psycho · Jikook

Capítulo doze.

·Park Jimin.

puxo a fivela que servia como fecho e abro a mesma, vendo fotos pequenas ali. Fotos de uma criança morena adorável, muito parecida com...

-Jungkook... -digo arregalando os olhos e ficando trêmulo de repente.

espalho as fotos pelo colchão, observando-as com cuidado. Não haviam somente fotos dele quando criança, mas sim na pré adolescência. Provavelmente antes do assassinato de seus pais.

ele era uma criança adorável. Seus dentinhos de coelho me faziam querer aperta-lo. E sem perceber deixo um sorriso escapar, me repreendendo em seguida.

tanta história por trás de uma simples foto.

expulso os pensamentos tristes da minha cabeça passando a organizar as imagens de volta dentro da pequena caixa.

Se Jungkook soubesse que andei vendo essas fotos, me abriria no meio sem pensar duas vezes. Literalmente.

Após colocar todas as fotos no lugar, levanto caminhando até o guarda-roupa. Abrindo o móvel e jogando a caixinha aonde estava, fazendo um barulho ecoar.

volto em passos lentos até a cama onde provavelmente iria passar o resto do dia me jogo no colchão fitando o teto branco.

Faz dias que estou preso aqui. Sinto falta dos meus amigos, do meu apartamento, da minha faculdade, da minha rotina, da minha vida.

Suspiro pesado, não permitindo que as lágrimas venham. Não posso deixar.

Jungkook só entra aqui para me dar comida. Yoongi toda vez que dá as caras é para me humilhar e distribuir ameaça.

ele parece me odiar, e eu queria saber o por que.

não posso continuar aqui, deitado olhando o teto.

Eu preciso de algo que me distraia.

levanto arrumando meus cabelos indo até a porta, fazendo um escândalo enquanto batia fortemente na mesma para chamar atenção.

Se Yoongi aparecer, eu tô fudido. Antes Jungkook do que a vadia do amigo dele.

Vadia, eu apelidei ele assim.

depois de minutos batendo e chutando a porta e nada de respostas resolvo voltar para a cama, cabisbaixo.

me animando novamente ao ouvir o barulho da fechadura.

-Eu ouvi sua tentativa de chamar atenção. -Jungkook adentra o quarto com uma bandeja de comida e um copo grande de suco.

uma cena linda se o moreno não fosse um psicopata e eu não estivesse sendo mantido preso.

-Você tem livros? -pergunto receoso enquanto analiso o garoto que põe a bandeja com comida japonesa na escrivaninha e se senta ao meu lado.

-tenho. -diz e eu me animo dando um sorriso -mas não irei trazer. -desmancho o sorriso aos poucos, abaixando a cabeça e ouvindo uma risada do moreno.

-Por que está rindo idiota? -faço bico cruzando os braços e recebendo novamente seu olhar frio.

-Do que você me chamou, Park Jimin? -levo meu olhar antes baixo até seu rosto, encarando o semblante sombrio.

eu tô pedindo pra morrer hoje, não é possível.

-De idiota, Kookie. -digo em afronta, chamando-o pelo apelido que o mesmo odiava.

o maior passa a língua pela bochecha, se aproximando lentamente do meu rosto, fazendo direção ao meu ouvido, me fazendo engolir seco.

-eu não posso cortar sua garganta, mas Yoongi pode. -diz rouco e frio.

o ar quente de sua boca em meu ouvido me fez arrepiar e estremecer dos pés a cabeça.

-e eu não mexeria um músculo para impedi-lo. -ouço o riso ironico ecoar em meus ouvidos, me fazendo cair na realidade.

Jeon Jungkook é realmente um idiota.

-Não tenho medo do floco de neve. -ergo uma das sobrancelhas fitando os olhos negros sem vida.

-pois deveria ter, Park. -diz sério.

-ficar preso sozinho e sem nada 'pra fazer é ruim. -baixo a cabeça fazendo meus fios desbotados cairem para frente.

-quer que eu chame o Yoongi? -diz e eu levanto a cabeça balançando-a desesperado.

-Jungkookie -digo manhoso fazendo o moreno franzir o cenho com o mais novo apelido -eu vou enlouquecer se ficar aqui olhando os cantos desse quarto. -brinco com meus dedos gordinhos.

a real é que depois que soube que Jungkook era meu irmão, venho fazendo o de tudo para ter sua atenção. Esperançoso em todas as vezes que a porta do quarto se abre, e ficando triste em seguida ao ver o rosto pálido de Yoongi.

ele era o único da família que me restou. Meu irmão...

-Você anda muito calmo 'pra quem foi sequestrado e 'tá nas mãos do assassino mais procurado da Coreia, Park Jimin. -ri amargo -conheço bem esse esse truque.

O olho com dúvida.

o que ele está tentando dizer com "conheço bem esse truque"?

-Se está planejando fugir, sugiro que desista. -passa a língua bela bochecha esquerda com deboche -não pensaria duas vezes em estourar seus miolos. -o olho incrédulo.

Se quisesse tanto assim me matar como diz, já teria feito a tempos.

-Mas se você permanecer calmo como está essa semana -trinca o maxilar dando um sorriso de canto.

-eu prometo lhe recompensar em breve. -diz baixo fixando seus olhos em minha boca farta.

e ao perceber passo a língua pelos lábios automaticamente. Vendo o garoto desviar o olhar e endireitar a postura.

-Não sabe com o que está lidando criança. -travo ao sentir seu polegar sobre meus lábios rosados.

encaro o rosto sem expressão, estático.

Ouço a porta ser aberta pela segunda vez olhando em direção a mesma vendo Yoongi entrar com seu cigarro na boca, jogando a fumaça para o ar.

O moreno parece sair de transe, retirando seu dedo de meus lábios e se virando para Yoongi.

-Quem lhe deu permissão para entrar aqui desse jeito? -diz rude e frio, se levantando e caminhando até Yoongi que se encontrava escorado na porta.

-tenho total permissão para entrar aqui a hora que quiser. -brinca com o cigarro entre os dedos.

-as vezes acho que você abusa da sorte, Min. -trinca o maxilar deixando os músculos tensos.

-é um dos meus hobbies favoritos depois de dissecar alguém vivo. -dá uma piscadela breve junto com um sorriso perverso.

-vou acabar te matando Yoongi, lembre disso. -ri sem humor recebendo um "veremos como resposta"

Observo a cena estático com o que acabara de acontecer minutos atrás. Vejo o moreno se virar uma última vez para mim e fazer um sinal no qual não consegui entender antes de virar as costas e sair pela porta acompanhado de Yoongi, trancando a porta com chave.

solto a respiração que sem perceber havia segurado.

Passo as mãos pelo cabelo desbotado, perdido e perplexo.

meu irmão iria...me beijar?

me jogo na cama procurando afastar esses pensamentos.

não é possível, isso não pode estar acontecendo.

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