Hallucinations ksj+myg

four

SeokJin

Eu estava na minha cama, o rosto contra meu travesseiro enquanto os gritos de YoonGi ecoavam pelo quarto.

— Hey, Jin! Hey! Acorda.

Ele jogou um bicho de pelúcia em mim, afastando-se em um ato de  auto-proteção.

— Gi?

— Bom dia. Eu vou trabalhar.

— Já está na hora?

— Sim. Vou trancar a porta. Venho a tempo para trazer o almoço.

— Mesmo?

— Mesmo.

O garoto franziu a testa e riu debochado de algo em mim.

— O que foi?

— Seu cabelo está uma desgraça — disse dando as costas. — Vou ligar algumas vezes para ver se está tudo bem, então fique próximo ao telefone.

Arrumei — ou ao menos tentei — meus fios negros com a ponta dos dedos, fazendo uma careta.

— Certo. Tenha um bom dia, YoonGi-chi!

Como de costume, ele me ignorou.

[...]

A campainha tocava sem parar, fazendo o som se repetir sem piedade em minha mente.

— Quem é? — eu disse, deixando minha leitura de lado e ficando próximo a porta da sala, que era a entrada para casa.

— YoonGi está aí? — a pessoa do lado de fora da casa berrou.

— Não, ele não está. Ele trancou a porta e não tem como eu sair. Do que você precisa?

— Eu sou o síndico. Quero conversar com ele... A que horas ele chega?

— Provavelmente daqui uma hora. Eu realmente não sei.

— Diga que preciso falar com ele.

Pelo tom de voz do síndico, aquilo parecia sério,

— Está tudo bem?

— Apenas diga que quero falar com ele.

Ouvi os passos altos do síndico correrem pelo corredor do nosso andar, afastando-se.

Preocupado, suspirei e dei a volta pela sala. Não tive paciência para terminar a leitura. Apenas queria saber o que aconteceu e se isso poderia prejudicar YoonGi.

Internamente, pedi para que fosse apenas um mau entendido.

[...]

YoonGi chegou um pouco mais tarde e parecia estressado.
Evitava me olhar e apenas me entregou o que era o nosso almoço, trancando-se no quarto.

— Dongsaeng, está tudo bem? — perguntei, batendo na porta repetidas vezes. — Você não almoçou e parece pálido... Aconteceu alguma coisa?

Recebi apenas o seu silêncio em resposta. Não era surpresa.
Todas as vezes que o garoto ficava com raiva ou não se sentia bem ele fazia aquilo.
No entanto eu não estava disposto a deixá-lo sozinho com seus pensamentos, eu queria ajudá-lo.

— YoonGi? Por favor, abra a porta... Mochi?

Inquieto, esperei até que ele abrisse. Fiz alguns discursos, incentivando-o a me contar. Mas ele era inabalável e ficamos naquilo por quase três horas.

Depois de todo aquele tempo, YoonGi finalmente saiu. Tinha o rosto avermelhado, bem como seus olhos inchados. Ele parecia muito aborrecido.

— Mochi, está tudo bem?

Ele suspirou profundamente, tentando se recompôr. Lentamente e friamente, as palavras ecoaram no corredor como o som de um tiro:

— Estamos fora, SeokJin.

...