Capítulo V

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Luiz sai de seu apartamento alguns minutos mais tarde que o normal, como de costume passa na frente da casa de Wagner, que não atende suas ligações há algumas horas, pela primeira vez entra sozinho na delegacia e caminha em direção ao escritório de Leila, que está conversando com uma menina morena de cabelos curtos e de jaqueta azul marinho, aproximadamente 18 ou 19 anos.

— Mas eu já disse tudo delegada, — diz a menina morena ajeitando sua franja — não vai me prender, não é?

— Claro que não menina, só acho que você pode ser mais específica — diz Leila que rapidamente vira os olhos para Luiz que entrou no escritório — oi Luiz! Boas... Ou más notícias.

— Olá, é... Como assim? — diz Luiz

— Essa é Cristina, nossa testemunha, ela disse que viu o que aconteceu no pavilhão naquela madrugada, porém não quer contar tudo. — diz Leila se acomodando em sua poltrona.

— Mas eu já falei tudo o que sabia, se contar mais estarei inventando! — diz Cristina puxando as mangas da jaqueta para cobrir suas mãos tremulas e disfarçar seu nervosismo.

— Por favor, acalme-se... Agora nos conte novamente, e com detalhes. O que você viu naquela noite? — diz Luiz com a voz calma e tranquila.

— Ok... — Cristina suspira — Como eu havia dito para ela — diz Cristina apontando com a cabeça para Leila — eu estava voltando sozinha de uma balada, eu detesto aquela rua por que tenho que passar na frente daquele pavilhão, sempre tem muitos cachorros por ali e alguns mendigos. Só que naquela noite foi esquisito...

— Esquisito como? Especifique-se — Leila interrompe.

— Ela está explicando, fique calma Leila. — diz Luiz.

— Então, não havia cachorros nem mendigos, estava um silêncio desconfortante, mas não parei, pois minha casa ficava só mais dois quarteirões, mas aí eu ouvi alguns gritos e um estrondo seguido de uma luz que surgiu pelas frestas do portão do pavilhão, me assustei e corri para o outro lado da rua quando de repente, saem duas pessoas lá de dentro e entram em um Audi Cinza, e eu me escondo atrás da lixeira que tinha do outro lado da rua, uma das pessoas arrastava outra pessoa que parecia uma moça bem magrinha, com um saco preto na cabeça, e uma dessas pessoas gritava com a outra alguns insultos, no fim eu só os vi entrando no carro e saindo muito rápido, chegou a cantar pneu. — diz Cristina se abraçando e com os olhos arregalados olhando para Luiz e em seguida para Leila.

— É... — diz Luiz sem palavras se apoiando na quina da mesa de Leila.

— Isso é tudo Cristina? Não se lembra de mais nada? — diz Leila.

— Sim, isso é tudo o que vi. — diz Cristina sem manter contato visual com Leila o que faz parecer que está mentindo.

— Muito obrigado pela colaboração Cristina, você pode ir. — diz Leila.

Cristina se levanta devagar, ajeita sua calça jeans e olha mais uma vez para os dois com a expressão de “muito obrigado” e sai. Luiz olha para Leila que esta com o olhar incrédulo.

— Acho que tem mais coisa — diz Leila cruzando as pernas e apoiando o cotovelo na mesa e a mão no rosto.

— Não acho que ela esteja escondendo algo, viu como ela tinha o olhar desesperado, como de alguém que, presenciou um crime?

— Não sei... Mas, mudando de assunto, sabe do Wagner? Ele não atende minhas ligações e não chegou ainda.

— Ia perguntar isso, ele não atende as minhas também, onde será que se meteu?

Os dois se olham por uma fração de segundos e são surpreendidos por um guarda que entra bruscamente no escritório.

O bilheteOnde histórias criam vida. Descubra agora