Forças para um recomeço.

Capítulo XI

- 06:00 22/04/16

Mateus acorda com o pai sentado em sua cama olhando a foto de sua mãe que se localizava ao lado da mesma, Leonardo então resolveu dizer algo:
- Bom dia! O que aconteceu ontem?
- Hã? Ontem?
- Sim, você chegou estressado e veio pro quarto...
- Ah sim, nada de importante pai, tá tudo bem.
- Se arruma e desce que o café tá na mesa, te amo filhão!
Mateus estava estranhando muito o bom comportamento do pai, mas preferiu fingir que não havia nada acontecendo, pegou suas roupas e foi direto para o banho, após sair do banho, Mateus sentiu dores intensas em seus pontos, mas pensou que fosse coisa normal então resolveu não ligar, pegou seus materiais, desceu as escadas e foi pra aula.
Chegando na escola o clima estava mais tenso do que o normal, todos da escola olhavam em direção de Mateus quando ele passava ele já estava imaginando o motivo de tudo isso, procurou Jonathan por toda e escola, ao procurar viu vários cartazes com sua foto e a frase à cima : " Só quero chamar atenção ", Ao encontrar Jonathan ele se lembrou o motivo pelo qual amizade deles terminou, Jonathan estava com sua turminha de amigos, e sim, eram eles que estavam colando os cartazes e praticando o Bullying com ele, Mateus apenas deu a volta pra sair da escola e se sentou no banco mais próximo que havia por alí, Em todos os anos ele fora julgado de nerd, quatro olhos, lombriga, filho de papai entre vários outros apelidos, mas aquilo era a gota d'água, nunca havia sido chamado de dramático... Nenhum dos caras que estavam zombando de sua dor tiveram uma mudança de vida e rotina tão drástica como a dele, ou sequer perderam uma pessoa que significasse muito pra eles, estavam brincando com algo muito sério e nem ligavam, Mateus voltou para a escola e por sorte encontrou Jonathan no corredor :
- Oi Mateus!
- Eu tenho nojo de você cara!
- O que eu fiz?
- Sai do meu caminho!
- Se eu não sair, vai fazer o que?
- Nós dois aqui sabemos que o mais preparado fisicamente pra uma luta corporal sou eu, caso quiser sair com o nariz quebrado fique à vontade!
- Acho que não!
Em instantes os corredores se encheram de jogares, com um tom sarcástico Jonathan disse:
- Pelo ao menos não tô sozinho nessa...
- As vezes eu agradeço por ter preferido ficar sozinho do que junto à ti.
Mateus saiu daquele corredor com um ódio que o consumia desastrosamente, entrou em sala de aula e nem licença pediu, a professora disse:
- Mas que falta de educação senhor Jensey!
- Desculpa senhora, é que minha mãe morreu antes de me ensinar os bons modos! - disse e logo abaixou a cabeça na carteira, todos na sala ficaram desconfortáveis pelo que ele havia dito, mas continuaram prestando atenção na aula, Mateus passou o dia todo arrependido de não ter socado o nariz do cara que nunca havia sido seu amigo de verdade, após sair da escola sentou-se num banco que havia no caminho de casa e pôs-se a pensar em tudo " 'Será que eu realmente só tô fazendo drama?' , 'Sinto que algo em mim apagou, eu não sinto tanta vontade de fazer as coisas como antes..' , ' Será que realmente é tudo drama?' " mas em meio aos seus pensamentos fora interrompido:
- Oi Mateus... - Disse uma menina com voz doce, era Carla, uma amiga de infância de Mateus, em todos os momentos de sua vida Carla esteve presente, mas pós as crises de depressão de Mateus ele cortou contato com todas as pessoas ao seu redor, da última vez em que os dois se viram Mateus tinha 14 anos e estava passando as férias de verão na casa da Tia.
- Oi..
- Posso me sentar aqui?
- Acho que não seria uma boa hora Carla.
- Nunca existe boa hora pra conversar!
- Tudo bem, vamos tomar algo ali na lanchonete.
Levantaram-se do banco e caminharam até a lanchonete, pegaram um lanche, um suco e se sentaram em uma mesa que havia por ali, começaram a falar sobre assuntos aleatórios até que Mateus se lembrou de perguntar:
- Já estava me esquecendo, você tá morando aqui?
- Sim, me mudei ontem pra cá, ali para aquela rua. - disse ela apontando pra rua da casa de Mateus fazendo o menino engasgar com a comida :
- Sério?
- Algum problema ?
- Não, nenhum.
- Bom, foi ótimo o papo mas tenho que ir embora, tenho que arrumar as coisas lá em casa e meus materiais pra aula amanhã, até manhã Mateus.
- Até...
Mateus chegou em casa cansado do dia, subiu até o quarto e foi tomar um banho, uma única idéia nunca saía de sua cabeça, várias perguntas martelavam milhares de vezes em sua cabeça ; " Como é a vida depois da morte?, Existe céu e inferno?, Cometer suicídio não é tão difícil assim, é? "
Parou de pensar naquilo, pegou uma bermuda e vestiu, deitou em sua cama pensando se ele deveria dar uma outra chance pra sí, Carla estava ali agora, ela sempre o ajudara em todos os momentos em que ele precisou e esteve ao lado dele nos momentos não necessitados também, ela era uma verdadeira amiga. Mateus apagou ao pensar em tantas coisas e só foi acordar no dia seguinte.