A duas noites faltou luz
E não voltou
Acendi uma vela
Ela queimou até que só lhe restasse o resto de cera derretida
Acendi outra
Depois mais uma
Tentei me livrar um pouco da escuridão.
Mas depois de ver uma caixa de velas se esvair
Constatei que de novo na escuridão eu me encontrava
E agora já não havia qualquer feixe de luz
Exceto pela braza nas pontas de meus cigarros que eu acendi incessantemente
E assim como as velas
O fogo lhes consumiu até que nada restasse
E no fim tudo o que ficou a minha volta foi o breu
Pensei em como não importa
Seja lá a intensidade da chama
Depois que ela se consome
Tudo o que nos sobra
É uma vaga e silenciosa escuridão
Me pergunto que fogo foi esse que me consumiu?
Pq aqui dentro é tão escuro?
Me consumi como uma estrela que Após bilhões de anos queimando hidrogénio e hélio, agora se sucumbe com o resto do que já foi um dia
Até que não seja nada além de poeira ao relento do cosmos
E no fim assim como a estrela
Eu também serei
E tudo bem, a escuridão ja esta aqui
No quarto.
Na alma.
No firmamento.
No fim, tudo o que nos sobra.
Ou melhor
Tudo o que não irá jamais nos sobrar.
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Literalizando o Caos.
PoetryNão escrevo para te livrar do abismo Eu lhe empurro para dentro dele Eu estou caindo Mas levarei o máximo de vocês comigo.