Capítulo XVII

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No dia seguinte

Mateus acordou com a cabeça doendo, tomou um banho e desceu pra cozinha, a casa estava completamente vazia, até que ele sentiu uma respiração atrás dele, assustado o menino se virou:
- Mas que merda! Da pra parar de me perseguir garota?
- Ah, me desculpe
- Sem noção… - Sussurrou.
Mateus pegou seu celular, seus fones e foi caminhar, as férias haviam chegado e ele estava completamente no tédio, ao caminhar viu um prédio abandonado e por curiosidade resolveu entrar, ao explorar o local deparou com um cara bebendo e olhando a bela paisagem lá da cobertura, Mateus resolveu dar as costas para não incomodar o rapaz que se encontrava ali, mas pelo seu azar ouviu uma voz:
- Não precisa ir embora garoto, eu não vou fazer nada com você.
- Sua voz me parece familiar... - Disse Mateus se aproximando.
-Estranho, não me lembro de você… - O garoto falava e falava e desde quando Mateus chegou ali ele continuava fitando a rua e o lugar como se aquilo fosse a coisa mais linda do mundo. Mateus resolveu se sentar ao lado dele e perguntou:
- Qual o seu nome?
- Tá vendo isso? - Apontou pra rua, pessoas e carros lá em baixo.
- Sim, estou vendo.
- Daqui eu consigo ver todo o caos da humanidade. Você percebe o quanto as pessoas são egoístas e ignorantes ? - Disse o garoto se virando e olhando no fundo dos olhos de Mateus, os olhos do garoto eram hipnotizadores, eram profundos e cinzas, e ao dizer isso se encheram de lágrimas:
- Sim, eu já senti na pele a ignorância das pessoas.
- Que pena, você parece um garoto bom, como se chama ?
- Me chamo Mateus… E você?
- Meu nome é Felipe, Felipe Cooper.
- Você vem sempre aqui ?
- Sim, aqui é o meu lugar favorito.
- Entendi, irei embora, não gosto de incomodar.
- Tudo bem, não está incomodando não, se quiser aparecer por aí amanhã pode vir, é meu aniversário. - disse sorridente, Felipe era um cara triste e Mateus podia sentir isso, mas ele parecia uma pessoa legal.
- Sim, eu irei aparecer, até amanhã!
- Até!
Mateus continuou sua caminhada e pensou em tudo o que havia acontecido em sua vida nos últimos meses e então um sentimento de vazio dominou o seu peito, ele estava sentindo aquilo de novo, se sentindo sozinho no mundo, seu subconsciente o dizia que ele não iria mais fazer falta nem para o próprio pai,já que ele havia arranjado outra família, o garoto colocou os fones e começou a prestar atenção nas músicas que ouvia para tentar espantar aquele sentimento ruim. Ao chegar em casa Mateus ouviu um riso de criança, sim, havia um bebê dentro daquela casa, Mateus seguiu as constantes risadas do bebê e se deparou com Leonardo fazendo palhaçadas enquanto a criança se contorcia de rir, Mateus ergueu uma sobrancelha e limpou a garganta para ver se chamava a atenção do pai:
- Quem é essa criança e o que ela tá fazendo aqui?
- Esse é o Davi, seu novo irmãozinho! - Disse empolgado
- Que palhaçada é essa pai?!
- Palhaçada? Não, não… Isso é muito sério Mateus.
- Você é maluco? Não temos espaço e nem dinheiro pra nós aqui, imagina pra mais três pessoas.
- Os fundos que a sua mãe guardou vão ajudar nas despesas da casa até você arrumar um emprego.
- EU ARRUMAR UM EMPREGO? EU? Acho melhor você ir dando duro e trabalhando em dobro, o dinheiro da mamãe é totalmente e completamente MEU! Só eu tenho acesso à conta e eu não vou sustentar a sua "pensão"! Se quiser me expulsar de casa eu vou de bom grado!
- Tudo bem Mateus, você está me forçando a fazer isso, eu amo Elizabeth e vou continuar com ela, se quiser continuar nessa casa terá de pagar despesas.
- Tudo bem, amanhã à noite tô longe daqui, passar bem.
Mateus subiu as escadas com um peso enorme em suas costas, ele teria de morar sozinho e não estava nem um pouco preparado pra isso, entrou em seu quarto e ficou parado olhando para o seu reflexo no espelho, o pai era carinhoso demais com ele durante um tempo e quando apareceu uma outra mulher na vida dele ele simplesmente descartou o filho como se ele fosse um saco de lixo. Mateus não conseguia imaginar a casa da SUA infância sendo a casa de outras pessoas, ele sacudiu sua cabeça, tomou um banho e dormiu.

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