as pessoas podem ser tão astutas.
elas sabem que vão se machucar se uma pessoa desaparecer, mas ninguém quer ser o vilão.
então há uma ambígua continuação de passar as responsabilidades adiante.─ trivia: seesaw, bts.
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PARK JIMIN NÃO era uma pessoa supersticiosa, mas acreditava que, quando algo dava muito errado, todo o resto tendia a sair completamente dos trilhos. Alguns chamavam esse fenômeno de Lei de Murphy. Jimin gostava de apelidar de "sua vida".
Três dias após a desastrosa noite com Hiyori, o fenômeno sua vida resolveu mostrar-se mais uma vez verídico. O primeiro vagão a sair dos trilhos fora Kim Taehyung. Fazia dois dias que seu melhor amigo não aparecia na escola e Jimin estivera tão ocupado com todos seus sentimentos sufocantes, problemas incansáveis e alguns empecilhos diários que só conseguira sentar para averiguar o caso naquele instante. Ligou para Taehyung e descobriu que ele estava doente, muito doente. Jimin sabia disso porque, quando o amigo adoecia, continuava com o espírito alegre e otimista intacto, mas, naquele momento, sua voz soava exausta e monotóna e, se o Park forçasse apenas um pouco a imaginação, conseguiria visualizar claramente a imagem de Taehyung encolhido no sofá, abraçado a um enorme travesseiro de corpo que Jungkook dera de presente no seu último aniversário, cheio de cobertas por sobre seu corpo e com algum noticiário passando na televisão, mesmo que ele odiasse noticiários ─ e Jimin estava certo.
Sentiu-se absurdamente mal porque, quando Taehyung estava fora de seus padrões normais, era como uma doença contagiosa da qual o loiro não conseguia fugir. Ele imediatamente se sentia para baixo e indisposto, como se algum elo ligasse seus nervos aos do Kim e os fizessem passar pelas mesmas sensações. Jimin não duvidava nenhum pouco disso.
Ao perguntar sobre Jungkook ─ outro que faltara aquele dia e o qual fugira do Park no anterior como diabo foge da cruz ─, Jimin deparou-se com outro vagão do trem da sua vida descarrilhando sem impedimento. Motivo: Jungkook havia sido despachado para um retiro de igreja pelos pais. A história da família do Jeon era contraditória e um tanto irônica, mas só porque Taehyung e Jungkook a transformaram em piada apenas para que fosse mais fácil de ser lidada.
Os pais do mais novo eram o pior tipo de intolerantes e preconceituosos. Não por serem agressivos, ou obsessivos, ou sequer proclamar pelos sete cantos do mundo que Jungkook iria para o inferno por gostar de garotos ─ até porque nem a igreja eles frequentavam direito, somente quando achavam necessário e um pesinho na consciência os lembrava que precisavam ir vez ou outra se quisessem alcançar a famigerada salvação. Não, era pior. Eram o tipo de pessoa que, em uma roda de conversa, soltava o controverso "Eu não tenho nada contra gays, até tenho amigos que são", os que olhariam feio para o primo homossexual e diriam no almoço de família "Não sou contra, mas...", os que veriam um casal de garotas no ônibus e comentariam com a pessoa do lado "Elas deveriam ser mais discretas", os que estavam bem com o fato contanto que não fosse com seu filho. Mas adivinha? Era com seu filho.
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Strangelove
FanfictionPark Jimin tinha uma vida invejável: notas boas, uma aparência que arranca suspiros, os melhores amigos que se poderia pedir e, não menos importante, o namoro perfeito. Só tem um problema: faz dois anos que mantém um relacionamento admirável e saudá...