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Z A Y N

A contestar sobre os dias passados, tirando todos os meus problemas, eu estava bem. Ou pelo menos eu fingia que estava bem. O fato era que: me sentia irritado por tudo e todos. E adivinhe a causa do problema? Finley Everdeen, a própria. Tratante, falante, irresponsável e mandona. Primeiro porque me obrigou a trazer todas aquelas vasilhas cheias de comida para minha casa sem que eu ao menos quisesse! Me dei muito mal mentindo onde morava e eu tinha certeza — assim que vi seu rosto curioso e irritante me encarar —, que ela sabia que eu não morava ali. Andei por quase uma hora. Poderia ter andado tranquilamente, mas eu tinha milhares de coisas na mão e meu braço parecia cair a qualquer momento. E segundo, ah o segundo ponto... Finley havia me dito que me ligaria no dia seguinte, mas ela não ligou coisa nenhuma. O pior de tudo isso era saber que se fazia uma semana exata. Isso significava uma coisa: claramente ela tinha desistido de mim. Todavia, eu já esperava por isso. Não iria ficar abalado com o que ela disse ou deixou de dizer. Além do mais, eu tinha o que fazer, como por exemplo, pintar um quadro da Sra. Eureka, um quadro ao vivo dela. Aqui estava eu, sentado no banco, segurando minha paleta de tintas e um pincel enquanto pincelava os olhos dela no quadro. Ela usava uma de suas muitas roupas antigas, as quais ela raramente vestia. 1980? Provavelmente. Eureka apoiava o queixo com a mão direita, enquanto a outra abraçava seu busto. O quadro estava indo bem, até porque ela aguentou meus surtos, esses mesmos surtos que ela não ouviu há meses e hoje ela tinha voltado a ouvir. Não podia negar que ela era uma boa ouvinte nessas horas.

— Eu acho que está do seu agrado — falei depois de dar uma conferida nos olhos. Ela se levantou mas eu falei: — Não, fique aí. Ou vou perder o foco do quadro.

— Você já foi mais rápido, Zayn — ela me olha convencida. — A propósito, não mude de assunto em relação à Finley. Quero saber mais sobre vocês dois. Ela me parece bem peculiar, porém de um jeito bom. Por que não investe nela?

— Ah, ela não ia me querer — dou de ombros. Ela era noiva, Eureka, mas eu não te contaria isso tão cedo. — Sou muito diferente dela.

— Mas você disse que ela adora o mundo das artes, nada tão afim como você, Zayn — ela torce o pescoço para os lados e grunhe. — Você merece alguém que te faça feliz.

A encaro sobre a tela e nego com a cabeça. Sinto uma irritação no pescoço e bufo quando termino o olho direito. Estava igualzinho.

— Ela não me liga já tem uma semana. O que eu fiz de errado, Eureka? — por breves segundos, paro de pintar e encaro o nada. Tudo parecia complicado demais. Viver estava sendo complicado.

Não vi sua reação por trás da tela, mas tive certeza da sua cara de pena por causa dos meus problemas. Ao mesmo tempo que sentia vontade de conversar com ela, também sentia vontade de voltar para minha casa e ficar lá por dias sem ninguém enchendo meu saco. Às vezes me sentia deslocado, às vezes não. Hoje era um daqueles dias que eu não sabia se ia para frente ou para trás.

— Aposto que ela vai te ligar, querido. Tenha fé e acredite no seu trabalho que...

— ... você vai longe — completei a frase que eu tanto sabia. — Tudo bem, vou tentar ser mais positivo. Prometo.

Não prometo nada.

Tombei a cabeça para o lado e sorri falsamente. Nesse mesmo instante, a campainha de sua casa tocou e resmunguei. Quem encheria o saco de Eureka em pleno sábado além de mim?

Só podia ser a...

— Cheguei! — oh sim, claro, óbvio que Serena faria isso. — Trouxe almoço pra todo mundo! Muito macarrão e um vinhozinho que meu namorado me deu — ouvi um beijo estalado do outro lado da casa e revirei os olhos. Ela realmente estava namorando e tinha trazido o cara para cá.

Painter | Zayn Malik (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora