2. Tulipas Vermelhas

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— Bom dia, eu posso ajudar? — ele me olhou assustado, estava tão distraído com as flores que sequer havia percebido a minha presença alí — Me desculpe, eu não quis o assustar senhor...

— Não, tudo bem, sem problemas.

— Então, eu posso ajudá-lo de alguma forma?

— Eu não sei...

— Diga-me o que deseja e poderei dizer ao senhor se posso ser útil ou não — o respondi ainda sem retirar o sorriso largo do rosto

— Eu preciso de flores, mas não qualquer flor. — ele disse ainda olhando para as flores, como se procurasse algo

— Procura alguma específica?

— Não, eu queria algo bonito, com um significado ainda mais belo. Ela é apaixonada por flores e entende muito sobre, quero dar algo que a deixe feliz. Quero que ela saiba que eu a amo e me preocupo com ela, mas não quero apenas dizer, quero que ela entenda através das flores, sabe? Quero que ela entenda isso através do que ela mais gosta. — ele disse aquilo com tanta sinceridade, parecia realmente ama-la.

— Nossa, isso é... muito bonito — eu disse ainda o encarando e ele deu uma risadinha envergonhada — Ela tem muita sorte em ter você. — ele sorriu e eu coloquei meu braço esquerdo abaixo do peito, apoiei o cotovelo direito em minha mão e meu indicador nos lábios, dando batidinhas nos mesmos enquanto olhava ao redor, pensando na flor perfeita — Uma que signifique amor eterno e verdadeiro é uma boa alternativa? — ele assentiu sorrindo, o que me fez sorrir também.

— É perfeito.

— Me acompanha? — ele assentiu novamente e eu o guiei até as flores nas quais pensei — Tulipas vermelhas, na minha opinião são muito bonitas, tão bonitas quanto seu significado. — o rapaz me encarava, parecia atento a cada palavra que saia de minha boca, o que me deixou um pouco sem graça e nervoso — O senhor vai querer levar?

— Por favor, pare de me chamar de senhor, já é a terceira vez. Eu duvido que nós tenhamos uma grande diferença de idade.

— Me desculpe se... — eu quase disse de novo, mas logo parei e dei uma risadinha baixa e nervosa, o que o fez rir também — Perdão, eu estou acostumado a tratar meus clientes assim.

— Não precisa se desculpar, se ela gostar das flores eu voltarei mais vezes, não gosto de tratamentos tão formais, pode me chamar de você, ou de Jooheon, se você quiser.

— Tudo bem. Meu nome é Minhyuk, caso você queira me chamar também.

— Tudo bem, eu vou levar. — o olhei surpreso e um pouco assustado, levar... a mim? Eu realmente não havia entendido.

— Le-Levar?

— Sim, as Tulipas, eu vou querer.

— Ah sim, me desculpe. Buquê, certo? — ele assentiu rindo e eu logo comecei a recolher as flores, andei até o balcão e o observei olhar as tabelas de preços.

— Não estão muito baratas? Digo, as flores? Imaginei que fossem mais caras, na verdade, são mais caras, em qualquer outra floricultura.

— Eu cultivo minhas próprias flores, apenas algumas são compradas pra revender aqui, então eu não tenho tantos gastos. Quer escolher a cor do embrulho?

— Pode escolher, eu confio em você. — ele sorriu e eu desviei o olhar rapidamente — Por você cultivar suas próprias flores, poderia aproveitar para lucrar mais ainda, talvez deixá-las apenas um pouco mais baratas, mas não tanto... — eu não o respondi de imediato, apenas suspirei — Me desculpe, eu não queria me intrometer nos seus negócio assim, perdoe a inconveniência.

— Não precisa se desculpar, você não é a primeira pessoa que estranha os valores. A pergunta "Por que são tão baratas?" é o que eu mais escuto por aqui. Eu não vejo minha floricultura apenas como um comércio, eu não faço isso apenas pelo lucro, faço porque amo, eu sou apaixonado por flores desde pequeno e viver rodeado das coisas que eu mais amo, não tem preço. Os preços baixos é uma situação pior do que parece, as pessoas não compram flores todos os dias, tem dias que não recebo ninguém aqui, mas mesmo assim, eu não me importo, eu gosto de trabalhar com isso e de dar às pessoas a possibilidade de ter flores tão bonitas por um preço ainda mais acessível. — eu expliquei enquanto terminava de embrulhar o buquê e mais uma vez, seu olhar estava fixo em mim, prestando atenção em cada palavra, o entreguei o buquê e sorri — Aqui está.

— Obrigado, o que você faz aqui é muito bonito, o motivo também.

— Muito obrigado. — eu disse ainda sorrindo e ele sorriu também — Qual a forma de pagamento?

— Dinheiro. — ele retirou o dinheiro de sua carteira e me entregou — Pode ficar com o troco.

— O que? Não, eu não posso aceitar, isso é quase o dobro do que você deveria me dar.

— Aceite como o pagamento pelo buquê e pela ajuda que me deu.

— Não, eu...

— Muito obrigado, eu preciso ir. Bom trabalho, espero que você tenha uma boa tarde. — ele me interrompeu e disse sorrindo antes de simplesmente se virar e se retirar da loja, meu deixando alí, boquiaberto.

Flowers [Joohyuk]Onde histórias criam vida. Descubra agora