Março: A primeira festa

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Narcisa gostava de se controladora e perfeitamente balanceada com as pessoas que trabalhavam em sua casa. Era o jardineiro, que uma vez por semana se apresentava para podar algumas das árvores, manter o jardim livre de pragas e regular o controle que Narcisa acaba por deixar escapar nos outros dias da semana.

No mesmo dia, o rapaz que limpava a piscina subia a lomba com a sua bicicleta e ficava por ali o resto do dia, quase sempre suando, e passando sua rede pela água, certificando-se de quando a água precisava ser trocada ou não; Draco o observava pela janela, muitas das vezes escondido, e tentava não levar sua mente a pensar coisas inapropriadas. Por mais que o rapaz devesse ser uns três anos mais velho que ele, Draco sempre sentia algo quando o via.

A casa, porém, funcionava de uma forma um pouco diferente. Narcisa não se preocupava em contratar alguém fixo para os serviços de faxina e organização da casa, estava sempre em busca de alguém que precisasse de dinheiro rápido, de um "bico". Para ela, não era muito seguro deixar alguém ter acesso diário a sua casa por muito tempo. Na seção de classificados do jornal, ela passava horas em busca de uma diarista, que pudesse vir, ficar por uns dois dias e depois desaparecer. Era mais difícil para ela, claro, ter que ficar selecionando pessoas a cada quinze dias, mas sentia-se mais segura assim, pelo menos. E precisavam, todas, ser mulheres, mesmo que o histórico da casa não fosse dos melhores; Narcisa não tinha medo de Draco, mas sim de Lúcio. Lúcio era um quebrador de promessas nato; traíra ela pelas costas com a irmã e ainda havia colocado-a em uma situação embaraçosa no próprio casamento. Aquele homem loiro e de cabelos tão longo quanto os dela era, sem dúvidas e margens de erro, uma cobra.

Narcisa, porém, era um lobo.

E de cobras, Narcisa não tinha medo.

O café da manhã foi posto por ela mesmo naquele dia e Draco percebeu isso pela forma que as cestas de pão francês estavam desalinhadas na toalha. Mesmo que não gostasse de ter criadas em casa, já havia se acostumado com a forma que a mesa era posta, que suas roupas eram lavadas e dobradas e de como o quintal era cuidado. E quando sua mãe se atrevia a colocar o dedo, as coisas ficavam levemente distorcidas da realidade criada por ele.

— Sem sombras de dúvidas, Lúcio. Aquele rapaz, que você insiste em chamar de querido, não é uma boa influência para Draco. Lembra o que aconteceu no ano passado, na festa de arrecadação para a igrejinha?

Lúcio, que aos poucos trocava o whisky matinal por um suco de laranja ou água mineral, não conseguia precisamente se lembrar do que a mulher estava falando. Naquela festa, ele provavelmente deveria ter deixado o pátio da igreja para se esgueirar em algum campinho de futebol para beber, cair duro e acordar logo depois com uma dor de cabeça terrível. Se orgulhava dessas pequenas ações? Na sociedade utópica criada por Narcisa, sim. Mas na verdadeira? Que homem, em sã consciência e vivendo em uma Londres pervertida e desvirtuada daquela, não iria beber até embuchar o fígado?

— Draco — Narcisa soltou um suspiro depois de anunciar o filho, que parou de pé atrás da cadeira.

Lúcio levantou o copo em reverência ao filho, que sorriu a ele. Era algo que fazia sempre e que Draco já havia se acostumado, como um código entre os dois, que anunciasse um "eu te amo velado" ou "é isso aí."

— Boa influência? — perguntou o garoto. Lúcio escondeu o rosto em sua mão, não iria participar do evento que Narcisa estava promovendo logo no café da manhã, algo que, para ela, não passava de uma pequena conversinha.

Draco fitou a mãe, que engoliu de seu longo copo, quase como uma taça.

— Harry?

Lúcio soltou uma risadinha irônica.

12 Meses de Draco Malfoy - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora