5

1.4K 123 24
                                    




Já se fazia horas que eu estava mexendo no canterio, só havia parado para preparar nosso almoço e comer um pouco de arroz com feijão. Não sentia muita fome, até porque meu interesse no jardim aumentou quando vi o coreto pronto e com as trepadeiras que havia pedido desde o começo. Eu confiava muito no trabalho dos jardineiros, mas eu também gostava de fazer isso. Acho que papai me influenciou muito, principalmente por nos instigar a ter um contato maior com a natureza para fins criativos.

Tapo o penúltimo buraco e suspiro aliviada. Estava quase lá.

A minha frente, estavam todos os canteiros de cenouras e rabanetes que eu arquitetei em mente. Pelo meu pedido, um pequeno espaço foi deixado ao lado dos pés de rosa e bem ali, eu pude plantar o rabanete e a cenoura.

— Finley, por que você não me acordou antes? — sou tirada dos meus pensamentos quando Zayn aparece fazendo sombra para mim. — Deveria ter me chamado e...

O corto.

— Zayn, pare de ser tão chato — rebato. — Você estava com sono e dormiu. Só isso. É normal.

Seus olhos incontroláveis se reviraram e eu neguei com a cabeça voltando a cavar o último buraco do canteiro de cenouras.

— Eu vou terminar o que comecei — ele diz e dá as costas, mas antes que entrasse para dentro, o chamo.

— Acho que a comida ainda está quente — Zayn para de andar e vira-se me encarando paciente. Pude perceber que ele deu uma leve olhada no quintal antes de dar atenção para mim. — Quer que eu arrume pra você?

Ele nega rindo.

— Finley, não se preocupe com isso, por favor — nesse mesmo instante, ele coloca a mão na barriga.

Ergo a sobrancelha esquerda e debocho convencida.

— Está com fome! — exclamo. — Vou arrumar pra você.

— O quê?— Zayn resmunga. — Finley, não!

Passo por ele, empurrando seu ombro de brincadeira e entro na cozinha, indo em direção ao microondas. Preparo um prato cheio e coloco para esquentar durante um minuto. Zayn resmungou durante todo esse tempo, porém eu apenas ignorei e peguei dois copos para enchê-los com água. O microondas apita e rapidamente tirei o prato. Antes de entregar a refeição ao Zayn, entreguei um garfo, uma faca e empurrei o copo com água para ele, seguido do prato.

Ele continuava a me encarar, como se não acreditasse ainda no que eu estava fazendo.

— Zayn, é só um almoço, posso descontar se você quiser — falo seca.

— Melhor assim — e senta puxando o prato para si.

Despreocupado com a vida, Zayn come lentamente, parecendo saborear cada garfada. Ele tinha mesmo gostado da minha comida ou só estava sonolento? E o mais engraçado, ele parecia não notar minha presença ali. Isso me irritou.

— Quanto tempo você trabalha com pintura? —pergunto, depois de muito tentar segurar o silêncio.

Zayn fixamente me encara, mas volta a comer ignorando completamente minha presença.

— Desde criança — minutos depois, ele responde. — E você?

Foi surpresa para mim ouvindo Zayn perguntar de volta, honestamente.

— O mesmo — respondo. — Só aprimorei mesmo na faculdade.

— Você é parisiense? — ele indaga ainda sem me olhar. — Tem o sotaque diferente, não sei. Lembra muito o sotaque francês.

Painter | Zayn Malik (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora