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-vamos, meu bem, é hora de acordar...
-Vamos isadora, você precisa levantar e comer alguma coisa...

Eu escutava levemente sua voz e suas mãos acariciarem meu cabelo, mas como um som de fundo, até finalmente me dar conta disso e abrir os olhos rapidamente e ficar sentada, minha cabeça doia e por alguns segundos tudo estava embaçado até voltar ao normal.

-Finalmente você acordou, eu estava começando a ficar preocupada. (Era Natalie ao meu lado, e nós estávamos no quarto de seu apartamento. Eu lembrava de que tinha desmaiado mas não fazia a mínima idéia do porque de estar ali)

-Natalie? o que eu tô fazendo aqui? (Olho pra ela assustada)

-Você passou mal na sua casa...

-Disso eu sei, mas como eu vim parar aqui!?

-Eu tinha deixado meu número com a sua mãe e disse a ela que qualquer coisa que acontecesse ela poderia me ligar, então isso aconteceu e ela me ligou...eu fiquei tão preocupada, eu te levei pro hospital e eles cuidaram de você ontem, te deram remédio e eu conversei com sua mãe..

-o que você falou com ela? (Interrompo)

-Eu disse que seria melhor você ficar aqui, comigo. (Ela sorri)

-Quê? Natalie, você falou isso pra minha MÃE? (eu encarava ela e tentava entender o que ela estava pensando)

-Eu disse a ela que cuidaria de você, e de fato eu farei isso, isadora, você precisa ficar longe de algumas pessoas que te fazem mal. (Ela falava como se tivesse razão)

-Natalie você só pode estar louca! Se você continuar assim todo mundo vai acabar descobrindo, você tem noção disso? Você vai ficar ferrada, e eu mais ainda.

-Eu só quero te proteger, é tão difícil calar a boca ou dizer um simpes "obrigada Natalie por estar cuidando de mim"!? (Ela começa a ficar brava, e eu já estava)

-Eu nunca exigi nada de você, quer saber? eu vou embora! (Levanto mesmo me sentindo fraca, eu não aguentaria aturar a Natalie e suas reclamações, não hoje, e talvez nunca mais)

-Isadora, você não pode sair, olha o seu estado! (Ela me segura evitando que eu caísse)

-Me solta! (me desfaço de seus braços e ando com dificuldade até a porta do quarto, á abrindo)

-Por favor, isadora, fique aqui. (Ela pedia enquanto andava atrás de mim)

-Me deixa em paz, por favor. (eu procurava meus sapatos pela sala)

-O que eu tenho que fazer pra você ficar? Me diz.

-Nada, Natalie, eu só quero ir embora. (eu estava agoniada, já estava pensando em ir embora descalça mesmo)

Ela fica em silêncio por um tempo, prendi meu cabelo pronta pra ir, mas por último a olhei, ela estava chorando, isso mesmo, Natalie estava chorando por mim.
Respirei fundo, afinal eu teria que ser forte e ir embora, certo?
Eu deixaria tudo isso pra trás e agora seguiria minha vida tentando fazer o certo, que seria conversar com a Mora e recuperar sua confiança, e ficar longe da Natalie..

Meus pensamentos estavam divididos em dois. Um lado me alertava e tentava de alguma forma me salvar; e o outra me puxava pro mais fundo que conseguia.

E o que eu fiz?

Eu mergulhei nisso mais uma vez.

Porque vendo a mulher que talvez eu amasse chorar por não querer que eu fosse embora me deixava aflita, então mais uma vez eu admito ser fraca e mostro ser.

Eu á abracei, e é assim que eu acabo mudando o meu destino.
E é por isso que eu acredito que nada está escrito, tudo o que acontece em nossas vidas é escrito por nós mesmos, são como folhas em branco, e você escolhe como preenche-las.

E sim, eu sou a isadora fraca que age por impulso com a "razão" do momento, mas eu nunca colocaria a culpa no destino.

Natalie me encarou com aqueles olhos esverdeados, agora meio vermelhos, e eu não consegui sentir raiva dela, apenas de mim mesma, eu estava me xingando eternamente por estar ali.

-Eu te amo. (Ela disse, me dando um beijo que pra mim pareceu vazio. Era como se eu não tivesse escutado isso, não fazia sentido ouvir dela)

-por isso quer que eu fique? (Pergunto, acho que eu precisava ouvir)

-Sim... eu me sinto sozinha aqui, você é a única pessoa que muda isso, e talvez por ser assim eu não saiba como agir com tudo isso que você me trás. (ela secava as lágrimas e segurava um sorriso, eu estava desesperada, porque eu achava que também sentia isso)
-você deve me odiar por tudo o que eu fiz, e eu não espero ouvir nada de você, eu entendo, eu também estou brava com minhas atitudes.

-se você soubesse que tudo que eu mais queria era conseguir te odiar, mas infelizmente eu só odeio á mim mesma. (sento no sofá que estava bem atrás de mim, com meus dedos entrelaçados em meus cabelos e um corpo cansado não só fisicamente)

-Olha, me desculpa por isso, por tudo na verdade... eu acabei ficando cega com meus problemas e esqueci de entender os seus. (Ela senta ao meu lado)

-Acho que é meio ao contrário, você engana a si mesma, eu sou a única que enxergo isso, e sei que você pode mudar de idéia a qualquer momento.

-Não, eu não vou mudar de idéia isadora, eu quero realmente ficar com você.

-Você sabe que isso é meio que impossível ne? (sorrio ironicamente)

-Só é impossível se você quiser que seja.

-Olha, eu quero sim ficar com você, mas acho que você esqueceu que você é uma professora, e que é desequilibrada também, desculpa por dizer isso.

-Você tem medo, é isso?

-Claro que eu tenho, eu nunca vou esquecer o que eu passei por causa de você.

-Não jogue a culpa em mim.

-Então eu sou a culpada? ah, ótimo, sempre eu.

-Você começou com isso, lembra?

-e você partiu a porra do meu coração!.

A safada da minha professora | ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora