Outubro: O primeiro passo

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NOTA:

[1983] indica que a cena seguinte se passa, obviamente, em 1983. James, Severo e Lúcio tem 20 anos nessa época.

[1986] indica, novamente, o ano de 1986. James e Lilian tem 23 anos nessa época.

Se depois de um ASTERISCO (*) não for sinalizado [1983] ou [1986] a cena se passa em 2004, onde Harry e Draco tem dezessete e dezoito anos, respectivamente. Ou seja, nossa linha do tempo normal.

Qualquer dúvida eu tento ajudar, mas acho que está bem claro quando as cenas se passam no passado e quando se passam no presente. Espero que gostem, desculpa pela demora, e boa leitura!

O PRIMEIRO PASSO

OUTUBRO

12 de outubro – 10º graus

Harry não se lembrava de como havia retornado para casa na noite passada. Alguns fragmentos de memória ainda turbavam sua cabeça, mas não conseguia formar nenhuma visão clara sobre o que havia acontecido; as únicas coisas que ainda faziam sentido era Hermione e Luna, dançando juntas em frente ao karaokê, cada uma segurando uma garrafinha de cerveja que haviam roubado do armário de bebidas do pai de Hermione. O mais surpreendente para Harry, porém, era como Hermione se transformava em uma pessoa completamente diferente quando longe dos pais — do pai, principalmente. Ela parecia mais viva, mais solta, mais livre. Os cabelos castanhos dela pareciam brilhar mais do que o normal, seu sorriso era mais largo e mais bonito e a forma que ela ria, sem preocupações externas, era como um abraço quente, um aconchego carinhoso para Harry.

Ergueu a cabeça, sentindo uma dor lancinante na nuca. Estava deitado no chão de seu quarto, usando apenas uma calça jeans esfarrapada; o dorso estava nu, sua camiseta em algum lugar entre a porta de entrada e o jardim, os sapatos e as meias perdidas em algum lugar das escadas. Ao lado de seu corpo, uma mancha amarelada, provavelmente causada por uma crise de vômito durante a madrugada — sorte que ainda estava vivo e não havia se afogado nos próprios dejetos. Olhou ao redor em busca de seu celular, mas ele também havia desaparecido.

Uma faixa de luz entrava pela janela de seu quarto, direto em seu rosto, seus olhos esverdeados brilhando como duas esmeraldas. Olhou para a cama, ainda arrumada desde a manhã anterior, quando havia saído para tomar sorvete com os amigos e não voltara até a madrugada. Harry não fazia ideia de que estágio de putos estavam seus pais, sequer se haviam percebido que o filho havia desaparecido por mais doze horas seguidas. Sua mochila estava jogada sobre a escrivaninha, jogando os livros e os papéis para o chão, agora amassados e parcialmente destruídos; a luminária que havia ganhado de Narcisa em seu aniversário estava pendurada de cabeça para baixo na lateral do móvel, apenas o cabo de energia — plugado na tomada detrás da escrivaninha — o impedindo de cair e quebrar, mas o mesmo prestes a arrebentar pelo peso. Juntou, sentindo a dor de cabeça que teria caso viesse a destruir um presente caro e importante daqueles. Não só Draco ficaria chateado, como ele próprio iria se culpar.

Um único pedaço de papel, porém, havia se mantido sobre a escrivaninha. Um poema escrito às pressas para Draco, quando ainda estava tomando sorvete, e que havia tido a ideia enquanto Luna e Fred divagavam sobre a quantidade de estrelas no céu e a remota possibilidade delas se chocarem uma com as outras, criando um segundo sol. Hermione tentava argumentar que seria impossível, já que as estrelas eram fragmentos de um sol que milhões de anos antes havia implodido e, logo, elas não poderiam se juntar mais uma vez. Fred, por sua vez, dizia que tudo era passível de voltar a se tornar sua forma original. Na última linha, quando já estava sem criatividade, Harry escrevera: e foda-se essa merda, mas ainda te amo.

Pela janela, conseguia imaginar a neve começando a lotar o jardim, os ventos soprarem todas as folhas das árvores do vizinho direto em seu quintal, o carro sempre congelante e completamente coberto de neve, a dificuldade de se manter a casa aquecida e de sair de casa somente quando realmente necessário. Harry ainda era criança quando presenciara a última grande nevasca, que havia deixado milhares de pessoas presas em suas casas, o comércio e as escolas fechadas, a cidade inteira paralisada perante o gelo. Agora, o inverno sempre vinha mais brando, mais calmo, mesmo que ainda congelante. Na infância, inverno sempre era sinônimo de natal, presentes e bonecos de neve, mas agora era sempre dificuldade para tomar banho, para ir ao mercado, para dar uns amassos em Draco do outro lado da cidade — a solução, talvez, estivesse em um deles passar a temporada inteira na casa do outro, para que não ficassem com saudade.

12 Meses de Draco Malfoy - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora