Meu Chefe

Capitulo 44

NO DIA SEGUINTE..

Nunca dormi tão cedo na minha vida, tava beirando as sete da noite e eu tava caindo de sono em consequência acordei às seis da manhã. Fui na vendinha comprei pão e tomei café na varanda aproveitando a natureza desse lugar, sem carros pra lá e pra cá só pássaros e o barulho suave da água.

Tomei um banho bem gostoso e fresco e coloquei um vestido soltinho, meu salto não pode faltar mesmo que seja baixo. Coloquei um não tão grande mas também não baixo, bege porque o vestido já tinha bastante flor.

Peguei meu celular e sai, vou na minha tia conversa e depois buscar minha vó no hospital, entrei no táxi e dei o endereço pra ele.

Nem sei se ela mora lá ainda então mandei mensagem pra Lena pra confirmar, ela confirmo tudo certinho e como aqui é cidade pequena e simples não demorou nada pra chegar.

- Pode me esperar aqui? Vai ser coisa rápida.

- Posso.

- Obrigado.

Sai do carro, a casa continuava a mesma de sempre e certeza que a dona também. Toquei a campainha e esperei por um bom tempo.

Quando ia tocar de novo o portão abriu e tava ela lá, dona Meire, a mesma mulher marrenta.

- Fernanda? - ela me olha de cima a baixo.

- Oi tia.

- Caramba quanto tempo - ela me abraça - Entra aí.

Entrei na pequena casa e abafada, tinha garrafas de cerveja pra todo lado e roupas de homem jogada no chão.

- O que faz aqui na cidadezinha - Ela diz fechando a porta.

- Vim visitar minha vó, sua mãe que você não foi ver no hospital - Ela bufa.

- Lena já foi fofocar errado.

- Errado? Então fofoca o certo.

- Não deu pra ir porque eu tava trabalhando.

- Tá mas e agora? Horário de visita da manhã já foi e você nem se quer se esforçou pra ir.

- Você sai da cidade grande pra vir até aqui me dar esporro? Vem cá garota tu acha que é quem?

- Não to te dando esporro, vai saber se acontece alguma coisa? Eae? Eu to a quase nove hora daqui.

- Quem se mudou com o rabinho entre as pernas depois de ficar órfão foi você - ela pega a cerveja da mesa e bebe.

Do risada e ela me olha com cada feia.

- Olha pra mim, o que a cidade grande fez comigo - ela me olha de cima a baixo - Olha pra você, continua a mesma tosca que eu sempre conheci.

- Acha que puxou essa marra de onde? Da sua mãezinha?

- Aí gente tadinha, ela quer que eu me orgulhe disso - digo irônica e ela fecha a cara - Vai cresce e virar mulher.

- Porque não volta pra tua vida perfeita e me deixa em paz.

- Com prazer - saio andando.

- Aproveita e da um beijinho naquela sua vó  - paro de nadar e viro pra ela - Antes que ela bata as botas.

Sem pensar dei um bom tapa na cara dela que acho que até os vizinhos ouviu o estralo, ela colocou a mão na bochecha e me olhou incrédula.

- Eu tenho nojo de você Meire, você vai morrer sozinha sem nem cova pra cair pra aprender a parar de ser esse lixo de pessoa que você é.

Sai da casa dela bem plena e entrei o táxi, pedi pra ele ir pro hospital e fiquei remoendo a briga que acabei de ter com ela. Que droga, porque ela tem que ser assim.

Não entendo essa raiva que ela tem da própria família.

Meus dedos estão latejando pelo tapa eu dei nela e tenho certeza que a cara dela também, não tenho paciência pra gente assim.

Fiquei tão perdida em pensamentos que o caminho foi tão rápido, paguei a mais pelo cara ter me esperado e ele sorriu agradecendo. Sai do carro e entrei no hospital.

- Olá.

- Boa tarde - a moça olha pra mim.

- Visita do almoço - digo e ela sorri.

- Pra quem seria?

- Tacira Hayes - ela digita no computador e faz um sim com a cabeça.

Ela fez o meu adesivo e me entrego, fui pro elevador e subi pro quarto dela.

- Como vai minha favorita? - pergunto entrando no quarto e ela me olha.

- Ah agora eu to muito melhor - Diz e rimos.

- E aí dona Tacira - beijo a cabeça dela - Tomou café?

- Tomei meu amor - estreito os olhos desconfiando e ela ri - Pode pergunta pra enfermeira.

- Vou acredita em você em.

Ela foi pro lado e bateu na cama me convidando, me sentei do seu lado e ela ficou me olhando.

- Que foi?

- Que foi o que?

- Você tá estranha - ela diz e eu sorrio.

- To não, impressão sua.

- Quer mesmo tenta enganar dona Tacira - ela aponta pra ela mesma e eu sorrio sem humor.

Ela pegou minha mão e deu um beijo nela.

- Me conta, o que abalou o sorriso da minha neta?

- Fui na casa da tia hoje - digo e o sorriso dela some.

- Não acredito.

- Vó eu precisava fala com ela pra saber o que tá aconteceu pra ela não ter vindo até aqui.

- Mas eu não quero que ela venha aqui.

- Vó ela é sua filha.

- Meire deixou de ser minha filha a muito tempo meu amor - ela se arruma na cama e se aproxima de mim - Olha, eu sei que gosta de ver todo mundo bem o tempo todo e acredite eu admiro muito isso em você porque puxou isso da sua mãe e principalmente do seu pai.. — sinto meu coração apertar e meus olhos lacrimejam ao lembrar deles - Por isso eles tinham aquele relacionamento de anos e lindo de se ver.

Sorrio e ela limpa minha lágrima.

- Meire não se encaixa na nossa família, eu não sei onde eu errei com ela mas sua tia sempre dava de tudo pra fazer mal a sua mãe, então por favor minha filha fica longe dela.

- Tudo bem.

- Promete?

- Prometo - sorrio e ela me abraça.

Me aconcheguei no seu abraço e ela me deu um beijo demorado na cabeça. A porta abriu e nos saltamos, era a enfermeira com o almoço dela.

- Vamos almoçar dona Tacira?

- É vamos - digo e ela sorri.

Puxei a mesinha dela e coloquei o prato dela em cima junto com o suco.

- Tem marmita pros visitantes se quiser senhorita Hayes.

- Não to com fome obrigada - sorrio e ela sai.

- Não quero comer - ela empurra a mesinha.

- Mas vai comer sim, vai dona Tacira - volto a mesinha e ela ri.

- Não tem jeito mesmo né, igualzinho sua mãe.

- Ela teve a quem puxar - digo e ela sorri.

A porta abriu e minha vó quando olhou ficou boquiaberta com o olhar travado atrás de mim, arqueei a sobrancelha e dei risada.

- Que foi? - perguntei.

- Atrapalho? - uma voz grossa ecoa no quarto.

Minha risada sumiu e meu corpo virou pura pedra de gelo, minha vó olhou pra mim e sorriu de lado já entendo tudo..