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A culpa é toda sua, Henks! — exclamei, cruzando os braços e sentando-me depressa no sofá. — Se você não tivesse passado meu número...

— E porque você não se controlou quando a viu, moleque? — o velho Henks cortou-me, enquanto voltava da minha cozinha com uma latinha de cerveja na mão. — Ela só queria um bom artista e eu conhecia um. Apenas isso.

— Zayn, meu filho, por que você fez isso? — dessa vez, minha mãe perguntou, enquanto estava sentada do meu lado com um copo cheio de água para mim. — Deveria ter nos chamado bem antes e pedido conselhos. Sabe que eu jamais diria não a você, em qualquer situação.

Trisha olhou-me preocupada demais, o que me fez engolir em seco por vê-la daquela maneira. Detestava deixar minha mãe aflita comigo. Preferia mil vezes passar por tempestades e redemoinhos do que contar as coisas a ela e deixá-la assim.

Os dois vieram na madrugada, rapidamente. O estado em que eu me encontrava era mais do que deplorável e quando eles me viram jogado na cama, só não me levaram para o hospital porque eu esperneei feito um garoto de sete anos.

— Mama, você sabe que eu não gosto de deixar você preocupada. Além do mais, eu sou um adulto e sei me cuidar — protestei e bebi o copo com água que ela praticamente obrigou-me a beber.

— Se conseguisse mesmo, não teria me ligado, não é? — ela arqueou uma sobrancelha e sorriu terna para mim.

— Olhe, filho, tenho um conselho para você — ele começou, caminhando até o sofá na minha frente e sentou-se, cruzando as pernas.

— Henks... não comece! — mamãe o repreendeu e ele deu de ombros, ignorando completamente a repreensão.

— Vamos, Trisha, me deixe ensiná-lo pelo menos uma vez. Sem besteiras, querida — Henks sorriu para Trisha e logo começou seu discurso. — Filho, posso ter errado em ter feito aquilo há meses atrás? Talvez. Mas, quando se trata de tempo e destino, são duas coisas que caminham juntas e não existe nada no mundo capaz de pará-las. O que tem de acontecer, sempre vai acontecer e você sabe muito bem. Você viveu todos esses tempos nessa escuridão profunda e agora a luz surge no fim do túnel de uma maneira tão sublime. Entende isso, garoto? Você é artista, sente todas essas coisas, logo não deveria jogar isso fora. Se você sabe o que o noivo dela fez com ela, conte exatamente o que aconteceu! Se ela chutar essa sua bunda, tinha que ser assim e ponto final. Nunca vai saber se não tentar. É assim que a vida funciona.

Ouvindo atentamente todo aquele discurso dele, aproveitei o carinho de minha mãe e suspirei diversas vezes. Não era um suspiro qualquer, era um suspiro de decisão, um suspiro de que finalmente estava entendendo e aceitando as coisas como elas eram.

Horas atrás o mundo parecia desabar em cima da minha cabeça e agora, tudo parecia menos complicado.

— Foi completamente errado o que vocês fizeram — Trisha disse e me fez olhar fundo nos olhos dela. — Porém, nós devemos ser honestos uns com os outros, e acima de tudo, com nós mesmos. Precisa colocar sua cabecinha no lugar, meu filho. Ser sincero e transparente não te faz mal, pelo contrário, te faz uma boa pessoa com valores nobres que merece todas as coisas boas dessa vida, inclusive um amor que vale a pena. Não te obrigo a nada, pois sei muito bem que você é um rapazinho adulto até demais — ela abriu um largo sorriso e levou sua mão até meu rosto, acariciando. Segurei seu braço e apertei levemente, enquanto procurava absorver os conselhos que havia acabado de receber das pessoas mais importantes na minha vida. — muito embora, você saiba o que é certo a se fazer nesse momento. Seja fiel a quem você é, Zayn, e tudo vai dar certo.

— Isso mesmo, rapazinho — Henks levantou-se, bagunçando ainda mais meus cabelos bagunçados e riu, como ele sempre fazia. — Puta merda, pintou o cabelo de novo?

Painter | Zayn Malik (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora