Contido

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 — Uma focinheira? Hyung, isso é mesmo necessário?

 Mais do que com apnenas uma focinheira, o alfa agitado havia sido restringido também com cordas amarradas aos pulsos e tornozelos o prendendo à uma precária cadeira de madeira no meio do quarto de hóspedes.

 O próprio Jimin na verdade estava bastante precário, a primeira vista lembrava fielmente uma vítima de sequestro. Estava sujo de terra, suado e com alguns hematomas – certamente causados por ele próprio tentando escapar –, o peito desnudo, uma calça de moletom provavelmente cedida por Hoseok e os pés ainda descalços deixando um rastro de terra pelo piso.

 — Você viu os caninos deles, Tae. Não queríamos correr o risco. — Yoongi rebateu ainda escorado no batente da porta. — E não é tão desconfortável quanto parece, eu garanto. É minha.

 Taehyung fez uma careta desgostosa ante o tom malicioso de seu hyung, Hoseok corou, já Jungkook estava absorto demais para manifestar qualquer reação. Desde que entrara no chalé fora envolvido com força total pelo cheiro do seu macho, ficando levemente febril e de pernas bambas. Estava muito mais intrusivo do que jamais presenciara, invadindo suas narinas, seus poros e sua mente, o deixando mais vulnerável ainda. Podia quase sentir a sanidade se esvaindo, dando lugar à algo novo e sem precedentes. Metamorfose que a princípio ninguém perceberia. Sutíl e nociva.

 Se tratava de uma embriaguez de feromônios, causado pelo próprio cio quando este porventura estivesse intenso demais.

 Jimin, quem há pouco recobrara o controle sobre si mesmo, pôde sentir o noivo se aproximar antes mesmo vê-lo de fato, porém estava tão constrangido, tão humilhado, que manteve a cabeça baixa o tempo inteiro. E, para seu maior desespero, seu corpo ainda respondia ao seu ômega no recinto, todo eriçado, desde os pêlos na nuca ao seu pênis. E embora tentasse racionalizar a si mesmo e até mesmo tentar prender a respiração, era inegável o quão forte estava o cheiro de Jungkook. E isto já estava a confundir sua mente.

 Neste momento desejou com todas suas forças já tê-lo marcado como seu, assim poderia sentir na pele tudo que o pequeno sentia, todas as emoções guardadas dentro de si, poderia conhecer a profundidade do ressentimento dele para consigo – e em contrapartida mostrar com sinceridade à Jungkook o quão estava arrependido por meio dessa conexão. Esperou pelos xingamentos, pela voz chorosa ou mesmo uns cascudos, mas nada veio. Jungkook sequer moveu-se. Arriscou espioná-lo sob sua franja e o que encontrou o alertou.

 Jungkook parecia estar em transe, lhe observando com os olhos opacos e o rosto inexpressivo. Não conseguia nem identificar a emoção que ele expressava, estaria ele assim tão decepcionado consigo?

 — Kookie. — tentou chamá-lo, e mesmo com a voz abafada sob a focinheira, todos pararam para fitá-lo também.

 — Oh, bem vindo de volta ao século XXI, alfa. — Yoongi caçoou.

 — Hyung, você está bem? — Taehyung quis saber fazendo a menção de se aproximar, mas se detendo no ato quando Jimin rosnara abruptamente.

 Jimin rosnou. Para o seu próprio irmão.

 O choque fez todos retesarem.

 O próprio Park se surpreendera com o som gutural que liberara, foi mais instintivo que ele esperava, foi uma reação automática a algo que seu cérebro há pouco assimilara: Taehyung estava cheirando à Jungkook. Estava fraco, como se coberto pelas vestes ou algo do gênero... mas estava presente, e isso despertou seu ciúmes de forma alarmante. Taehyung andava perto demais do pequeno omegazinho, justo em seus dias mais férteis!

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