijo pra tu, e peguei uma garrafa térmica pra você tomar café na rua. Vamos?
— Como assim vamos, seu serviço é bem longe do mercado, vai dar o maior balão mãe, não precisa.
— Eu tenho que passar no mercado e falar com seu chefe, e outra, se eu atrasar hoje a dona Mari não vai ligar, sou uma filha pra ela.
— Tá bom mãe. — falou revirando os olhos.
Após trancar tudo, as duas seguiram caminhando de braço dado, até rindo. Betty andava na rua meio zonza ainda, mas o café a acordava dessa "brisa". As duas dividiam o café e pão de queijo, apesar de Alice não querer. Betty andava na rua no meio de outras pessoas e se sentia desconfortável, mal, insegura, em pânico, tentando ignorar tudo isso, tomou mais e mais café até acabar. Comeu até as últimas migalhas do saco de pão de queijo.
E mesmo tendo tomado um leve café, ela começou a se sentir fraca, muito fraca, mas seguiu andando do lado da mãe, segurando firme nela. Ao chegar na porta de funcionários do mercado, a zonzeira e fraqueza tomaram conta de Betty, que tombou pro lado da mãe, quase derrubando as duas, somente não derrubando por que Alice segurou no corrimão.
— Que isso Betty, tudo bem? — Alice a olhou assustada, levantando-a.
— Estou sim mãe, não é nada, vamos entrando.
Betty entrou com a mãe pela porta dos funcionários, que era no andar de baixo onde ficavam as encomendas e compras para o mercado, a mesma se sentiu mal ao lembrar que tinha uma escada que dava pro segundo andar, e só tinha esse caminho até lá. Mas mesmo assim começou a subir.
Subindo bem devagar os degraus, Betty até que ia bem. Só que quando faltavam dois degraus, não deu, tudo girava e se corpo não conseguiu agarrar de sua mãe, fazendo Betty rolar escada abaixo.
Alice ficou assustada e correu para a filha, quase caindo também, vendo que a mesma havia ficado desacordada, gritou por ajuda, gritou sem parar até aparecer o chefe de lá.
— ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR, ALGUÉM? SOCORROOO.
— O que houve? BETTY?! — O chefe entrou correndo, e desceu rápido para socorrê-la, pegou ano colo e deitou sobre umas caixas com encomendas que estavam ali.
Betty, mesmo desacordada, estava com a os pensamentos funcionando, como um sonho, e enquanto rolava escada a baixo, descobriu estar com medo de sair de casa, por isso a zonzeira, já a fraqueza era falta de alimento nos últimos dias. Betty em seu sonho não se sentia bem e segura fora de seu quarto escuro, queria acordar e ver se estava lá, mas ao abrir os olhos viu estar no armazenamento com seu chefe e sua mãe olhando-a preocupados.
Alice conversou com o chefe ali, que deu o dia de folga para Betty fazer exames e ver se ela tinha algo.
As duas saíram de lá pegando um táxi e indo no médico da família. Seu diagnóstico: muito cedo para declarar uma doença, teriam que ver como Betty estaria daqui a uma semana. O médico pediu para que Alice a vigiasse, e depois foram embora as duas.
Betty sabia o que estava acontecendo, como recém-formada em psicologia, ela entendia o que estava passando e fez mentalmente seu exame enquanto voltava pra casa, ela sabia que tinha adquirido o primeiro sintoma da depressão, a síndrome de isolamento.
Esses momentos mãe e filha são os que mais gosto de escrever, confesso que nesse eu chorei. Sim sou mineira do pão de queijo.
E agora estamos entrando na primeira fase do livro, o que estão achando?
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Uma ligação pra livrar um suicídio
Fanfic✓ PLÁGIO É CRIME, SEJA ORIGINAL DROGA! ✓ Elizabeth Cooper, conhecida como Eliza ou Betty, uma jovem moça de vinte e dois anos, formada em psicologia, trabalha oito horas num supermercado de sua cidade e mais oito horas em voluntarismo num centro a v...