Capítulo 5

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Wyn levou a jovem para um quarto aconchegante, era pequeno comparado ao do Aryon, mas Maria sentiu-se plenamente satisfeita. Seus tons claros faziam a jovem se sentir leve e a cama posta bem ao centro do cômodo, encostada em uma parede que subia solitária, lhe parecera muito confortável. Talvez sua percepção do quarto tenha sido influenciada pela enorme vontade de se jogar naquela cama e dormir até não poder mais.

Maria notou uma passagem pela esquerda e curiosa foi observar se dava para o jardim como a que entrou pela primeira vez no castelo. Foi então que percebeu estar alguns andares acima do térreo e que de seu quarto ela tinha uma vista maravilhosa de montanhas e da floresta na qual havia se perdido.

Ficou absorta contemplando a paisagem até Wyn aparecer agarrando-a pela mão e pedindo que a seguisse. Maria foi guiada até uma espécie de banheiro do quarto que era confortavelmente amplo e bem limpo, o que a jovem notou satisfeita. A pequena lhe mostrou loções, perfumes e sabão que Maria poderia utilizar, ensinou-lhe como usar o que lhe parecerá uma pequena piscina no chão e depois saiu para buscar comida, deixando-a sozinha com seus pensamentos.

As coisas aconteceram rápido demais. A princípio era apenas uma prisioneira que não havia tido nem direito de se explicar, agora banhava-se com uma água deliciosamente refrescante, com uma cama confortável a poucos metros esperando por ela e comida a caminho. Porém, mesmo a situação tendo melhorado, ela se sentia receosa, pois, não era possível saber o que esperar do dia seguinte. Tinha muitas coisas no que pensar e resolver, diversas dúvidas a esclarecer e medos a enfrentar, mas por hora decidiu que precisava descansar, então depois, quando estivesse bem novamente, pensaria nos diversos problemas irracionais que tinha a sua frente.

Quando Wyn bateu na porta do banheiro, Maria já havia terminado de se lavar e posto a camisola que lhe haviam arranjando. Saiu do banheiro seguindo a menina, e sua barriga roncou ao ver a muita comida posta em cima de uma pequena mesa que ficava aos fundos do quarto. Havia muita variedade e com certeza a pequena elfa teve que dar mais de uma viagem para trazer tudo.

Maria sentou-se e comeu até não aguentar mais, a comida estava deliciosa e ela sentia temperos que nunca experimentara na vida. Depois de muito comer, enquanto Wyn recolhia o que ela não havia consumido, a jovem deitou-se na cama e imediatamente adormeceu.

A princípio, Maria dormiu profundamente e nada lhe perturbou, porém, após a muito adormecida, os sonhos começaram a agitar seu sono.

Sonhou com o seu aniversário de 10 anos, quando seu pai lhe presenteou com o colar de sua mãe, com o qual ficara maravilhada; em seguida estava perdida na floresta e sabia que havia sido largada para morrer.

Alguém a perseguia e vigiava, controlando todos os seus passos. De repente soube que precisava fugir, e então correu, correu sem olhar para os lados, correu sem um destino certo. Sabia apenas que precisava fugir.

Enquanto corria, sentia os olhos lacrimejarem pelo vento gelado que ia de encontro a sua face, o peito doer pelo esforço que fazia para manter a velocidade enquanto as pernas ardiam em protesto exigindo que ela parasse. Enquanto corria, avistou uma porta que se erguia solitária no meio das árvores, era a porta de sua casa e a precisava atravessar.

Correu o mais rápido que pode tentando alcançá-la, estava cada vez mais próxima, faltava pouco para tocá-la. De repente ouviu passos atrás de si que pareciam muito próximos, próximos demais, e no exato momento em que estava prestes a tocar a maçaneta, algo colidiu com seu corpo, derrubando-a e imobilizando-a no chão. No desespero de saber quem a segurava, contorceu-se para olhá-lo, acordando subitamente ao encarar os olhos verdes cheios de ira que a fitavam.

Maria sentou-se na cama assustada olhando em volta, constatando que estava sozinha. O desespero que sentira no sonho ainda fazia seu coração bater acelerado.

Além do Bosque (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora