Exatas duas horas da madrugada do dia seguinte, Mateus acordou com barulhos de choro, no exato momento levantou da cama assustado e correu o olhar por todos os cantos do quarto, parou para ouvir melhor e o choro vinha do banheiro do quarto de hóspedes, ele andou vagarosamente até a entrada do banheiro e se deparou com Felipe chorando escorado na parede, perplexo com o que presenciava, indagou:
- Felipe? Você quer me dizer algo? Aconteceu algo que eu não esteja sabendo? - sentando ao lado do amigo e colocando a mão em seu ombro no intuito de conforta-lo.
- Não cara, é que... - Felipe exitou em dizer o que estava entalado ali em sua garganta.
Mateus sentiu enorme angústia nas palavras do amigo, ele estava triste, magoado, preocupado, e com muita responsabilidade dentro de sí, Mateus podia sentir isso como se fosse nele próprio, pegou então seu celular e entrou na galeria de fotos da família dele, na intenção de alegrar o amigo com todas as fotos engraçadas que haviam ali, e por incrível que pareça, deu certo, Felipe aliviou a angústia por um tempo, e isso para Mateus era bom, definitivamente muito bom, Felipe foi até o seu quarto e desejou boa noite para o amigo.
Felipe acordou bem cedo e foi até o quarto onde Mateus se encontrava, bateu na porta e já entrou falando alto:
- Vamos acordar, não tenho o dia todo! - Gargalhando da cara de sono do amigo ao acordar.
- Poxa Felipe, que horas são?
- São exatas... - Olhou o relógio - 7:36! Hora de começar o grande dia amigão, levanta daí.
Mateus levantou da cama e foi direto para o banheiro, escovou os dentes, lavou o rosto e vestiu uma roupa melhor, ao sair do banheiro Felipe já não estava no quarto, Mateus então seguiu corredor e desceu as escadas até a sala e ninguém se encontrava no local, foi até a área da piscina, e lá estava Felipe, sentado na varanda com uma grande tigela de cereal, Matheus gargalhou alto da situação e gritou da entrada:
- Eu não acredito que me chamou à essa hora pra comer cereal na sua piscina, só pode estar de brincadeira!
- Não, tô tomando café, garotinho burguês loiro dos olhos azuis como essa água - Apontou para a piscina.
Mateus revirou os olhos, tomou a tigela de cereal da mão de Felipe pôs-se à comer, com a boca cheia de cereal já lançou uma pergunta:
- Onde estão os seus pais?
- Olha, me desculpa por ontem...
- Tudo bem, mas onde eles estão?-Engoliu o café da manhã
- Se mudaram hoje de madrugada. - Ao ouvir aquilo Mateus arregalou os olhos e deixou o cereal cair.
- O que houve, Mateus?
- Por minha causa?
- Não, por mim, eu pedi para que fossem embora.
As palavras de Felipe soavam tão suaves pra ele, mas para Mateus aquilo era devastador, de qualquer forma ele preferiu não contar à ninguém, achou melhor que Felipe contasse o motivo no seu devido tempo.
Felipe olhava para o céu de forma pensativa, olhou para a piscina, e depois para os cães que estavam atrás de um cercado existente no quintal de trás da casa. Teve várias idéias, então resolveu perguntar:
- O que acha de passar as férias com meus primos no chalé?
- Oi?
- Ar livre, animais, plantas, um aquário gigante com peixes magníficos.
- Não seria uma má idéia...
- Vamos hoje à noite ao escurecer, se quiser pegar roupas na sua casa meu motorista te leva até lá.
Mateus então aceitou, pediu para que o motorista levasse os dois até a casa de Mateus, ao chegarem na entrada Felipe brincou:
- Eu aposto que seu pai é advogado, só advogados tem casas tão grandes e modernas.
- Muito engraçado Felipe, já tá podendo fazer stand-up. - Felipe gargalhou muito ao ouvir o comentário de Mateus.
Tocaram a campainha e Elizabeth, mãe de Carla, atendeu a porta e recebeu os garotos com um largo sorriso no rosto, os convidou para entrar:
- Oi meninos, entrem, fiquem à vontade! - Pela segunda vez no dia Mateus revirou os olhos e retrucou:
- A casa ainda continua sendo minha.
Ao ouvir aquilo Felipe olhou para os dois e sentiu o clima tenso, resolveu interromper:
- Então Mateus, vamos pegar suas roupas, precisamos viajar logo! - Mateus apenas assentiu com a cabeça e subiu as escadas.
Ao adentrarem o quarto de Mateus se depararam com o pai do mesmo dormindo sobre a cama em plenas 09:00 com o celular ao lado e fotos de Mateus espalhadas por todo o quarto. Felipe olhou o rosto de Mateus e viu uma lágrima descer, resolveu conversar normalmente, confortando, mas sem se intrometer:
- Vai sentir saudade? - Pegou uma foto do chão e entregou à ele, na foto estava seu pai o segurando no colo quando ele tinha por volta de 4 anos.
- Muita, mas é melhor assim para todos...
- Como pode ter certeza disso?
- Eu só... - Enxugou as lágrimas que estavam escorrendo. - Eu só sei...
Terminaram a conversa por ali, pegaram as roupas, deixaram um bilhete de despedida ao pai de Mateus, ele achou que seria bom, aos 8 anos de idade eles sempre trocavam bilhetes quando estavam "brigados".
Arrumaram suas coisas e jogaram vídeo-game o resto do dia, ao chegar a hora de viajar caíram na estrada, era um longo caminho, deserto e totalmente fora da civilização, Mateus respirou fundo e fechou os olhos, sem nem ao menos perceber, já haviam chegado no chalé por volta das 20:00.Perdão pela demora, estive impedida por um tempo, mas estou de volta, agradeço pela compreensão.
Votem no capítulo, como já disse, me ajuda muito!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forças para um recomeço.
Teen FictionMateus é um adolescente problemático de 16 anos que sofre com uma doença chamada depressão, perdeu sua mãe em um acidente de carro à alguns anos atrás e depois disso teve de tentar se acostumar com as bebedeiras de seu pai todos os dias e com a pres...