two

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SeokJin

Acordei com batidas fortes na porta durante a noite. Era YoonGi quem me acordou de um sono que eu nem mesmo sabia que tinha pegado.

Levantei-me e me arrastei preguiçosamente até a porta.
Não me lembrava de ter trancado a casa mas talvez eu tivesse feito aquilo em minha sonolência e geralmente eu me esquecia do que fazia porque estava demasiadamente cambaleante, sonolento.

Olhei para o relógio e suspirei pesadamente ao ver os ponteiros indicarem que já passava de meia noite. Destranquei a porta, esfregando os olhos e murmurando "oi".

— Puta merda, SeokJin! Por que trancou a porta? Quer me matar do coração?

— Está tarde — foi só o que eu disse.

YoonGi me lançou um olhar estranho.

— Desculpe.

Sacudi a cabeça, desviando o olhar decepcionado de meu amigo, que,  não entendi porque, estava sorrindo. Eu gostava do seu sorriso mas ele parecia inapropriado naquele momento. YoonGi parecia debochar de mim.

— Tente não fazer isso da próxima vez que eu sair — ele disse então, dando de ombros.

Demorei um pouco para perceber que ele se referia ao fato de eu ter trancado a porta.

— Estou com fome — murmurei, mudando o assunto.

— Você não comeu?

— Acho que já estava dormindo quando a pizza chegou.

O mais novo baixou o olhar e suspirou suavemente.

— Tudo bem. Vou procurar um lugar aberto para comprar alguma coisa para você.

Ele era extremamente paciente comigo e eu sentia que não merecia aquilo.

— Posso ir com você? — perguntei tímido. — Já fiquei sozinho por tempo demais.

— Tudo bem — ele baixou os ombros em rendição. — É, você pode vir.

[...]

— Se ouvir algo, SeokJin, evite responder em voz alta. Evite reações exageradas, ou falar com outras pessoas sobre o que você vir de estranho — YoonGi repetiu aquelas regras pela centésima vez aquele mês.

— Eu conheço as regras, YoonGi.

— Bom.

YoonGi pareceu muito insatisfeito por ter dirigido tanto para comprar um pouco de comida. Era meio difícil encontrar um supermercado aberto a uma da manhã e eu procurei me comportar da melhor forma possível para fazer seus esforços valerem a pena.

Saiu do carro batendo violentamente a porta, jogando a chave em minhas mãos. Começou a andar. Eu o acompanhei, entrando no estabelecimento.

Como era de se esperar, o lugar estava vazio. Apenas um funcionário tirava a aparência desértica que o local tinha.

Caminhamos pelos corredores vazios enquanto YoonGi procurava algo para mim. Eu apenas permanecia ao lado ele em silêncio enquanto uma melodia irritante enchia meus ouvidos.

— Que música irritante — sussurrei para o mais novo e fiz uma careta.

Min parou e franziu a testa.

— Música?

— É!

Ele agachou e pegou uma caixa de biscoitos.

— Você quer biscoito?

— Acho que sim.

YoonGi olhou para os lados e me entegou a caixa.

— Não há música alguma, hyung.

Mordi o lábio inferior e me calei, ainda incomodado com o ritmo sem graça que tocava em meus ouvidos, apesar de YoonGi dizer que não havia música ali dentro.

— Desculpe.

— Apenas não deixe que alguém te ouça, okay? Vai ficar tudo bem. Ignore a música.

Falávamos tão baixo que pareciamos estar planejando algo sério. Notei que o Min parecia distante.

— Vamos pegar algo para você beber — ele disse, levantando-se. — Suco? Refrigerante?

— Tanto faz.

O garoto pálido ao meu lado correu os olhos pelo local e foi até uma geladeira onde pegou uma lata de Pepsi.

— Está bem? Quer mais alguma coisa?

Não, Gi. Está tudo bem. Obrigado.

— Certo.

Ele tomou os biscoitos de minhas mãos e foi até o caixa.

Eu não sabia se era real ou não, eu apenas vi uma garota entrar no local e depois de alguns instantes sorrir para ele.

Saí as pressas do lugar. Se era real, eu não queria que ele percebesse que eu notei o que foi aquilo.
Estava feliz por YoonGi. Realmente feliz.
Ao mesmo continuava irritado com a música, que de repente pareceu ser cantada por uma voz mais familiar. Então ao reconhecer sua voz, a música me pareceu agradável.

— Você deveria cantar essa música para ela, YoonGi-chi — eu disse, parado no estacionamento, ouvindo seus passos se aproximarem de mim. — Mas eu pensei que tivesse dito que não havia música.

Ao receber seu silêncio em resposta, virei-me para encará-lo e só então percebi que YoonGi tinha acabado de sair do estabelecimento e vinha apressado na minha direção.

— Vamos embora — ele disse, erguendo uma das mãos para que eu lhe entregasse as chaves.

Pálido e confuso, fitei sua expressão indecifrável e pûs em sua mão as chaves.

— Vamos para casa. Voltar para casa...

...

Hallucinations  ksj+mygOnde histórias criam vida. Descubra agora