Era dia 30 de setembro e as aulas iam finalmente começar. Todos os alunos andavam entusiasmados, embora não fosse pelo início das atividades letivas, mas sim de uma fase cheia de festas, convívios e praxes.
Jéssica chegou ao anfiteatro e sentou-se, envergonhada, ao ver que havia tanta gente à sua volta. E, como não podia deixar de ser, estava lá um grupo de rapazes que gostavam de se fazer de "mauzões" e metiam-se com todas as raparigas, principalmente as mais frágeis.
- Olha a caloira! Vem toda encolhida, deve ser do frio. Trinta graus é uma temperatura muito baixa, realmente! - disse um dos rapazes, com tom de gozo.
Com este comentário, ouviu-se um riso geral entre eles.
Jéssica ignorou o comentário, mas, por dentro, só lhe apetecia chorar e fugir dali.
A aula passou rápido e a jovem saiu o mais depressa que conseguiu. Quando caiu em si, percebeu que ia ser um ano longo, que teria que suportar muita coisa. Os fantasmas do passado estavam a voltar e ela não estava preparada para isso.
O dia chegou rapidamente ao fim, visto que ainda não havia "aulas a sério". Do mesmo modo, a semana passou a voar.
Chegou sexta-feira, o dia em que os caloiros iam ter as primeiras praxes. Jéssica estava extremamente nervosa, com medo do que lhes podiam fazer.
- Caloiros, todos calados! - gritou um dos doutores.
- Hoje só têm de dar umas voltinhas a proferir umas coisas! Até já digo palavras caras - disse outro doutor, animado.
Afinal, estas praxes não eram nada demais. Depois das histórias que já tinha ouvido, podiam ser piores.
A semana seguinte foi ainda mais rápida e sexta-feira iriam ser os primeiros jantares de curso. Jéssica não queria ir, mas Sara, que, para além de colega de quarto, era colega de turma, convenceu-a a ir.
- Então, vamos? - perguntou Sara, já pronta.
- Espera só um pouco. Vou mandar mensagem à minha mãe. Este fim de semana eu era para ir a casa.
- Vá, despacha-te. Fico lá em baixo à tua espera.
Foram as duas juntas para o jantar e não podia ter corrido melhor: ficaram juntas e conheceram-se, tornando-se realmente amigas. Nesse mesmo jantar, também conheceram alguns colegas de curso, que até pareciam ser simpáticos.
No fim do jantar, cada um foi para a respetiva república.
- O que achas de irmos à sala de convívio, ver o que se passa por lá? - perguntou Sara a Jéssica.
- Desculpa, mas não me apetece muito. Estou cansada...
- Já percebi que não és muito de sair. Gostas mais de ficar pelo quarto.
- Não gosto muito de confusões - confessou Jéssica.
- Não te conheço há muito tempo, mas já começo a saber os teus gostos. E festas não é o teu forte.
Jéssica esboçou um sorriso tímido e foi para o quarto.
- Então, miúda, como é que correu? - perguntou Vanessa a Jéssica, ao chegar ao quarto.
- Correu bem. Deu para nos conhecermos melhor.
- Só isso? - perguntou Vanessa, indignada.
- Sim. O que querias que mais tivesse acontecido?
- Podias falar em rapazes bué lindos, que tivesses conhecido.
- Não comeces, não estou com paciência! - disse Jéssica, um pouco irritada.
- Pronto, já não está cá quem falou... Faz lá o teu sono de beleza - respondeu Vanessa, ironicamente.
- Boa noite.
- Boa noite. Vou até lá baixo um pouco, só vim retocar a maquilhagem.
Vanessa saiu e Jéssica foi dormir. Sentia-se cansada pela sua primeira "saída". Apesar de ter sido apenas um jantar, estava como se tivesse passado uma noite inteira em festa, pelo facto de não estar habituada.
Sara e Vanessa, pelo contrário, ficaram até de madrugada no convívio, mas sentiam-se como se tivesse sido apenas um jantar.
No dia seguinte, as três colegas de quarto não saíram, ficaram a preguiçar na cama o dia todo, o que as levou a conversar muito e a começar a desenvolver uma amizade que iria crescer, durar muito tempo e revelar-se importante.
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No Brilho do Teu Olhar (Concluído)
RomantizmJéssica era uma jovem normal de 18 anos que tinha acabado o Liceu e ia para a Universidade. No entanto, não gostava de sair, não pensava em rapazes e dedicava o seu tempo ao estudo, a típica "marrona", como todos lhe chamavam. Uma noite, as colegas...