8. Ciclame

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O beijo não passou de um simples selar, que eu interrompi assim que tomei consciência do que havia feito.

— Me desculpa, você é comprometido, eu não deveria ter feito isso.

— O que? Minhyuk...

— Eu não queria, me desculpa. — me virei e praticamente corri até o elevador, ele logo chegou e eu entrei, sem olhar para Jooheon em momento algum e ignorando ele me chamar.

Apoiei minhas costas na parede do elevador e suspirei, toquei meus lábios e sorri, eu ainda podia sentir aquele toque singelo dos lábios dele nos meus.

O meu primeiro beijo.

Senti uma lágrima cair e fechei os olhos, permitindo que outras também caíssem. Assim que o elevador parou, eu saí dele e em seguida do prédio, parei na calçada e comecei a olhar ao redor.

Eu estava sozinho, em um lugar que eu não conhecia, de moletom e sem dinheiro pra pegar qualquer transporte até minha casa. Comecei a chorar novamente enquanto caminhava devagar naquela rua escura e deserta.

— MINHYUK! — me assustei ao escutar alguém me chamar em um tom alto e quando olhei para trás, vi Jooheon correndo em minha direção.

Ele parou na minha frente e apoiou as mãos no joelhos, respirando fundo enquanto tentava recuperar o fôlego, cansado.

— Você está bem? — eu perguntei preocupado e ele assentiu.

— Eu vim pelas escadas, não podia deixar você sair assim e muito menos te deixar sozinho na rua a essa hora da noite.

— Me desculpa, eu não pensei antes de fazer aquilo, eu juro que não vai se repetir. — ele retomou sua postura e se aproximou um pouco mais.

— Mas por que não?

— Você é comprometido Jooheon, eu não quero prejudicar você.

— Espera, comprometido?

— Sim.

— Mas eu não estou com ninguém.

— Então pra quem eram as flores? — ele começou a gargalhar, o que apenas serviu para me deixar ainda mais confuso — Do que está rindo? Qual é a graça?

— As flores não eram pra nenhuma namorada ou algo assim, elas eram pra minha mãe.

— O que?

— Ela teve que fazer uma cirurgia e ficou internada por uns dias, mas teve alta hoje e está tudo bem. Ela sempre gostou muito de flores e então eu resolvi levar algumas a ela porque ela ficava dizendo que sentia falta das "filhas" — ele fez aspas com os dedos — dela. Eu comecei e rir e esconder meu rosto com as minhas mãos.

— Que vergonha, me desculpa... — ele tocou meus braços e os puxou delicadamente, tirando minhas mãos do rosto.

— Pare de se desculpar. — ele se aproximou um pouco mais, colocou meu braço ao redor de seu pescoço e tocou minha cintura.

— Eu estou tão envergonhado, minhas bochechas devem estar da cor de um Ciclame. — eu disse rindo um pouco e ele sorriu.

— Eu amo o jeito como você usa as flores como exemplo para as coisas. — não o respondi de imediato, apenas continuei o admirando. Nossos rostos estavam tão próximos, era absurdamente bom poder ver cada detalhe dele de tão perto.

— Você é tão bonito... — falei em um sussurro enquanto passeava meus olhos por cada detalhe de seu rosto.

— Era exatamente isso que eu estava pensando sobre você agora mesmo, sabia? — eu sorri envergonhado e ele me beijou, de um jeito delicado, calmo e muito gostoso. Separou os labios do meu devagar quando ar faltou  e me olhou — Vamos entrar, não é seguro ficarmos aqui fora essa hora. — ele sussurrou e eu assenti antes de o dar um selar.

Flowers [Joohyuk]Onde histórias criam vida. Descubra agora