8º Dia: A Viagem

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Maldito seja o despertador que não tocou e que morra de um jeito muito doloroso o infeliz que fez o favor de estragar os documentos que eu assinei a dois dias atrás! Ontem eu havia planejado detalhadamente tudo que faria hoje, que horas chegaria no aeroporto, como iria buscar as pendências na universidade...porém, infelizmente: Tudo havia dado errado.

Como uma obra de alguma divindade maligna, meu celular resolveu me deixar dormir mais, e como se não bastasse: Alguém fez o favor de derrubar café em meus papéis.

Quem? Não fazia ideia, mas definitivamente:

Estragou todos os meus planos.

Tive que ir até a universidade, imprimir novos documentos, fazer novas assinaturas, reservar uma nova passagem para finalmente chegar em Kiri até o fim de tarde.

Madara já ria das minhas reclamações e ainda dizia um grandíssimo "bem feito". Maldito filha da puta que chamo de melhor amigo.

Toka me avisou que a reunião começou e, ao menos, estava cuidando de tudo enquanto eu estava preso no aeroporto. O relógio do celular marcava onze da manhã, meu dia estava tão frenético que a minha sensação é que já havia passado um mês inteiro em apenas três horas.

Mas, como sempre, alguém aparecia para melhorar o meu dia. Meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem, e nesse momento, como um passe de mágica, tudo que estava ruim melhorou consideravelmente.

"Espero que isso te deixe animado, a reunião está um tédio. Mas eu deveria te dizer isso? Você é meu chefe"

Foi involuntário não sorrir por causa dela, eu amava tanto seu bom humor...

"Aqui nós somos amigos, e se quer saber, também odeio essas reuniões."

Não demorou para que ela visualizasse e começasse a digitar uma resposta.

"Amigos, bem...por enquanto está bom. Mas acho que quero revogar essa questão mais tarde. Você me prometeu um passeio a noite".

Olhei por alguns bons minutos para a tela do aparelho, com vontade de responder todas as coisas que passaram por minha cabeça nesses últimos dias. Era estranho a maneira como me sentia com Mito, nós dois nos conhecíamos à tão pouco tempo e, mesmo assim, tinha a sensação que ela estava em minha vida a anos.

Aquela viagem não me deixava ansioso apenas por tudo que iríamos resolver ou pela universidade, e sim, por saber que nós dois teríamos uma espécie de...encontro.

Aquilo me assustava de certa forma, fazia anos que não me envolvia com alguém dessa forma, não estava dizendo em relação a contato físico. Era emocional, intenso...e ela me deixava daquela forma.

Assim que digitei a minha última resposta à ela, ouvi o chamado para entrar no avião. Me levantei, com meu coração quase na mão por saber que algumas horas me separavam dela.

E por Deus, eu queria acabar logo com aquela situação.

x

Assim que entrei na sala de reuniões, Mito me encarou, com seu melhor semblante de "vai ficar tudo bem", era incrível como essa mulher tinha o poder de me deixar tranquilo após vários desastres juntos. Me desculpei pelo imprevisto, sentei em silêncio e resolvi ler a pauta de tudo que estavam discutindo naquele dia. Felizmente, a maioria das coisas que haviam sido abordadas, já estava sendo resolvido.

Porém, ao que aparentava, o novo coordenador do curso de direito não estava muito contente com as coisas propostas.

— Se me permitem a observação, acredito que seja desnecessário o curso de linguagem de sinais para os graduandos. Não temos, por enquanto, nenhuma matrícula de um aluno surdo para ter a necessidade de um custo como esse. - Danzou falou, prossegui em silêncio, terminando de ouvir o que ele queria dizer. - Além disso, poderíamos colocar outro conteúdo mais importante no lugar.

10 dias para elaWhere stories live. Discover now