🌻16🌻

476 33 0
                                    

🌻🌻🌻🌻🌻🌻

Song: black beauty/ Lana del Rey

Madison Avery
Dia 7/06/2014; sábado
8:40

Hoje era o dia da minha apresentação de Teatro, mesmo que eu nunca tive a mínima vontade de fazer teatro eu estava surtando de nervosismo. Eu já tinha feito feito dez apresentações de ballet em teatro lotados, mas eu nunca tinha que falar por ser ballet, eu não duvido que quando chegar a hora de subir no palco eu fique paralisada.

Ainda faltava duas horas para o ensaio geral e não conseguia parar de falar com o Jack sobre como seria a peça, ele já tinha ouvido no mínimo 80 vezes o roteiro inteiro mas eu falava mais ainda e só iria parar depois da peça ou nem depois eu pararia. Meus pais estavam brigando, o que não era nenhuma novidade, depois de 12 anos escutando eles brigando todo santo dia eu nem me importo muito, a única coisa que realmente me deixa triste é quando meu pai grita que a pior coisa que aconteceu na vida dele foi ter filhos, ou que eu e meu irmão somos pesos mortos que ele é obrigado a carregar, eu tento me fazer pensar que ele só fala isso da boca para fora e que é tudo mentira mas é realmente difícil conseguir me convencer disso.

Tinha preparado minha mochila com as coisas que a professora de Teatro pediu para que eu levasse, agora faltava uma hora pro ensaio geral e eu já deveria estar no carro indo para lá mas como meu pai estava muito bravo eu não tinha coragem de ir falar com ele e pedir para que me levasse, minha mãe estava igual. Sentei nos degrais da escada cantarolando uma música que eu sempre escuto no rádio mas nunca descubro o nome, essa música de um jeito ou de outro me acalma e eu só consigo pensar nela quando meus pais brigam ou quando eu fico triste, é como se fosse a minha música da desgraça.

Agora faltava 30 minutos para peça começar, eu já tinha perdido o ensaio geral e tentei falar com os pais de alguém para me dar carona só que todos já estavam lá. Eu estava tentando não começar a chorar, por mais que eu não gostasse de fazer teatro eu queria mostrar para o meu pai pelo menos que eu consigo fazer isso, ele nunca foi em uma das minhas apresentações de ballet ou apresentações da escola, por um momento eu realmente pensei que ele iria nessa apresentação.

Quarenta minutos que a peça havia começado, meus pais voltaram a gritar entre si, eu não conseguia mais ouvir aquilo então corri para o meu quarto e fiquei com o travesseiro no rosto como se isso fosse abafar o som, funcionava quando eles não gritavam muito alto mas do mesmo jeito eu conseguia ouvir.

Meu pai não era um exemplo de pai mas se importava pelo menos um pouco comigo, até minha mãe ser promovida, desde aquele dia ele simplesmente enlouqueceu e mudou completamente. Toda quarta feira a noite ele saia de casa e eu só via ele na próxima terça, algumas vezes ele pegava todas as suas coisas saia de casa e só voltava três meses depois, sempre que ele voltava trazia um buquê gigante de flores para minha mãe e depois levava ela em um restaurante que só iam casais.

Passou mais uma hora e eles continuavam gritando, eu não conseguia mais segurar o choro quando ouvia meu pai gritando coisas horríveis para minha mãe ou falando o quando se arrepende de ter tido filhos. Eu queria poder ficar trancada no meu quarto para sempre, queria nunca mais ter que ouvir qualquer dessas coisas.

O desespero tomou conta de mim quando escutei alguma coisa de vidro quebrando, por mais que eu não quisesse pensar no pior minha mente só conseguia pensar naquilo, eu implorei para todos os deuses possíveis que minha mãe ou meu pai não estivessem machucados, e meu outro medo é ter que separar os dois novamente, não seria a primeira e com certeza não seria a última.

Entro no quarto dos meus pais correndo e vejo umas das cenas mais traumatizantes da minha vida, meu pai empurrando minha mãe na cama e à enforcando, enquanto ela tentava se soltar dele. Eu comecei a gritar o mais alto que eu conseguia, tentava fazer meu pai soltar minha mãe mas como ele é muito mais forte que eu por mais que eu tentasse ele não parava. Depois de alguns segundos que pareceram horas ele finalmente soltou ela e me olhou como se eu fosse a coisa mais nojenta do mundo, eu fiquei com medo dele tentar me machucar, depois de tudo o que já aconteceu eu não duvidava que ele tentaria fazer isso.

Panic Room • Corbyn BessonOnde histórias criam vida. Descubra agora