Capítulo 7

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O sono de Maria foi conturbado e cheio de flashes do dia anterior, alguns tão nítidos que a jovem revivia todas as sensações novamente, mesmo que isso não fosse nenhum pouco bom. Ela queria esquecer tudo e seguir sua vida como se nada daquilo houvesse de fato acontecido.

Quando ela despertou completamente, a primeira coisa que viu foi Wyn, sentada numa poltrona grande demais para ela com as pernas balançando livremente.

— Pensei que nunca iria acordar — disse a elfa pulando da poltrona e indo até à cama.

— Eu não queria acordar.

Maria, ainda deitada, cobriu o rosto com as mãos. Estava em um estado de espírito tão deprimente que não conseguia se envergonhar de sentir autocompaixão.

— Oh! Por favor, pare de drama! — Wyn se empoleirou na cama sentando-se aos pés da humana. — Eu também não estou feliz com a situação, mas ficar choramingando pelos cantos não resolverá o problema.

— Do que você está falando, Wyn?

A jovem sentou-se na cama e ficou aguardando a resposta, não havia entendido a fala da pequena e estava com a mente cansada demais para saber se realmente queria entender.

— Como assim do que estou falando? Não é óbvio?

— Não, não é.

Maria estava quase desistindo de ouvir a explicação e ia se levantar da cama quando Wyn falou:

— Do noivado do Aryon com a bonequinha de gelo, é claro!

A humana encarou a elfa com desconfiança. Ela havia ligado o mau-humor de Maria com o repentino noivado do Aryon. Ela estava confundindo as coisas, é claro, pois, não era por isso.

Então, era por quê?

— Wyn, não é o que você está pensando. — Maria estava tentando convencer a ambas.

— É claro que é o que estou pensando, e não tente me enganar. — Ela pulou da cama virando-se para Maria e concluiu. — E não tente se enganar.

O "se" dela havia sido bem enfático e atingiu Maria em sua consciência. Ela precisava ir embora ou aquele lugar e aqueles elfos a deixariam maluca.

Maria saiu da cama sem responder nada a Wyn, a menina não aceitaria uma negação e a jovem de forma alguma admitiria. Até porque, ela se lembrou, não havia nada a admitir.

A elfa pegou um vestido que havia sido pendurado no encosto da cadeira posta à frente da penteadeira e Maria logo o reconheceu, era o seu vestido, entretanto, limpo e branco como ela nunca o vira.

Wyn o levantou para que a jovem o pudesse ver melhor e quando o abaixou a menina estava com um semblante triste.

— Tenho uma péssima notícia. — Ela foi se arrastando até a humana e rodeou-a com os braços. — Vão mandá-la para casa hoje.

A voz de Wyn havia saído um pouco abafada pela camisola, mas Maria a ouviu perfeitamente. Uma onda de tristeza passou por ela fazendo seus olhos marejarem. Abaixou-se para olhar a pequena elfa nos olhos antes de dizer:

— Vou sentir muito sua falta.

— Vou sentir mais a sua, pode ter certeza disso.

Maria a abraçou e se controlou para que as lágrimas não descessem. Conhecia Wyn a apenas quatro dias, mas parecia ser quatro anos, e nesse tão pouco tempo, havia se afeiçoado demais a ela.

A menina se afastou secando uma lágrima e falou olhando suplicante:

— Você sabe que ainda pode mudar de ideia, não é? Posso dar um jeito de você ficar. — Maria começou a negar, mas foi logo interrompida. — Podemos fazer o Aryon terminar com a Elen juntas, então você poderia ficar com ele.

Além do Bosque (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora