ACONTECEU!

O PODER DO PERDÃO

MEL ON
Eu acordei e fui tomar café. Era uma segunda - feira e eu precisava ir na casa do meu pai falar com ele sobre a cirurgia, afinal ele precisa saber para pagar. E com certeza vai ser horrível passar pela minha mãe.
Peguei um ônibus e fui. Quando cheguei e fui direto entrando, sem nem bater na porta. Perguntei a empregada aonde estava o meu pai. Ela me respondeu que ele estava na empresa. Logo em seguida minha mãe chegou perguntando o que eu estava fazendo ali.
Mel: Eu vim falar com meu pai! Mas como ele não está, eu já estou saindo.
Sophie: Melissa espera filha! Fala comigo direito!
Mel: O que? Você me chamou de filha? Ué sra. Sophie Cavalcante, não foi você que falou na minha cara que eu era uma puta e que eu deveria abortar o seu próprio neto?
Sophie: Melissa, isso não foi um pedido de desculpas! Para de exagero. Me falaram que você estava no hospital. Era só isso que eu queria comentar.
Mel: Ah para mãe! Para com todo esse orgulho, ego... Você sabia o tempo todo que eu estava lá, se você não tivesse tanto rancor e orgulho você teria ido me ver! Não vem querer fazer a mãe preocupada agora! Ta escrito na sua cara que você está morrendo de vontade me dar pelo menos um abraço.
Sophie: Melissa, eu não estou com vontade de fazer nada!
Mel: Ta bom. Eu vou embora então. Mas eu duvido que você vai deixar eu passar dessa porta sem ter um arrependimento de tudo que você me falou. Cada palavra, UMA POR UMA! Tchau, Sophie.
Virei as costas e ao me aproximar da porta ela veio correndo atrás de mim gritando meu nome e chorando. Se ajoelhou na minha frente e me pediu perdão. Como eu disse, por todas as palavras, uma por uma.
Mel: Pode se levantar e parar de cena! Se você está esperando que eu te dê um abraço e chore junto com você, você está enganada.
Sophie: Melissa minha filha, me perdoe por favor!
Mel: Tudo bem. Eu te perdoo sim, mas voltar a ser a mesma, não! Durante muito tempo, eu fui o seu fantoche. Aliás, a minha vida inteira, desde pequena, sempre foi assim. Até que eu fiz 18 anos e acordei para vida! E hoje, eu não estou te perdoando simplesmente pelas palavras ditas para mim aquele dia, mas sim por todos os dias da minha vida que você me fez sentir a pior pessoa do mundo!
Sophie: Não fala isso filha! Eu nunca fiz isso.
Mel: Ah você fez sim! Eu lembro como se fosse hoje... Eu ruivinha, cheia de sardas, gordinha, e você me fazendo me sentir a pior pessoa do mundo, me dizendo como coisas horríveis! Me dizia para emagrecer, que eu precisava ser igual a Raquel, magra, bonita, alta e rostinho de modelo. Ah, você sabe o que eu lembro também?! Das meninas do colégio me zuando, e eu chegava em casa chorando, e você me dizia que a culpa era minha por eu ser gorda e não fazer o que você mandava que no caso, era ser igual a Raquel!
Admite mãe! Admite que a Raquel sua filhinha bonitinha nunca te deu atenção como uma filha legal, e que por isso, você queria fazer de mim, ela, você não conseguia e descontava a sua raiva em mim.
Sophie: Filha, para... Por favor! - Disse Sophie aos prantos.
Mel: Eu tinha só 13 anos! Mas você só esqueceu de um detalhe... Que o mundo gira! E hoje, eu não sou mais aquela garotinha de antes. Eu te perdoo sim mãe. Não só por você ter me humilhado a alguns dias atrás, mas sim pela minha vida inteira. Eu vou embora, mas com o coração bem aliviado.
Sophie: Filha não vai agora!
Mel: Ah... E a única coisa que eu desejo pra você, é que você consiga deitar a sua cabeça no travesseiro e dormir traquilamente, sem nenhum arrependimento de nada. Tchau Sophie!