Hallucinations ksj+myg

fourteen

SeokJin

— Você me irrita às vezes, SeokJin.

— Desculpe.

Dando uma risada, YoonGi mexeu um pouco mais no celular.

— Desculpe por ter dito outro dia aquelas coisas. Sobre romances e tal. Você ficou desconfortável.

— Foi estúpido da minha parte dizer que só cuido de você porque é minha obrigação. Faço isso porque você merece. Gosto de cuidar de você.

Ambos trocamos olhares intensos, que não duraram muito pois instantes depois o mais novo voltou a olhar para o celular e responder alguma mensagem.

— YoonGi?

— Hm?

— Será que algum dia eu vou encontrar alguém?

— Provavelmente, hyung. Tudo é possível.

Tomamos em silêncio o café da manhã, YoonGi continuava a responder mensagens.

Fiquei encarando-o, fitando seu rosto inexpressivo e olhos que demonstravam frieza e torpor correrem pela tela do aparelho.

YoonGi era bonito. Quero dizer, realmente bonito. Não me surpreenderia se ele aparecesse com alguma nova namorada, já que pessoas bonitas nunca estão sozinhas. Se uma pessoa tivesse os traços de YoonGi deveria sentir-se sortuda.

Terminando o café da manhã, YoonGi murmurou, passando os dedos trêmulos pelo rosto. Ele parecia cansado.

— Está quase na hora de você ir — observei.

— Eu sei — se levantou, dando as costas e deixando-me sozinho no cômodo.

Foi minha vez de levantar. Recolhi as louças sujas e levei-as até a pia.
Cantarolei uma canção que tinha ouvido no rádio um outro dia enquanto lavava os pratos.

— O que está cantando?

Dei um salto, olhando para trás.

— YoonGi-chi? Você me assustou!

O mais novo sorriu de lado, me fazendo acompanhá-lo.

— Eu já estou indo — ele anunciou. — Precisamos de alguma coisa? Buscarei quando voltar para casa.

— Não. Acho que não.

— Certo.

Dei as costas e continuei a fazer o meu trabalho.

— SeokJin?

— O que foi, mochi?

— Você acha que poderia estar gostando de mim? Como nos livros que você lê?

— Por que acha isso?

— Não é nada. Apenas curiosidade.

— Acho que não. Só fiquei sensível por causa do livro aquele dia.

— Claro — ele murmurou.

Olhei para YoonGi.

— Você gosta de alguém?

— Não faça esse tipo de perguntas, hyung — disse se aproximando.

— D-desculpe.

Satisfeito com algo, YoonGi sorriu, aproximando o rosto do meu.

Próximo demais.

— Comprarei livros novos para você.

Recuei um pouco.

— Obrigado, mochi.

Então ele deu um passo a frente:

— Não é errado admitir isso — sussurrou.

— Admitir o quê?

Estávamos mais próximos do que deveríamos ficar. Os lábios dele pareciam próximos demais dos meus. Estava começando a ficar tonto.

— YoonGi, pensei que tinha dito...

— Quieto. Você fala demais.

Como um alerta, o celular dele tocou em outro cômodo. YoonGi correu para buscá-lo.

Trêmulo e envergonhado, fitei o chão. Meu coração estava acelerado, meus olhos marejados de lágrimas e meus sentimentos completamente embaralhados.

Como se nada tivesse acontecido, o mais novo acenou, encostado na porta, dizendo para eu trancar a casa.

— Volto a tempo do almoço, hyung — ele disse.

— Claro... Até mais, dongsaeng.

Definitivamente não estava tudo bem.

...