4 - De volta a realidade

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Com a noticia em minhas mãos, não sabia se falava antes com minha mãe ou com Antônio, mas como uma adolescente apaixonada que já era uma adulta de vinte anos também não sabia enfrentar uma realidade que também era um sonho dentro de mim. Seria mãe, ele seria pai, me vi ali, chorando com a mão na barriga quando minha mãe apareceu e já foi logo me bombardeando;

_Você esta gravida não está? Só de olhar pra você é possível ver que não é mais a mesma. Cadê seu entusiasmo? Sua disponibilidade com as pessoas? Acha que não percebo que você se esconde para chorar e que esta enjoando com frequência?

_É claro que não mãe, estou com cólicas, a senhora sabe que sofro quando meus dias estão perto e provavelmente comi algo na rua que não me fez bem. Digo a ela já sabendo que é impossível mentir pra minha mãe, ela tem o dom de ver atrás dos meus olhos e enxergar minha alma.

_Jéssica, você acha que engana quem? Dê um jeito de falar com aquele inútil, eu te avisei minha filha que ele não é pessoa de se ter qualquer tipo de envolvimento, quantas vezes eu te pedi pra não deixar que ele encostasse em você, eu avisei inúmeras vezes, mas não me ouviu.

_Mãe... Eu... Só estou com cólicas, logo vai passar. Disse, sem ter coragem de contar a verdade a minha mãe.

_Vamos ver se estará só com cólicas quando ter que dar faxina para sustentar o que você diz aí, estou esperando, quando quiser contar a verdade estarei aqui.

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Antônio faltou a faculdade para conversarmos, sentamos no meio fio da calçada e com os olhos brilhando já pelas primeiras lagrimas, apenas peguei a mão dele e a coloquei sobre minha barriga, de imediato ele percebeu do que se tratava, a retirou quase que instantaneamente;

_Serio isso? Você esta realmente gravida? Como que aconteceu? E sua medicação?

_Não sei o que te dizer, minha medicação está em dia, até ontem havia tomado o comprimido. Disse com um nó na garganta

_O que você vai fazer? Quer passar por isso? Me perguntou sem olhar nos meus olhos.

_Como assim o que eu vou fazer? Eu não sei, não sei o que VAMOS fazer, eu preciso pensar o que de fato estou passando pra então tomar uma decisão. 

_Estarei com você se não quiser ter, conheço uma pessoa que pode nos ajudar, vê ai e me fala. Dito isso se levanta, me da um abraço e diz que tem que ir embora.

Eu fico ali parada com cara de tacho, pensando o que vou fazer da minha vida. Tinha tantos planos, não tinha sequer um emprego, como cuidar de uma criança ainda me considerando dentro de um cueiro? Paro para pensar na frase de Antônio, então se decidir ficar com a criança ele não estará comigo, minha família já deixa claro que se um dia uma gravidez acontecer desta maneira é caso de morte, nos meios mais realísticos do momento, será a minha morte.

Pensando agora, em como encarar esta situação, vejo que precisarei arrumar um trabalho onde consiga alugar pelo menos um quartinho de fundos, sei que assim que souberem sairei de casa apenas com as roupas do corpo, por mais que ame Antônio, não permitirei que essa criança pague pelos erros de dois inconsequentes, e imaginando como minha mãe é correta, não aceitará de forma alguma que eu leve essa gravidez como solteira. Sinto tanto decepcionar a pessoa que mais lutou por mim, não queria de forma alguma que minha família presenciasse meus medos e tendo que passar pelo que um dia, repetidas vezes minha mãe passou.

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