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Mas, mamãe? — Eu resmunguei um pouco inconformada com com as palavras de Fade. Ela conseguia ser bem intrometida quando queria e hoje era como se mamãe tivesse ultrapassado todos os limites. — Eu não quero só paredes brancas, é tão sem graça! Olhe só pra isso... — estiquei meu braço e deslizei meus dedos pela parede branca. Tudo parecia monótono demais. — Eu gosto de cores, muitas cores.

— Quanta besteira, Finn! — Fade revirou os olhos para mim. Hoje ela estava terrível e para evitar mal feitos, eu acabava cedendo aos seus gostos. Nada mudaria a opinião de Fade Everdeen. Parecia que a casa era mais dela do que minha... — Vai ficar perfeito. George vai amar.

Era óbvio que eu não estava gostando da ideia de ter minha primeira casa pintada de branco e creme. Não era isso o que eu havia planejado na minha listinha de coisas a se fazer antes de morrer. O que eu queria e sonhava era uma casa com tons de azul, porque essa é a minha cor favorita no mundo, mas mamãe dizia o contrário. Mulheres precisam de coisas recatadas, dizia a velha e tão conhecida fala de minha mãe. Já estava cansada de ter que ficar ouvindo isso todas vezes em que vínhamos ver o toques finais da casa.

Revirei os olhos sem que ela visse e dei de ombros enquanto pensava que pelo menos George gostaria e apoiaria. Ele parecia gostar de tudo o que eu fazia, até porque todas as vezes em que eu me dirigia a ele, George sempre meneava a cabeça pelo computador. O que eu podia fazer?

Era isso, a nossa casa seria branca como paredes de hospitais...

Mamãe deu as costas para mim e saiu em direção a cozinha americana que estava pronta, com todos os armários embutidos e talheres, geladeira, fogão, mesas e cadeiras. A casa dos meus sonhos — ou quase — estava pronta, só faltavam algumas coisinhas.

Eu era uma parisiense formanda em artes plásticas, e isso acabava me influenciando com um toque aguçado para perceber os detalhes artísticos dentro de minha própria casa. Por incrível que pareça, ainda conseguia dar suspiros de felicidade com alguns dos resultados, mesmo com todas essas discrepâncias histéricas de Fade. Daqui poucos meses eu me casaria com o homem dos sonhos e teria um vida feliz, pelo menos era o que eu acreditava. No fundo eu sabia que George me amava, só não mais que o trabalho, mas já era alguma coisa. Não podia discordar com minha mãe em relação a isso, ou ouviria o que eu não queria. Era assim que deveria ser e ponto final.

Ou não era?

— Eu ainda estou em dúvida... — disse baixinho perto de um dos pintores. O velhinho sorriu sem graça e cuspiu no chão forrado de jornal. Não me intimidei com o gesto. — O que o senhor acha dessas cores? Está bonito? Gosta do que vê?

— Minha filha, — o velhinho cuspiu novamente. — se você quiser mesmo deixar essa casa com mais cor, te aconselho a chamar Zayn Malik.

Ele desceu o rolo molhado de tinta até a lata, depois enfiou a mão no bolso e puxou a carteira.

— Qual o nome do senhor? — Franzi as sobrancelhas enquanto ele abria a carteira e fuçava nos papéis e documentos que estavam ali dentro.

— Henks — ele sorriu torto para mim, finalmente encarando-me. — Você tem um papel? Caneta?

Tirei o celular da bolsa e balancei o mesmo na frente dele.

— Isso serve? — sorri.

— A tecnologia me assusta — Henks comentou rindo de lado. — Anote aí. Um, sete, quatro...

Terminei de anotar o contato do homem e rapidamente agradeci pela gentileza do Sr. Henks. Finalmente eu teria uma terceira opinião para confirmar se valeria a pena pintar a casa de colorido.

Painter | Zayn Malik (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora