Elisa havia explicado a todos o motivo da existência das criaturas do folclore e o que precisavam fazer para trazer a paz novamente. O que eles esqueceram de perguntar era como encontrar o local onde as histórias delas seriam mostradas. Ao entrarem no mundo dos sonhos se viram perdidos.
O primeiro grupo a atravessar foi o de quatro pessoas, formado por Tom, Bárbara, Miranda e Richard. Dos quatro os únicos que fizeram algo juntos mesmo foram Tom e Bárbara. A sala era unida, e por mais que se dessem tão bem, haviam seus grupos separados. Era como se cada integrante desses grupos fossem o alicerce um do outro para aguentar o dia a dia, já que uma escola integral toma todo o tempo que a pessoa tem, principalmente em seu último ano. Eles surgiram em uma pequena gruta. A sua frente havia um muro de pedra facilmente escalável, como se fossem enormes degraus de uma escada. Eles ouviram um barulho de água, e viram pequenas correntezas deslizando por esse paredão. Tom tomou a dianteira e ajudou os outros a subirem também. Quando saíram da gruta puderam contemplar uma belíssima floresta. Estava de noite, mas a lua brilhava como se fosse o sol. Eles puderam ouvir o cantarolar de alguns pássaros e corujas.
- Incrível – Disse Miranda. – Será que esse lugar foi o Brasil em uma outra época? É... lindo demais.
- Estamos tão acostumados a ligar o Brasil a bandidagem e corrupção, que esquecemos desse lado, o mais especial. A floresta, nossos animais, nossas lendas – Disse Bárbara enquanto terminava de ajudar Richard a subir.
- É tudo muito lindo, tudo muito incrível, mas o que vamos fazer aqui, afinal? – Tom perguntou – Elisa ficou na terra com todas as informações que precisávamos.
- Que maravilha, e eu fui incapaz de lembrar disso na hora da emoção – Richard se lamentou.
- Tudo bem, pessoal – Bárbara disse. – Vamos dar um jeito. Não sairemos daqui sem ter feito nossa parte, certo?
- Se bem que eu posso voltar... – Tom se virou para a gruta.
- Você nem pense em dar mais um passo – Bárbara exclamou. Quando Tom voltou a olhar para ela, perdeu toda sua coragem. Ela havia levantado a sobrancelha direita e usava o olhar intimidador que todos conheciam há anos.
- Estão ouvindo isso? – Miranda perguntou já iniciando a caminhada. Os outros três nem haviam percebido – Me sigam.
Bárbara, Tom e Richard não entenderam o que Miranda tinha escutado. Mas na medida que caminhava entre as enormes árvores o som foi ficando mais evidente. Eram tiros. Eles se agacharam e aceleraram os passos até um conjunto de arbustos. Eles estavam em uma elevação do terreno. Ao olharem para baixo viram uma guerra acontecendo. Eles não podiam acreditar que aquilo estava acontecendo. Como sairiam dali? Tudo o que puderam fazer foi observar.
À direita os combatentes eram claramente índios, enquanto os da esquerda aparentavam ser caçadores ou capatazes de fazenda. Os capatazes usavam rifles, bacamartes e pistolas; Enquanto os nativos usavam suas zarabatanas e lanças de madeira com algum líquido estranho nas pontas, provavelmente era um tipo de veneno. Haviam uma quantidade considerável de ambos os lados. Os quatro não conseguiam decifrar o motivo daquela batalha, talvez fosse para a conquista de prisioneiros para mão de obra, ou liberdade. Muitos corpos jaziam no chão, a batalha era barulhenta. Eles acreditaram que ela tinha apenas começado. A floresta, as plantas, tudo na área daquela luta estava destruído. Eles só não tinham força para derrubar as árvores, mas elas estavam se fragmentando muito.
- A floresta está sofrendo com todo esse ódio e rancor – Miranda começou a falar de repente, mas aquilo não fazia sentido, não era comum ela dizer aquelas coisas. – Eles estão vindo – Sua respiração ficou ofegante, ela apresentava medo. – Eles estão chegando!
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A Misteriosa Mansão Germani
FantascienzaAndré Germani é um rapaz carismático e tranquilo, bem diferente de todos os seus parentes. Os Germanis possuem grande influência na área comercial de Pernambuco. Certo dia André recebe a notícia de que seu avô, com quem passava a infância, faleceu...