Broken

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Autora: Debora Soares de Souza


Meu plot sorteado foi:

Tema: Amor, família, morte.

Personagens: Duas garotas, primas, a mais velha é mais protetora e a mais nova mais irresponsável e aventureira. Uma delas morre no final.

Local: Uma cidade do interior

Ambientação: Qualquer ano entre 2000 e 2010.

Tem um pouco de base na música Broken da banda Lifehouse, se alguém quiser assistir o vídeo e ver a tradução: https://www.youtube.com/watch?v=I6cdPeYJh0s


Pedra Azul sempre foi uma cidade pequena, onde todos se conhecem. Situada em meio às montanhas, é uma localidade interiorana com cara de novela das seis, onde as pessoas conversam nas janelas, a criminalidade tem índices baixos e as crianças brincam nas ruas em pleno começo do século 21. E é nessa cidade em que nasceram, cresceram e vivem atualmente Julieta e Marina, duas primas que sempre foram muito unidas desde a infância. Julieta, a mais velha, aos 22 anos faz o possível para conseguir uma vaga em uma universidade federal. Seu maior sonho é ser médica para ajudar as pessoas mais pobres, mas devido à sua condição financeira, ela precisa trabalhar durante o dia e tentar estudar por conta própria à noite.

Marina, a mais nova, completou 18 anos recentemente. Em sua festa de aniversário, ganhou um carro de presente de seu pai. A festança até mesmo saiu nos jornais. O carro era "um luxo para uma menina que nem carteira de motorista tinha conseguido", diziam os vizinhos.

2:00 da manhã. Julieta acorda com o celular tocando.

- Não é possível que já seja de manhã- ela murmura sonolenta enquanto tateia o criado mudo para tentar ver as horas e pegar o celular para ver do que se trata.

- Marina? Por que essa garota está me ligando numa hora dessas? - atende com voz de sono - Alô?

- Alô prima...- percebe a voz meio mole da prima mais nova ao telefone, a música alta e as risadas ao fundo da ligação. - Vem me buscar, eu não posso ir pra casa...

Já imaginando a situação, ela se senta na cama e respira fundo.

- Onde você está, Mari? - pergunta esfregando os olhos.

- Eu... - a menina gagueja - eu..estou no barzinho, aqui em Carvalhos.

- Ok- diz - Estou indo, espere um pouco. - Ela se levanta, prende os cabelos, pega a chave e sai de carro para buscar a prima.

Marina está novamente em Carvalhos, a cidade vizinha um pouco maior que Pedra Azul, bebendo com seus amigos. Desde que a prima ganhou aquele carro, ele só tem servido para que todos os dias ela juntamente com seus amigos irem até aquele bar. É como se após a saída do ensino médio, a prima mais nova que sempre foi muito próxima a ela tivesse parado de contar os problemas que a afligiam. Ela parece não saber como decidir o que quer estudar, ou se deseja trabalhar, e segue essa rotina de embriaguez sete dias por semana. Julieta agradece pela ligação, já que da última vez, a caçula teve coragem de pegar a direção do carro mesmo bêbada para voltar para casa. A mais velha fica preocupada a cada vez que isso acontece, afinal, sempre soube que bebida e direção não combinavam. Mas Marina sempre diz que não estava tão bêbada e que estava tudo bem. Desde criança, ela sempre foi uma moleca aventureira, com Julieta na cola sempre como uma mãe protetora, já que ela era orfã desde os 9 anos. O trauma de ter perdido a tia tão cedo para um acidente automobilístico fez com que a moça, na época uma adolescente, tomasse a mais nova como protegida. E é por isso que todas as vezes que Marina liga, Julieta faz o possível para atendê-la.

Já a caminho de Carvalhos, com a estrada vazia, Julieta liga o som do carro de seu pai e sua música preferida começa a tocar. Ela havia deixado o CD da sua banda preferida dentro do toca discos para que sempre pudesse ouvir quando dirigisse. Apesar da internet discada ser ruim para conseguir fazer o download de músicas e ela mal conseguir abrir o MSN e o Orkut para conversar com suas amigas, ela espera que quando começar a estudar no próximo ano, 2009, ela vai conseguir talvez pagar uma internet banda larga para poder baixar seus CDs preferidos. Ela vai devagar e canta enquanto dirige e por isso em uma curva, não consegue desviar de um carro em alta velocidade que rodopia na pista, acertando em cheio seu carro.

Marina abre os olhos e percebe estar em um lugar estranho. Ela mal lembra o que aconteceu e onde estava, mas assim que ela abre os olhos, seu pai vem correndo pegar sua mão com lágrimas nos olhos. Ela está em um hospital.

- O que aconteceu? - ela pergunta. - Onde estou?

- Você não se lembra? - seu pai pergunta.

- Só me lembro de estar em um bar ontem e pedir à Julieta que me buscasse... Onde está ela?

- Mari... - ele diz - eu não sei se devo te contar isso hoje... mas a Julieta sofreu um acidente na noite que ela foi te buscar.

- O...o... que? - a menina gagueja.

- Seus amigos... - o homem respira - Eles te colocaram apagada no carro e voltaram para casa naquele dia. No caminho, eles perderam o controle do carro e colidiram em uma curva com o carro do seu tio, que estava sendo dirigido pela Julieta.

- Mas ela está bem, não está? - Marina começa a chorar.

Seu pai segura em sua mão, e ela sente a forma e a frieza de algo na palma dela. Quando ele a solta, ela vê o cordão de Julieta, o que faz com que suas lágrimas se intensifiquem.

- Ela não resistiu. A colisão foi muito forte, querida. Seus amigos também não resistiram, você só sobreviveu porque estava no banco de trás e com a batida, os bancos da frente te protegeram.

- Ela só queria me proteger, pai. - ela chora desesperadamente - E agora perdi a minha melhor amiga.

Pai e filha ficam ali abraçados. Decidem lembrar dos momentos felizes que Julieta havia vivido, de como a vida é um sopro que deveria ser aproveitada com cuidado e como se o presente fosse o último dia junto de quem amamos.

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