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O ar nunca foi tão puro, cada detalhe desse outono me encanta, o jeito que cada folha cai da sua árvore e voa tão suavemente com o vento, isso só me lembra a diferença da minha terra natal para o meu atual país, nada muda desse jeito no Brasil, a única mudança perceptível é a do verão para o inverno, então está aqui é como viver em outra dimensão, uma dimensão em que andar pelas calçadas possa ser uma experiência totalmente inovadora e encantadora, talvez seja uma reação vista como boba para as outras pessoas, entretanto pra mim andar até a confeitaria é uma das experiências mais encantadora que eu já tive, pode ser que isso fique repetitivo, e na cabeça das minhas amigas sem graça, mas esse sempre foi o meu sonho, andar por essas ruas, fazer parte dessa paisagem.

De tão distraída que eu estava não reparei que a pessoa, que pra mim surgiu do nada, na minha frente simplesmente parou, fazendo-me colidir e para a minha infelicidade ir direto para o chão.

Na minha mente sonhadora esse seria o momento que o rapaz viraria e me ofereceria a mão, então eu levantaria o rosto e seria que nem nos filmes, porém eu estava somente habituada a Doramas e os romances que mostravam um clichê irreal, era pra eu já saber, mesmo que mudasse o local os homens sempre seriam os mesmos, afinal esse só ajeitou a roupa e saiu andando como se nada tivesse acontecido.

Levantei com o resto do orgulho que eu conseguir manter ouvindo outro idiota dando risada, e quando me virei pronta para xingar ele dos piores nomes (em português lógico) recebi uma doce surpresa ao ver o F4 mais bonito (não que as meninas concordassem comigo) e isso só me deixou com mais vergonha, então eu fingir que não conhecia e continuei a andar, nessa hora nem lembrando mais onde iria, mesmo tendo conferido no Google maps várias vezes o endereço da confeitaria.

- Não precisa sair assim minha pupila - ele falou acompanhando meus passos, e devo confessar que depois da palavra “minha” meu cérebro demorou um pouco para processar o acompanhamento, e quando processou logo associei ao que Nate me falou, coisa que eu estava tentando com muito custo parar de pensar, porém essa era a minha chance de entender.

- Como assim pupila Ximen?

- Bom, como sou seu tutor obviamente és minha pupila - ele achou que eu não tinha reparado essa parte? Jura? Aff.

- Porém não se preocupe, pois você é a única! - disse ele com um sorriso ofuscante.

- Única? Porque só eu? - essa parte obviamente me confundiu.

- Doce Cecilia, iria ficar uma bagunça se não fosse dividido, imagine nossas personalidades tão diferentes misturadas com o grupo mais… bom… excêntrico que conheço - a sinceridade dele beirava a Nate, então de certa forma me deixava a vontade.

- Consigo entender, qual foi a divisão? Afinal são quatro para três.

- Não foi muito difícil decidir quem ficava com dois - e outra vez ele terminou a fala me lançando aquele sorriso perfeito.

- Imagino que foi a doce e paciente Natane - falo com desdém, afinal de longe dá pra ver nosso mini furacão Katrina.

- Que bom que é previsível para todos - e dessa vez ele deu uma pequena risada que me fez derreter e como se para me salvar de acabar expressando essa reação avistei a confeitaria logo a nossa frente.

Surpreendentemente ele pediu para me acompanhar, e enquanto esperávamos nosso pedido acabei ficando sabendo quem ficaria responsável por quem, Daoming Si ficaria com Mabel, o que me fez protestar, porém Ximen garantiu que não aconteceria nada com ela, que ele seria inofensivo, e apesar de não acreditar 100%, achei melhor lhes dá o benefício da dúvida, afinal não realmente conhecemos eles.

E Nate, obviamente ficaria com os dois que faltavam, e foi muito engraçado e até mesmo previsível quando fiquei sabendo que Lei que optou por essa situação, afinal dizendo ele essa tarefa era muito cansativa para uma pessoa só, e fiquei sabendo também que os meninos tinham certeza que ele não moveria um dedo até a situação ficar crítica, o que não vejo porque ficaria, afinal é só sobre bridge (ou é isso que eu quero me convencer).

Depois que o nosso pedido chegou começamos a falar sobre minha experiência com esse país, o que não era muita coisa, afinal esse foi o primeiro passeio que eu fiz, e foi frustrante ter que confessar isso, porém a realidade é que eu estou focada demais nos estudos, então a culpa acaba sendo toda minha.

Depois dele dizer que ainda tinha muito tempo para que eu explorasse a cidade embarcamos em um papo um tanto é fora do comum, falamos da minha paixão por chás, e assim descobrir que ele era um dos melhores críticos de Xangai em chá, o que eu só tinha visto na TV, com isso fiquei tão empolgada que nem vi a hora passar, e logo já tinha passado do horário que eu disse para as meninas que eu voltaria, e eu tinha consciência de que elas já devem estar preocupadas.

Assim me despedir do lindo garoto que me fazia companhia e caminhei de volta pra casa, e mesmo sabendo que as meninas provavelmente estariam preocupadas não pude deixar de rever cada detalhe durante o caminho, e desejar que essa experiência se repetisse, e como se por mágica minha regra voltou a minha mente, e o significado dela também, estando no lugar dos meus sonhos eu não poderia dá razão a distrações, afinal fiz muito esforço para chegar até aqui, e agora o melhor que eu poderei fazer por mim mesma é manter-me concentrada e focada nos estudos, sem garotos, sem passeios desnecessário, mesmo que o garoto em questão seja lindo, e mesmo que os passeios sejam agradáveis. Então depois de já ter colocado a cabeça no lugar rumei de volta pra casa com mais rapidez, afinal eu tinha muita coisa da faculdade para fazer ainda, assim como praticar meu chinês seria muito importante essa noite, e isso nada tinha a ver com tentar esquecer um certo chinês que eu poderia estar começando a me encantar.

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