Capítulo 2

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Maria despertou sentindo uma claridade imensa em seus olhos.

Caída de bruços, elevou a cabeça para ver a origem daquela luz, ficando imediatamente admirada. A luz intensa não era possível descrever! Havia uma forma oculta, mas os contornos oscilavam aceleradamente, tornando impossível distinguir o que poderia ser.

Com dificuldade de desprender os olhos do que estava a sua frente, Maria olhou ao redor e viu que a noite já reinava, contudo, a claridade que emanava daquele ser, clareava a sua volta fazendo o escuro parecer uma realidade completamente absurda.

Sentindo-se consolada, ela se levantou levemente desorientada. Ainda sentia as dores e a fraqueza de antes, mas mesmo assim conseguiu erguer-se. Os sentimentos de pavor que lhe enchiam antes o peito se evaporaram, não se sentia mais sozinha, não tinha mais medo, o pânico de antes sumira e reinava dentro dela a certeza de que o pior já havia passado.

De pé, foi se aproximando lentamente da luz, e quando a estava quase tocando, a criatura se afastou e vagarosamente foi flutuando entre as árvores.

Maria foi seguindo-a sem dificuldades, era como se o ser quisesse ser seguido. Andaram por algumas horas, demoradamente, como se tivessem todo tempo do mundo, sem interrupções. Curiosa para saber o que estava acontecendo, ela tentou indagar diversas vezes, a criatura, porém, nem deu sinal de tê-la ouvido, seguindo sempre entre os troncos sem perturbações.

Andaram pela floresta densa até que as árvores começaram a se dissipar, e o que antes era tão selvagem começou a ficar ordenado. Maria passou por um arco cheio de flores e se viu em um jardim, um jardim muito belo e bem cultivado. Muitas flores, árvores frutíferas, lagos, riachos, caminhos ladeados por pedras e espaços cobertos com bancos e mesas formando recantos acolhedores. Em alguns pontos viam-se luminárias que pendiam das árvores iluminando as passagens. Ela desejou parar e observar cada detalhe. Era tão encantador e diferente de tudo que já vira. Havia uma aura mágica naquele lugar.

O ser que a guiava a levava para mais dentro do jardim, e foi então que Maria vislumbrou uma construção imensa. Um incrível castelo se levantava majestosamente sobre seus olhos.

Diversas torres se erguiam imponentes, rivalizando em sua altura com os picos dos morros ao redor.

Ele brilhava como cristal sob a luz prateada da Lua que começava a se mostrar entre as nuvens carregadas.

A jovem levou um longo tempo processando todo aquele espetáculo que se desenrolava ante seus olhos.

Onde ela estava? O que era aquilo? Não conseguia acreditar no que via!

As paredes brancas se entrelaçavam com os grandes vãos de vidros, vidros muito límpidos que transpareciam a luz de dentro para fora como se eles mesmos a transmitissem. Aquilo era surreal!

Um imenso portal se levantada no topo de uma escada anunciando a entrada principal e a natureza se confundia com a grandiosa construção. Uma permeava através da outra, formando uma única composição.

Quanto mais se aproximavam, mais Maria ficava maravilhada com o que via. Era tudo muito diferente do que estava habituada.

Quando já se via bem próxima, ela pôde ouvir movimento vindo de dentro do lugar. Ouviu vozes, uma flauta tocando uma melodia desconhecida e risos, entre vários outros sons que indicavam que o local estava cheio.

Através das janelas mais próximas, era possível ver as luzes de muitas velas tremeluzindo.

A criatura que a guiava começou a contornar o castelo, permitindo a Maria observá-lo melhor. Suas paredes eram límpidas e adornadas principalmente com arabescos de flores; encontrara-se ali a perfeita harmonia na ornamentação. Não havia exageros, e cada canto era completamente único e surpreendente. As plantas trepadeiras subiam livres pelas paredes e colunas, sem nenhuma interrupção no seu curso natural.

Além do Bosque (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora