SEIS

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Arthur Silva

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Arthur Silva

Como capitão da minha equipe de futebol, eu lidava diariamente com as mais variadas emoções dentro de campo. Uma partida de futebol não é, como muitos pensam, apenas onze pessoas correndo atrás da bola, disputando lance a lance o gol. A grande magia nesse esporte consiste em o adversário, ainda que seja inferior a você, poder se sobressair. Isso não acontece, por exemplo, na natação, pois o recordista em duzentos metros rasos, dificilmente será batido pelo centésimo no ranking. Já no futebol, não é incomum. Estatisticamente, o clube com maior número de gols marcados, menor número de gols sofridos, maior número de vitórias e elenco de renome renderá positivamente frente aos outros clubes com dados inferiores. Todavia, isso não impossibilita que grandes equipes sejam derrotadas por times "menores".

Oswald de Souza, matemático famoso por embasar estatísticas futebolísticas, que me perdoe, mas estatística e futebol seguem caminhos por vezes paralelos. Como capitão precisei discursar diversas vezes antes de entrar em campo deixando claro que entraríamos em campo e venceríamos o jogo, pouco importando se precisávamos reverter o placar de dois gols negativos para avançar no campeonato. Eu deixava toda essa parte da matemática com a comissão técnica, a minha parte era motivar cada um daqueles homens e convencê-los que até que o apito final soasse estaríamos lutando pela vitória. Para isso, era preciso lidar com o turbilhão de emoções que o futebol pode proporcionar. É preciso ativar a inteligência emocional se você pretende vencer. Ninguém quer sair derrotado, por isso era preciso lidar com a ânsia de vencer e o fantasma da derrota que caminham lado a lado.

Em um minuto o seu time pode abrir dois gols no placar e no seguinte sofrer uma reviravolta. É nesse exato momento que entra o capitão, simbolicamente, ele é o responsável por comandar a sua trupe em busca da vitória. Essa liderança nem sempre é percebida, se visualmente você identifica o capitão pela faixa em torno do braço, na prática ele exerce o poder muitas vezes a partir do seu posicionamento, um bom capitão é aquele lê a partida como um todo, atento ao adversário, mas principalmente aos seus amigos.

Assim como em campo, eu sou o capitão da minha vida. Se quero algo, corro atrás e luto por isso, mesmo que demore mais tempo que o previsto. Gosto de desafios e foi esse o motivo pelo qual me aproximei de Olívia. A garota era a primeira em anos que me desafiava. Isso me deixou atraído. Além da beleza, que me fazia deseja-la. Nosso primeiro jantar não rendeu nada além de boas risadas e provocações mútuas, e isso deveria ter sido o suficiente para eu apagar a sua lembrança da minha memória e partir para outra. Mas aquele jogo difícil estava me atraindo cada vez mais.

Não posso negar que eu saí com outras mulheres, mas a minha mente me traía a cada tentativa de conhecê-las. Nenhuma delas era franca o suficiente para dizer na minha cara que eu era um boçal por frequentar uma boate cercado de seguranças, tentando evitar interrompessem a minha noite. Elas também não me olhavam como se eu fosse o lobo mal, pronto para atacar. Pelo contrário, eram elas que tentavam me atacar.

Segundo Tempo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora