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AS PESSOAS QUE não eram Park Jimin, gostariam imensamente de ser. Os motivos eram óbvios: ele era presidente de classe, dono de uma beleza que encantava não só as meninas do colégio, como os meninos, professores, funcionários e até mesmo o gatinho do zelador que, de vez em quando, ficava sentadinho ao lado do Park no jardim observando-o com os olhos encantados. Além disso, ele estava entre os dez melhores alunos do seu ano, era gentil e carismático e um dos melhores dançarinos do grupo de Artes do colégio. Por último, mas não menos importante, Park Jimin namorava a adorável, engraçada e inteligente Iki Hiyori.
Fazia dois anos que estavam juntos. Hiyori era transferida de uma escola do Japão e, quando chegou, falava um coreano enrolado e preferia ficar no canto da sala desenhando em um caderno de capa colorida, feito pela própria garota com recortes de jornais e revista. Foi por meio dele que Jimin e Hiyori viraram amigos. Por um acaso, os olhos espertos do Park captaram em uma aula entediante de Cálculo o desenho elaborado de um recife de corais feito pela japonesa e, em meio a todas as cores e detalhes, uma coisa chamou sua atenção:
─ Por que você desenhou a arraia tão alto? Arraias costumam nadar no fundo do mar, como tubarões, porque não possuem bexigas natátorias como os outros peixes.
Jimin não pretendia soar arrogante, era apenas um fato que ele gostava de compartilhar assim como quaisquer outros envolvendo os animais marinhos. Ele era apaixonado pela diversidade de criaturas, que iam de simples anêmonas a complexos peixes escondidos nas águas mais profundas, mergulhadas em um mundo inteiro longe dos olhos humanos.
Hiyori ergueu o olhar para ele, curiosa. Os olhos dela eram bonitos: maiores que o padrão coreano, delineados por cílios espessos e com uma brilhante cor âmbar. Lembravam a Jimin um recife de corais, assim como o que ela desenhara, por aparentarem sempre mostrar mais do que suas palavras diziam. O Park se viu capturado por aquele olhar assim como corais capturavam suas presas antes que estas sequer pudessem reagir.
─ Gosto de dar a elas a sensação de que pudem ir mais alto do que é permitido por suas limitações ─ Hiyori respondera simplesmente com um sorriso sem dentes.
E, simples assim, ele estava mergulhado na dimensão quase tão misteriosa quanto o oceano que era Hiyori.
Viraram melhores amigos. Juntos, desvenderam muito de si mesmos. Hiyori descobrira um talento para as Artes Cênicas observando Jimin dançar e o Park descobrira uma paixão por palavras ouvindo-a falar de maneira tão apaixonada e profunda sobre as coisas que gostava. Ele mergulhou no mundo das sensações e ela no dos movimentos, e eles se completaram como encaixes de um quebra cabeça. Um romance foi inevitável, veio simples e espontâneo como os carinhos de amigo que trocaram por muito tempo até estes tomarem uma maior intensidade. Em um piscar de olhos, havia se passado quase dois anos e eles já tinham planos demais para o futuro: fazer faculdade juntos ─ Jimin cursaria Biologia Marinha e Hiyori, Artes Plásticas ─, dividiriam um apartamento, até que tivessem juntado dinheiro o suficiente para comprar uma casa, e, quem sabe, depois de estabilizados, casariam e teriam o tão sonhado casal de filhos que Jimin queria por amar demais crianças.
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Strangelove
FanfictionPark Jimin tinha uma vida invejável: notas boas, uma aparência que arranca suspiros, os melhores amigos que se poderia pedir e, não menos importante, o namoro perfeito. Só tem um problema: faz dois anos que mantém um relacionamento admirável e saudá...