Capítulo 10

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Fazia cerca de uns vinte minutos que se via tudo escuro, sim a energia tinha sido extinta, então para recuperar um pouco de luz resolvi procurar a fonte

— OH merda! — sotei quando bati o pé em alguma coisa.

— Tudo bem? 

— Quer me matar!? — falei assustada  ele apenas sorriu

—  Deve ter velas na cozinha e lanternas em algum lugar

— Sim, vou atrás das velas — disse apalpando as coisas quase não se via nada a não ser a silhueta dos móveis, como tenho sorte acabei tropeçando de novo e caindo em algo fofo, pensei de início que era o sofá mas o sofá não era quente nem tão macio muito menos respirava ou falava — desculpe  — pedi porquê estava grudada a Justin infelizmente, seu hálito quente rocou meu pescoço avidamente ele inalou o mesmo, me causando arrepios múltiplos

— Cheirosa — sussurrou como um segredo, me desprendi dele sem dizer nada voltando a tatear as coisas quando de novo me choquei com algo

— Que droga! Daqui a pouco meu pé vai ficar só o bagaço porque não vai sobrar nada, quem foi o idiota que mobiliou a casa com tantas coisas?

— Você — eu não podia ver seu rosto mas tinha certeza que estampava um sorriso, depois de muito andar finalmente encontrei velas, ascendi uma a uma pondo sob as coisas parecia um cemitério de tanta vela

— Encontrei uma lanterna, apague as velas — fiz o que ele mandou porém... quando mesmo eu fazia tudo o que ele mandava? Nunca, mesmo assim já não tinha mas jeito

— Ótimo, me dê a outra — pedi me aproximando

— Outra o quê?

— Lanterna.

— Eu só achei uma.

— Então porque me mandou apagar as velas!?

— Porque não gosto de velas.

Simples assim com apenas essa resposta fique calada, sentamos no sofá esperando a energia

— Rachel? 

— Hum?

— O que você acha de procurarmos mais lanternas no porão?  Devem haver outras  — era uma boa idéia finalmente algo promissor concordei e levantamos indo em direção a porta do porão

— Vai na frente — disse ele, estava tentada a dizer que não, pois o porão me trás lembranças amargas, fui na frente com o orgulho maior que a coragem, desci três degraus até ouvir a porta sendo fechada tomei um susto

— Justin! Abre essa porta! — bati com força não tinha nada nenhum foco de luz a escuridão era total, ele apenas ria quando eu batia e pedia mais,  estava apavorada meu trauma tinha voltado com força de repente eu tinha  oito anos novamente e papai chegava bêbado e me pegava com força me jogando no porão escuro e frio, cheio de morcegos, ratos e baratas, ele não tinha motivos para me prender ali, fazia porquê era seu prazer eu passava horas chorando dias pedindo para que ele abriase a porta até que finalmente minha mãe chegava dos programas já que a mesma era prostituta e me tirava de lá sem ao menos se preocupar com comigo, as lembranças vem com força estou revivendo tudo de novo, volto a tremer a chorar como no passado

— Abre a porta! —  bato com os punhos na mesma, nada nenhum movimentação — eu quero sair! — supliquei estava com medo meu peito subia e descia e meus olhos não tinham controle sobre as lágrimas que desciam, e  era algo tão simples porém tão impactante, trauma é trauma não importa o tempo, depois de mais alguns minutos ele abriu a porta rindo da minha cara a luz havia voltado não dei chance de ouvi-lo falar algo corri para as escadas
Meu nome foi chamado mas eu não queria ouvir nada, tudo estava lá novamente minha infância turbulenta, eu havia encontrado uma forma de enterra-la no passado mas as vezes ele era como fênix, revivia, era doloso, mesmo assim eu não deixava os traumas e dificuldades mudarem o que eu sou, mas era  imprescindível não sentir, ou chorar.
Estava encolhida na cama na posição fetal  com o travesseiro abafando o choro, quando foi que fiquei tão vulnerável?  Chorana? Fraca? O que posso afirmar sobre isso é que apenas estou me permitindo ser sensível um pouco, sentir um pouco, não posso me privar de ser fraca é uma condição minha, sim devo alternar entre ser forte mas não quer dizer que não tenha o direito de me lamentar um pouco.
As mãos dele tocaram minhas costas

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