Algumas horas depois, Leila diz para Luiz e Wagner irem ao endereço que havia no Jornal em busca de Alex.
— Isso está estranho — Luiz diz, olhando impacientemente para a sinaleira, que quando lança a luz verde faz com que o carro cante levemente os pneus.
— Isso o que? — diz Wagner, com uma caixa de donuts no colo e um cappuccino do Starbucks na mão.
— Esse Alex, o anúncio... A forma descuidada dele se expor, não acho que um suspeito deixaria uma pista assim, de bandeja.
— Existem pessoas burras nesse mundo meu caro... — Wagner sorri para ele e pega mais um donuts — E vai saber se é o Alex que queremos, é o risco do nosso amado trabalho.
Luiz dobra rapidamente na rua indicada no jornal e os dois entraram em um bairro com casas do estilo cohab.
— Qual era mesmo o número? 6113 ou 6123?
— Nossa, bem perto os números — diz Luiz desacelerando o carro e pegando o jornal — Hum... É 6123.
Luiz para o carro e observa o local, o sol já tinha se escondido e a sombra das arvores naquela rua faziam com que parecessem dedos enormes e tortos, elas davam um toque macabro junto com alguns pássaros agitados que passavam assoviando.
— Larga esse donuts cara! E limpa a boca, por favor! — diz Luiz com um tom de voz mais alto que o normal.
— Nossa, okay...—diz Wagner limpando a boca com o peito da mão.
Os dois param em frente a casa que é igual a todas, exceto a cor, um verde desbotado e uma placa de vende-se pendurado só de um lado perto da porta da sacada na frente.
—Meu Deus, que ma-ca-bro esse lugar. — diz Wagner dando ênfase na palavra macabra.
—Está com medinho, Wagner? Hahaha.
— Com certeza... — diz Wagner com um olhar irônico. — Então, a gente entra com tudo ou bate palmacmo quem quer vender rifa?
— Deus! O quê ?
— Ah, vai saber! Vai que tenha outra mulher em perigo aí?!
Luiz ignora e anda um pouco até o portão, se apoia e em fração de segundos pula o portão com facilidade. Luiz não tem um tamanho padrão, porém sempre foi o mais alto de seus colegas, sofria bullying por ser alto e magrelo. Hoje não da pra dizer que ele é magrelo, há alguns músculos em seu corpo esguio, e seus olhos que são castanhos claros, hoje estão mais escuros.
— Hey, Pernalonga, espere! — diz Wagner que ao contrário, é 10 centímetros a menos que Luiz.
— Vamos! Não faça barulho.
Ao chegarem à porta da sacada da casa que era quase no fim do terreno estreito viram que estava trancada.
—Vamos... — diz Luiz sem olhar para Wagner que tentava acompanhar seus passos longos. — pelos fundos!
Pela porta dos fundos conseguiram entrar, havia uma toda de vidro que abria pra direita e em seguida uma porta com vigia que abria pra esquerda, o piso era de madeira e ao entrarem o ranger do piso fez a nuca de Wagner arrepiar.
— Deus! Onde acende a luz dessa...
Wagner é interrompido por um barulho estridente que parecia um monte de panela caindo no chão. Luiz se esquiva para direita de onde vinha o som e rapidamente coloca a mão esquerda no coldre e calmamente se direciona a porta que surge após Wagner achar o disjuntor. Luiz abre a porta cautelosamente e da escuridão do cômodo surge um gato enorme e gordo de cor cinza escuro e olhos verdes.

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O bilhete
General FictionA vida de Monique mudou quando se casou com Alex Matos, no início era um mar de rosas, até ela começar a sofrer violências domésticas e receber ameaças, então começou a escrever tudo o que passava com seu marido em um diário que, alguns meses depois...