ONZE

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Olívia Santos

Há poucos mais de meia hora eu queria matá-lo por ter invadido meu local de trabalho. Onde já se viu? Não custaria nada para a diretora me dispensar, sou apenas uma auxiliar, com tanta gente em busca de estágio ela conseguiria alguém, em pouquíssimo tempo, para me substituir. Alguns minutos depois, eu quis esbofeteá-lo por estar parado em frente a um motel, mas nesse momento tudo isso foi substituído por curiosidade.

Desde sempre ouvi falar sobre lugares como esse. Minhas vizinhas, colegas de faculdade e até estranhas dentro dos transportes públicos conversavam sobre as suas aventuras sexuais e o motel faz parte desse universo. Afinal, para muitos acabava sendo o lugar mais frequentado para transar com o namorado, dar uma fugida com o amante ou sair da rotina com o marido. Por isso, ouvi diversas histórias, entre cômicas e fabulosas, sobre ele e sempre imaginei como seria um motel por dentro.

Arthur me guiou por um pequeno lance de escada até chegarmos ao próximo andar, e assim que meus pés pisaram no piso de cerâmica, percebi que nada do que imaginei fazia jus ao que eu via em minha frente. O lugar se assemelhava a uma suíte de hotel chique, com uma parede de vidro com película escura, mas que permitia visão total do mar. Estou encantada com a beleza do ambiente.

Se o nome no letreiro colorido não indicasse que se tratava de um motel, eu apostaria que eu estava numa suíte de luxo. A cama redonda poderia ser justificada como tendência para os afortunados e o espelho no teto, bem, esse não dá para justificar: é marca registrada de motel. Mas há ali também um espaço que parece uma pequena sala de estar com uma mesa redonda com duas cadeiras e uma poltrona preta, um tanto reclinada e sem braços. Há uma televisão enorme e no banheiro, uma banheira para dois. As paredes e o chão são brancos e limpos, assim como os lençóis da cama.

É surreal. Primeiro, porque jamais imaginei que a primeira vez em que fosse em um motel seria nessas circunstâncias, achei que talvez seria em uma comemoração com meu futuro esposo.

— Aprovado? — Ele pergunta depois que passo vários minutos observando tudo calada.

— É incrível — confesso — é como se estivéssemos em uma suíte de hotel, embora eu também nunca tenha estado uma... — Dou de ombros.

— Nem todos os quartos de motel são assim — Arthur explica — há alguns temáticos, outros mais simples que esse e até para acomodar bastante gente de uma vez, mas isso a gente deixa para outro momento.

Ele me lança o olhar de predador e sinto uma sensação de quentura, como em todas as vezes que ele me olhou daquela forma. O correto seria fugir para o mais distante dele, mas Arthur tem o poder de me hipnotizar e me fazer questionar o correto a se fazer.

— Você ouviu o que eu falei? — Ele pergunta sorrindo.

— Não — ele sorri.

— Água, café, refrigerante, cerveja, vinho? O que quer beber?

Segundo Tempo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora