MIOSÓTIS
Saltitando degrau por degrau com impaciência, Oikawa ficava mais nervoso com a proximidade entre ele e a portaria, seu interior se revirava com brutalidade, passaria mal se houvesse comido algo naquele dia.
As mãos inquietas destrancaram o portão principal e suspirou alto pelo ar fresco que lhe atingia diretamente. O porteiro, de certa idade, lhe saudou com um sorriso antipático quando, por pouco, não se tombaram em uma curva.
A pressa sempre fazia Tooru perder os pontos que nem com o ancião ranzinza.
O seu molho de chaves, que o moreno enfeitara com fitas coloridas para diferenciar, quase escapulira por entre seus dedos e caíra no buraco do bueiro aberto ao virar para a cerca do jardim.
Passava tanto tempo enfurnado no seu laboratório, presos com as próprias pesquisas, planejando os trabalhos que passaria aos colegas, que não aproveitava do clima agradável que a natureza lhe oferecia, vivia apenas no artificial que os seus dois ar-condicionados lhe proporcionaram.
Chegou ao saguão e sentiu seu corpo vibrar, seus orbes tempestuosos correram pela entrada por reflexo, até que pararam onde um grande carro cinza que estava estacionado sobre a calçada, quase esmagava suas violetas premiadas.
O sorriso hesitou antes de surgir e se alargou ao ver um homem atraente aparecer ao lado do carro. Seu homem.
Antes que acabasse por perdê-las, guardou as chaves no bolso da calça de moletom e andou até o namorado, parando além da cerca para admirar a beleza radiante que o outro possuía.
Fingiu uma calmaria que não existia, quando o viu atravessar o pequeno jardim de rosas brancas na entrada do seu prédio e parar do seu lado. Olhava-lhe o tempo inteiro como se Oikawa fosse o sol, radiante, algo apaixonante.
A caixa de papelão que Bokuto levava foi ao chão assim que Oikawa, que assustou-se, foi erguido em seus braços, sendo beijado com afobação e carinho. Duas coisas que Oikawa aprendera a amar e não aguentava viver sem.
Estavam juntos a praticamente vinte três meses e, graças a boa-fé de Oikawa e algumas dicas de um sardento intrometido a cupido, decidiram morar juntos. Chamou ocasionalmente Bokuto para viver consigo durante um jantar super romântico — dois cachorros quentes com batatinhas e litros de Pepsi, na pracinha do outro lado da rua.
A desconfiança lhe fez hesitar e fraquejar antes que pudesse fazer o pedido, tendo medo de perder o que desejava e se amaldiçoando pela covardia medíocre que tinha, no entanto, a natureza conseguiu lhe influenciar.
Foi raro, para não dizer histórico, quando juntou coragem subitamente ao ver o sorriso discreto do namorado e, no meio de uma conversa caótica sobre "O porquê de Will Herondale odiar patos", onde Tadashi somente revirava os olhos, disfarçando que era seu livro favorito, pediu que Bokuto fosse viver consigo, os melhores amigos estavam próximos a eles e, em um instante, pararam de tagarelar e comer, observando com olhos arregalados. Mesmo Yamaguchi parecia em choque.
Não julgavam, longe disso, mas preocupados com a pouca sanidade que restou no moreno.
Sabiam que não era uma decisão precipitada ou induzida pela carência, o conforto que Koutarou lhe trazia era evidente, tanto que passara a sorrir bem mais nos meses que começaram a se envolver, abandonando a fachada melancólica que o envolveu durante anos, mas não era só por isso que Oikawa o tinha deixado ir para sua casa, não permitiria que alguém entrasse de forma tão íntima na sua vida, se ela não tivesse conseguido invadir seu peito, desfragmentar seu coração.
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𝘖𝘴 𝘢𝘮𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘧𝘳𝘢𝘤𝘢𝘴𝘴𝘢𝘥𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘖𝘪𝘬𝘢𝘸𝘢 𝘛𝘰𝘰𝘳𝘶
FanfictionOikawa Tooru amou sem medo de ser magoado, não foram poucas vezes e nem correspondido, mas isso não o abateu, não desistiu, não até aquele momento. "Eu devo estar enlouquecendo."