Capítulo 20

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15/02/2040

Acordo com o celular tocando e atendo rápido. Rom se mexe na cama ao meu lado e se senta para saber o que está acontecendo e quem está nos ligando. Olho o relógio e não é tão cedo assim, são 9:30h, perdemos a hora hoje.

- Mãe, sou eu, o Guto.

- Bom dia, filho. O que aconteceu?

- Primeiro, feliz aniversário para a senhora e para o papai.

- Obrigada, meu bem. Agora fala.

- Passei para ver a Amanda, como me pediu e ela me recebeu com os olhos inchados de tanto chorar. Não quis me dizer qual o problema, porém não está bem, fiquei preocupado.

- Fez bem, querido. Vamos voltar agora mesmo, muito obrigada. Nos falamos mais tarde – desligo, me levantando com pressa.

- O que ele disse? – meu marido me pergunta alarmado.

- Nossa menina está sofrendo por algum motivo, preciso ir até ela – ele sai da cama ainda mais rápido que eu. Amanda é seu ponto fraco, sua eterna princesinha, mesmo que já tenha 21 anos.

Ficamos em nosso chalé neste feriado de Carnaval e só voltaríamos no próximo final de semana. É nosso lugar preferido e sempre fugimos para cá. Rom desenvolveu um gosto por pescaria e se diverte no nosso pequeno lago, enquanto eu me entretenho com meus livros ou testando novas receitas. Sempre gostei de cozinhar, mas está se tornando minha nova paixão. Meu filho brinca que é porque quero me tornar aquelas avós tradicionais, que esperam os netinhos com mesas fartas e deliciosas. Deve ser verdade, pois seu filhinho ainda é muito novo, mas não vejo a hora de estar provando meus quitutes.

Guto se casou há um ano e meio com a Nat e têm um bebezinho de um mês. Não esperou terminar a faculdade, quis logo formar sua família. Ambos concluíram seus estudos depois de casados. Ele é o braço direito do pai na gravadora e adora o que faz. Está muito feliz e realizado. É uma alegria ver o amor entre ele e a esposa, sinto-me tranquila quanto ao seu futuro.

Tomamos um café ligeiro e partimos sem demora. Nossa casa fica há 1:30h daqui e logo estamos chegando. O imóvel está silencioso, dei folga para nossos empregados e só voltam a trabalhar na segunda-feira. Encontro Amanda em seu quarto e está muito abatida.

- Meu anjinho, por que está assim? – ela me olha surpresa, estava tão absorta em seus pensamentos que não notou minha entrada.

- Ai, mamãe... – lágrimas grossas descem por seu rosto. Abro meus braços e ela corre para eles.

Deixo-a chorar e quando está mais calma, sento em sua cama e ela deita no meu colo. Ela permanece em silêncio por alguns minutos, até conseguir falar.

- Encontrei o Yago na sexta-feira, numa festa. Ele ficou puxando assunto, disse que estava com saudade e acabamos por nos beijar. Achei que ele estava arrependido de ter terminado nosso namoro, pensei que significava que estávamos juntos novamente.

Eles se conheceram nas férias antes do início das aulas da universidade, e ela estava muito apaixonada. Após um ano, ele quis colocar um fim alegando que relacionamento à distância era muito difícil, já que cursavam a faculdade em estados diferentes e quase não se viam. Ela ficou muito triste, sofreu por meses, e não se envolveu com mais ninguém. Diz que seu curso absolve todo seu tempo, e sei que medicina realmente é muito puxado, porém a verdade é que ainda tem sentimentos por ele, sua dor de hoje é a prova. Confesso que nunca gostei muito dele, Rom então, nem se fala... Era um rapaz educado, simpático, mas algo me desagradava, não sei precisar. Deve ser o tal sexto sentido materno, já que não tenho ciúmes como o pai.

Rom & JuliOnde histórias criam vida. Descubra agora