O primeiro beijo

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Chegou sexta feira, Lucas e Jéssica viam-se todos os dias a caminho da Universidade e este não era exceção. 

- Bom dia, meninas - disse Lucas, ao passar por Jéssica e Sara.

- Bom dia - disseram as duas.

- Estás melhor, Sara? - perguntou Lucas.

- Sim - respondeu ela.

- Ainda bem. Este é o Samuel, meu amigo e colega de quarto. Apresento-te a Jéssica e a Sara.

- Muito prazer - disse Samuel, ao cumprimentá-las com dois beijos.

Houve uma troca de olhares entre Samuel e Sara e Lucas, ao aperceber-se, perguntou a Jéssica, baixinho:

- A Sara tem namorado?

- Porque é que queres saber? - perguntou Jéssica.

- Viste bem a maneira como olharam um para o outro?

- Ah isso. Sim, vi.

- Aquilo vai dar coisa - disse Lucas.

Os dois riram e Samuel e Sara já estavam a falar. Sara, de estatura média, cabelo louro e olhos castanhos claros. Samuel, alto, com cabelo escuro e olhos cor de mel. Os amigos achavam que ficavam perfeitos.

- Vamos deixá-los a sós? - perguntou Lucas, ao ouvido de Jéssica.

Com o sussurro dele, Jéssica sentiu um arrepio pelo corpo todo. Foi algo que nunca sentiu e que a deixou sem reação.

- Anda, vamos - disse Lucas.

Os dois saíram e foram conversando pelo caminho.

- O Samuel tem namorada?

- Não. Daí eu dizer que eles os dois...

- Desde que ele não a magoe...

- Ele não é desses. Quando quer, quer a sério. Tipo eu.

- Espero que sim - disse Jéssica, sem perceber a última frase de Lucas.

- Não te preocupes. Então e tu, tens namorado?

- Não.

- A sério? - perguntou Lucas, animado.

- Porquê? Achas que sou assim tão má que ninguém me quer? - perguntou Jéssica, pensando que ele estava a ser irónico.

- Não é nada disso! Só achei estranho uma rapariga como tu não ter namorado.

- Não é assim tão estranho...

- Desculpa, se disse algo que te ofendeu...

- Não, está tudo bem.

- Ainda bem - Lucas sorriu e Jéssica retribuiu.

Os dois chegaram à Universidade e estava na altura de se separarem. Contudo, os dois ficaram calados, a olhar um para o outro e começaram a aproximar-se. Olharam-se nos olhos, até que os seus lábios se juntaram e deram um longo beijo. Jéssica teve uma sensação estranha, mas não conseguia explicar. Lucas, por sua vez, sentiu uma espécie de "borboletas" no estômago e os dois pensaram "O que é isto?". Quando pararam, Jéssica saiu a correr e sem dizer nada. Lucas começou a pensar que tinha feito alguma coisa de mal, mas foi embora para as aulas.

Ao chegar à sala, Sara apercebe-se que Jéssica não está normal.

- Está tudo bem? - perguntou Sara.

- Sim.

- Eu não vos voltei a ver.

- Pois... E tu e o Samuel, como correu? - perguntou Jéssica, desviando o assunto.

- Bem, ele é super simpático - respondeu Sara, entusiasmada.

- Ui, esse brilho diz tudo...

As duas riram-se e ficaram "atentas" o resto da aula, mas só pensavam no que tinha acontecido com cada uma.

Quando as aulas terminaram, Jéssica foi diretamente para a república, agarrou nas malas, despediu-se das amigas e apanhou um autocarro para casa.

Lucas foi à Faculdade dela, mas ela já tinha saído. Foi à república, mas ela já não estava... Então foi ter com Samuel, para ver se desanuviava um pouco.

- O que é que se passa? - perguntou Samuel.

- Nada - respondeu Lucas.

- Vá lá, meu, eu já percebi que envolve miúdas.

- Ok, eu conto. Hoje beijei a Jéssica, mas ela saiu a correr e não a voltei a ver.

- Já foste ver...

- Sim, ela foi a casa - interrompeu Lucas.

- Agora não fiques a pensar nisso. Falas com ela na segunda feira.

- Mas...

- Mas nada! Vamos jogar futebol que isso passa - disse Samuel.

- Está bem - cedeu Lucas.

Os dois foram para o campo e ficaram por lá até tarde. Ainda assim, Lucas só pensava em Jéssica. Será que ela tinha ficado chateada com ele?

Já era de noite quando Jéssica, finalmente, chegou a casa. Ao sair do autocarro, viu a sua mãe e correu até ela, abraçando-a. Afinal, não se viam há semanas.

- Oh filha, estás tão magra - disse a mãe.

- Não estou nada. Estou igual.

- Andas a comer pouco. É a falta da minha comida.

O pai apareceu e foi também abraçá-la. Foram para dentro de casa e estavam a conversar quando, de repente, alguém abre a porta. Era Mara. Foi ter com a irmã e deu-lhe um abraço bem apertado.

- Que saudades, maninha - disse Mara.

- Mesmo - concordou Jéssica.

- Quando a mãe me disse que estavas a chegar, tive de vir logo. Anda, vamos para o teu quarto falar.

Chegaram ao quarto, fecharam a porta e sentaram-se na cama.

- Vá, conta lá o que se passa.

- Bem, houve uma noite que fui a um bar e me cruzei com um rapaz. Ele foi um bocado estúpido, mas depois encontrou-me e pediu desculpa. Durante esta semana, encontrámo-nos todos os dias de manhã e na terça feira fomos lanchar. Hoje... - Jéssica fez uma pausa.

- O que é que aconteceu? - perguntou Mara.

- Nós beijámo-nos...

- A sério?

- Sim.

- E o que é que tu sentiste?

- Algo que nunca senti antes... - disse Jéssica.

- Isso significa que...

- Não sei. Não o conheço assim tão bem e sabes que não quero nada com ninguém, por agora.

- Jéssica, se calhar chegou o momento de esqueceres o passado e te entregares aos teus sentimentos.

- Não sei se consigo, ou se algum dia vou conseguir. Estou tão perdida - disse Jéssica, deixando correr uma lágrima.

As duas abraçaram-se e ficaram assim muito tempo.



E se o passado de Jéssica não a deixar entregar-se por completo aos seus sentimentos?

No Brilho do Teu Olhar (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora