Hallucinations ksj+myg

one

SeokJin

Eu não sou uma pessoa normal. Nunca fui.

Apesar de minha aparência ser normal, há algo em mim que não é nada comum: tenho alucinações. Ao menos é isso que meu psiquiatra diz.
Ouço vozes e muitas vezes não sei diferenciar o que é real ou não.

Como não é normal uma pessoa responder perguntas que não foram realmente feitas, mostrar coisas que nunca estiveram ali, eu não tinha muitos amigos. Quero dizer, eu só tinha um único amigo, que pacientemente entendia minha condição. Min YoonGi é seu nome.

YoonGi sempre foi bom amigo. Era a única pessoa que não demonstrava repulsa ao me ver conversando com o suposto vazio. Era o único que não me deixava ou me tratava como um problema. Ele fazia questão de cuidar de mim, fazia questão de que vivêssemos juntos. Nossa amizade durava muitos anos e eu me sentia seguro com ele.

— Hyung, eu preciso sair agora — YoonGi disse me olhando cuidadosamente. — Tente não sair de casa, tudo bem?

— Tudo bem — desviei o olhar de seu rosto calmo para a televisão.

— Eu não demoro a voltar.

— Eu sei — disse tentando demonstrar naturalidade.

— Eu pedi pizza para você. Não demora a chegar.

Eu não me incomodava com o fato de que ele sempre pedia para eu ficar em casa. Ele apenas evitava que eu fosse embora e me chateasse com os olhares de nossos vizinhos. Eles sabiam que havia algo de errado comigo, eles já me viram caminhar por aí conversando tranquilamente com minhas visões. Eu era uma aberração aos seus olhos e YoonGi apenas queria me proteger. Ele era um bom amigo.

— Tchau — eu disse enquanto ele caminhava até a porta.

Min não me respondeu, apenas indo embora. Eu fazia alguma ideia de para onde ele iria.

YoonGi pensava que não mas eu sabia do seu romance secreto. Ele mantinha contato com uma colega de trabalho que sequer sabia da minha existência. Eu não me incomodava com aquilo.

Diferente dele, eu nunca tive a oportunidade de ter um romance, então eu jamais senti a alegria, nem a dor do amor. Eu era apenas o anormal Kim SeokJin e não sabia o que era o amor romântico. Provavelmente, se sentisse isso, não saberia identificar.

Tentei tirar aqueles pensamentos da mente, desviando o olhar da porta e voltar a ver tevê que passava algum programa de cãezinhos no Animal Planet.

Estava disposto a fingir acreditar na volta rápida de meu amigo enquanto aqueles cães fofos na televisão brincavam na piscina e corriam atrás de gatos inocentes.
Era apenas o que eu conseguia fazer em sua ausência.

...