PRÓLOGO

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15/02/1990

Sinto-me pressionada e minha casa, que era tão segura e aconchegante, parece querer me expulsar. Estou assustada, não sei o que está acontecendo.

Uma luz brilhante atinge meus olhos e já não sei onde estou. Não escuto mais o som rítmico que me acompanha desde sempre e não há as paredes que me mantinham protegida. Tenho medo e choro com todas as minhas forças, até que escuto aquela voz... Ela me acalentou durante toda minha existência e me sinto tranquila em ouvi-la novamente.

- Minha princesinha, que linda que você é... Mamãe te ama, meu anjo – sinto seu calor, seu cheiro e ouço as batidas conhecidas, estou em casa.

- O papai está aqui, meu amor, seja bem vinda – esta voz também me é querida – Vou te proteger e te amar muito.

Para minha tristeza, sou tirada deles e levada para um lugar cheio de movimento. Me lavam, aspiram, trocam, picam. Choro desesperada, pois quero meu lar, meu colo, mas ninguém me atende. Depois de um tempo muito longo para mim, sou levada por um corredor branco e comprido. Paro de chorar ao escutar ao longe sua voz novamente.

- Olha quem chegou cheia de fome, mamãe! – a pessoa que me carrega diz.

- Já estava com saudade da minha menininha – sou entregue a ela e percebo que estou faminta, algo que nunca aconteceu antes. Pego seu seio e começo a sugar, como fazia com meus dedinhos. Mamãe acaricia meus cabelos e me olha com muito amor. Estou onde devo estar.

- Escolheu o nome? – mesmo mamando, continuo a escutar a conversa.

- Sim, Julieta. E minha amiga e colega de quarto, colocará Romeu em seu menininho, que nasceu poucas horas antes da minha bonequinha.

- Serão um casal no futuro?

- Quem sabe? Seria lindo, não é?

- Eu iria adorar – escuto uma voz suave e conhecida – Meu príncipe não poderia escolher melhor.

- São amigas ou se conheceram aqui?

- Você acreditaria se dissermos que somos amigas de infância e combinamos de engravidar juntas e que até passamos mal no mesmo dia?

- Estão brincando? – a voz está incrédula.

- Ninguém vai acreditar quando contarmos, parece mentira, mas não é. A Priscila estava comigo terminando de arrumar as malas quando sua bolsa estourou. Foi uma correria, todo mundo nervoso e, no caminho para cá, minhas dores começaram.

- Inacreditável mesmo, mas será uma boa história para contar.

- É nosso sonho que eles cresçam juntos e sejam tão amigos como nós somos. Não temos irmãos, nem nossos maridos, não há a possibilidade de primos, por isso tivemos esta ideia.

- Boa sorte, que seu plano dê certo.

Termino de me alimentar e sou passada de colo em colo, ganho beijos e carinhos, até que me deitam em um lugar macio. Sinto algo se mexer ao meu lado e vejo dois grandes olhos claros a me encarar. Ele é tão pequeno quanto eu e me olha curioso.

- Veja, Sofia, estão se conhecendo... Fala oi para a amiguinha, Romeu – a voz suave diz.

- Gostou dele, Julieta? Será seu melhor amigo e companheiro.

Observo-o e ele me sorri, de uma forma que só eu entendo e algo nasce entre nós. Ao lado dele, não sinto tanta necessidade de voltar para mamãe. Que possamos estar sempre perto um do outro, por toda a nossa vida.



Esta história é minha tentativa de algo diferente (porém não inédito). Contarei a história sob o ponto de vista da Juli e sempre no dia 15/02. Tentarei não deixar vácuos, mas me alertem se não ficar bom.

Ao contrário dos outros livros, não postarei tudo de uma vez, mas 3x por semana, às segundas, quartas e sextas feiras. É uma experiência, me digam depois o que acharam, e me ajudem a crescer como autora. 

Muito obrigada a todos que me acompanharão.

Obrigada Marcela Basílio pela linda capa, amei como sempre.

Rom & JuliOnde histórias criam vida. Descubra agora