Flor de cerejeira - Hajime Iwaizumi

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— Quer levantar sua bunda gorda desse sofá e vir me ajudar a carregar essas caixas?! Não são leves e nem poucas. — A voz grave de Hajime ecoou pelo apartamento de repente, retumbando nas paredes e rondando o território. A porta havia sido destrancada, arregaçada e batido com força contra a parede que, agora pintada de azul, liberou um fino pó branco, não sei bem se era poeira ou qualquer resíduo da antiga tintura.

Como ele sabia que eu estava no sofá? Inquiri mentalmente, confuso, meus costumes e manias não eram tão simples de se decorarem então me surpreendeu um pouco, principalmente porque não dava para que ele me visse dali.

Revirei os olhos, enrijecera dos pés a cabeça pelo pequeno susto. Sabia que ele viria ao meu apartamento, mas não estava preparado para que chegasse tão cedo, na verdade, não possuía nem a confirmação de que ele iria vir, tudo quando se tratava do Iwaizumi era complicado e duvidoso, não havia uma vez sequer que ele deixasse claro o que se passava na sua cabeça, o que queria.

Apoiei os pés no chão, saindo da posição confortável que eu estava — de pernas para o ar, com um lençol cobrindo meu corpo até o pescoço — o piso gelado espalhando arrepios pelo meu corpo. Fechei o caderno que antes estava aberto sobre o meu peito e larguei o objeto sobre a mesinha de vidro diante da estante, meus mais puros e fiéis pensamentos e recordações tendo que ficar de lado.

— Mas as coisas são suas! — Gritei de volta, tremia levemente pelo frio do ar-condicionado, talvez eu devesse estar usando mais do que uma calça cinza de moletom.

— Agora, Oikawa! Ou quer que eu desista da ideia de morarmos juntos?!

Arregalei os olhos, descontente com a ideia dele dar as costas e partir. Levantei agitado, quase escorregando ao dobrar no corredor — devido as meias verdes e felpudas que eu usava — ao correr para a entrada do apartamento, tombando com a parede e fingindo que nada aconteceu, mesmo que meu nariz estivesse doendo a beça.

Minha surpresa não foi deparar-me com o moreno ali e duas caixas de papelão, uma em cima da outra, nos seus braços, mas sim o fato de estar usando uma calça justa que ressaltava bastante suas grossas e atraentes coxas, além da blusa branca de mangas longas, seus músculos ainda mais visíveis.

— V-você chegou cedo.. — Falei baixo, respirando fundo em busca de acalmar meus batimentos cardíacos e não gaguejar novamente. Esfreguei o nariz levemente para que parasse de latejar, esforçava-me ao máximo para não ficar olhando para o seu corpo, ele estava de lado e era extremamente atraente ter uma visão como aquelas, por mais que eu preferisse vê-lo de frente. Ah, como era satisfatório que não pudesse me ver direito, não veria meu tombo e muito menos notaria o quão minhas bochechas estavam vermelhas. — Um dia. Era pra só chegar amanhã.

— Estava de bobeira e achei melhor trazer logo, amanhã vou ajudar nossos colegas de classe, algumas coisas pra formatura. — Deu de ombros, tentou na verdade, o peso em seus braços dificultou seu gesto. Colocou-se diante de mim, o papelão de aparência frágil rasgaria facilmente, por pouco não acertando a minha cara. — Vai me ajudar com isso ou não?

— Não. — Falei risonho e ouvi um grunhido como resposta. Ele já deveria estar tonto por revirar tanto os olhos. Pensei comigo mesmo, tendo certeza de que ele o fizera. Abri um sorrisinho. — 'Tô brincando, Iwa-chan.

Peguei uma das caixas em seus braços, para que ele visse para onde estava indo, segurando-a pelos lados e abaixando um pouco para olhá-lo, seus olhos se encontrando com os meus pela primeira vez naquele dia. Belos e intensos olhos castanhos, indescritíveis demais. Não estava tão pesado quanto eu imaginava, se balançasse dava para ouvir o barulho de objetos batendo contra os lados.

𝘖𝘴 𝘢𝘮𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘧𝘳𝘢𝘤𝘢𝘴𝘴𝘢𝘥𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘖𝘪𝘬𝘢𝘸𝘢 𝘛𝘰𝘰𝘳𝘶Onde histórias criam vida. Descubra agora