Orquídea branca - Sugawara Koushi

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> Levantadores

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> Dedicados

O Suga tem seu jeito natural de mexer com as pessoas, fazê-las abrirem seu coração e contar até mesmo os segredos mais íntimos que possuem. Além do Iwa-chan, ele foi um dos poucos a quem confiei meus mais profundos dilemas, permiti que minhas crises existenciais acontecessem na sua frente e reclamei do passado, sem ocultar detalhe nenhum – nem mesmo o nome – das minhas fracassadas paixonites da puberdade.

Olhei para o garoto de madeixas escuras sentado ao meu lado, ele ergueu o olhar, parecendo confuso com aquilo. Hajime estava sempre por perto, ele sabia exatamente o que eu sentia e mesmo não compreendendo bem, aceitava, independente do que eu fosse dizer ou fazer sabia que sempre poderia contar com ele.

— O que foi, Oikawa? Sua expressão idiota tá me distraindo. — Disse no cotidiano tom rabugento dele.

Fui um pouco para o lado, encostando a cabeça em seu ombro, o fraco cheiro da colônia que dei para ele a alguns anos — e ele usa desde então, comprando uma nova sempre que acaba — chegando ao meu nariz. Respirei fundo, adorava aquele aroma e por mais que nunca admitisse em voz alta, ele era meu favorito.

O rapaz pôs a mão em meus cabelos, fazendo uma carícia leve ali, sorri minimamente fechando os olhos e aproveitando a sensação. Estava se tornando tão comum ele ser carinhoso comigo, eu gostava disso. O toque dele era tão simples e íntimo, ao menos tempo que era tão caloroso quando atrevido da sua parte, era tão bom tê-lo como melhor amigo.

— No que estava pensando? — Inquiriu baixo, ele me conhecia tão bem.

— Estava lembrando do meu relacionamento com o Suga, ele era tão bom pra mim…

— Vocês nunca tiveram um relacionamento, Oikawa, eram só amigos. Ele gosta do Daichi. — Afastou-se lentamente, largando meu cabelo. Semicerrei os olhos, virando a cabeça para o lado e analisando o modo que ele estava.

Hajime encarava as próprias mãos agora, mantendo a expressão fechada. O clima entre nós havia se tornado estranho subitamente, mas não me importei com aquilo naquele momento. Sorri triste.

— Amizade não é um tipo de relacionamento, Iwa-chan?

— Você parece meio triste, Oikawa-kun. Aconteceu alguma coisa? — Suga agachou-se na minha frente, o rosto mostrava preocupação e odiei-me por deixá-lo assim.

Ele sentou-se ali mesmo, na grama, da mesma forma que eu fazia, sem se importar por estar ou não sujando sua roupa. Aquela não era a primeira vez que nos encontrávamos naquele campo e muito menos seria a última.

— Chegou tarde! Faz tempo que mandei aquela mensagem. — Falei com um bico nos lábios. Abracei minhas próprias pernas, não precisei olhá-lo para ter certeza de que erguera a sobrancelha e estava com seu calmo sorriso no rosto.

O garoto tocou minha cabeça, acariciando-a levemente, o toque era tão quente, mas tão distante.

— Desculpa, eu vi a pouco, estava com o Daichi e meu celular estava carregando lá no quarto. — Disse, fiquei tentado a perguntar se já estavam namorando ou continuavam a enrolar e negar como se não tivessem nada, mas não era da minha conta. Ergui a cabeça, olhando em seus olhos e sentindo um pouco da angústia que havia no meu peito se esvair. — O que houve... Você.... Estava chorando, Oikawa?

Tocou minhas bochechas com aquelas mãos macias e finas que não condiziam nenhum pouco com um jogador de vôlei, ainda mais com um levantador. Abri um sorriso triste, meu lábio tremendo levemente ao tentar responder.

𝘖𝘴 𝘢𝘮𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘧𝘳𝘢𝘤𝘢𝘴𝘴𝘢𝘥𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘖𝘪𝘬𝘢𝘸𝘢 𝘛𝘰𝘰𝘳𝘶Onde histórias criam vida. Descubra agora