Capítulo XXII

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Passaram-se muitos dias desde a chegada de Mateus no chalé da família de Felipe, até aí estava tudo tranquilo, Felipe nunca havia visto o amigo tão feliz e radiante, resolveu então perguntar o mesmo se algo estava acontecendo:
- Oi cara, como você tá?
Mateus com um sorriso largo no rosto, respondeu a pergunta do amigo com uma calma impressionante:
- Eu tô muito bem, nunca estive tão bem desde... - O garoto desfez o sorriso - desde a morte da minha mãe.
Felipe pôde notar a dor estampada em seus olhos, abraçou o amigo e na intenção de confortar disse algumas coisas:
- Eu tô aqui,tá tudo bem...as coisas não precisam ser assim, tá? Não chora...
Ao ouvir as palavras de Felipe, Mateus sorriu e se levantou do gramado em que estavam sentados, e foi de encontro à Madeleine, dando-lhe um belo beijo, as coisas no chalé tomaram rumos inimagináveis, e sim, Madeleine estava completamente apaixonada por Mateus, e visse-versa, o romance dos dois alegrava o chalé de uma forma linda, e intrigante, todos se perguntavam; " Como uma garota tão afastada da cidade e dos costumes urbanos poderia se dar tão bem com um cara que teve toda a tecnologia possível à seu dispor?"
Ninguém no local conseguia responder a pergunta, mas uma coisa que nenhum deles podia negar é que já estava chegando o dia dos garotos voltarem para a cidade e nenhum deles era uma pessoa sem obrigações, após longas noites pensando em voltar para a cidade Mateus chegou a conclusão de que realmente já estava na hora, rever o pai e até ajudar ele caso estivesse precisando com a nova família, conversou com Madeleine, ela foi totalmente à favor e apoiou ele em todas as decisões, pediu apenas para que ele voltasse logo, após longas conversas Mateus e Felipe chamaram o motorista, se despediram de todos, encostaram suas cabeças no banco do carro e adormeceram, logo, estavam chegando na cidade já ao anoitecer. Por estarem chegando tão tarde no local e terem dormido a viagem toda decidiram dar uma passada em um cinema que estava aberto, assistiram à dois filmes e voltaram para a casa de Felipe, ao chegarem, a mesma estava brilhando, sem uma sujeira sequer, Felipe então indagou:
- Está com sono?
Sem entender muito bem, Mateus logo balançou a cabeça em forma de negação, logo depois Felipe subiu as escadas e o chamou, pararam de frente à porta do quarto da irmã de Felipe, o garoto retirou um pingente de colar muito bonito, em formato de chave de seu pescoço, durante todo o momento a chave do quarto da garota sempre esteve ali e ninguém nunca percebeu, talvez realmente fosse essa a intenção, usar um colar totalmente chamativo e caro, e ver se por um acaso alguém prestaria atenção nele, após destrancarem a porta Mateus ficou pasmo, desde o dia em que a irmã de Felipe havia se matado nunca limparam o lugar, o deixaram intocado, era como um cenário repleto de solidão, Mateus sentiu um aperto no peito ao ver tudo aquilo, porém foi passageiro. Fotos dela e do irmão em polaroide espalhadas por todo o quarto, bilhetes, cartas, desenhos em todas as paredes e muitas coisas que não deu tempo do garoto observar, Felipe o chamou e tirou um tapete e um baú que tinha aos pés da cama da garota, puxou uma cordinha e lá estava, muito dinheiro, bebidas, a planta do prédio e a escritura do local, tudo conforme a lei, e além de tudo isso lá estava também todas as cartas que ela mandou após morrer, ele as guardou caso precisasse pra algum motivo maior, Mateus pegou em seu ombro e o conforto:
- A culpa não foi sua, acredite, ela tentou ao máximo, quem desgastou ela foram seus pais, eles foram responsáveis por isso.
Felipe derramou uma lágrima, e apenas uma, sabia que de alguma forma deveria ser forte, por ela.
Saíram do quarto e foram se deitar, Mateus pegou o celular e viu algumas ligações não atendidas de um número de celular desconhecido,retornou às chamadas e nada, ninguém atendeu, movido pelo cansaço capotou na cama e só foi acordar no outro dia de manhã.
Ao acordar, Mateus notara que aquele dia não havia nascido radiante e bom como os demais, ao descer as escadas foi diretamente até a cozinha, e por alto ouviu uma conversa de Felipe com alguém ao telefone, ouviu a seguinte coisa; " Mas ele acabou de chegar, não posso dar uma notícia tão triste pra ele " Mateus nem se importou com o que havia acabado de ouvir, só queria ir logo ver o seu pai, saber o quanto o velho havia mudado, Felipe o olhou com cara de desânimo e então os olhos de Mateus se encheram de lágrimas, perguntou com voz de choro:
- A-aquilo e-era sobre m-mim?
Felipe apenas o abraçou e deu a notícias, não podemos dizer que havia sido a coisa mais fácil do mundo para ambos, mas com a ligação que eles tinham não foi tão difícil. Mateus foi informado que seu pai estava internado na UTI em estado grave, com grandes riscos de morte precoce, vários flashbacks se passaram na cabeça do garoto, inclusive o que o pai disse estar tudo ok com os exames, Mateus havia descobrido da pior forma, de que seu pai estava à beira da morte, e mais uma vez, ele não podia fazer nada a respeito.

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