O vestido com a cor da esperança

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Elizabeth encarava um vestido branco que estava em frente a cama.
O que tornava a família de Elizabeth rica era a fábrica de vestidos a qual ela tinha posse.
A mansão era na verdade a fábrica com a moradia e loja na frente e a fábrica na parte de trás.
Pelo espaço da loja ser muito pequeno para os milhares de manequins,era comum encontrar um ou vários depositados nos diversos cômodos da casa como em uma exposição.
Elizabeth nunca se importará com os vestidos que a mãe produzia mas,depois daquele dia,era como se olhar para o vestido e apreciar seus detalhes a mantivessem viva.
Ela não tinha ânimo para sair do quarto e encarar o mundo lá fora,então,ficava encarando o vestido,imaginando a ninfa e a garota com o cabelo no olho o vestindo enquanto dançavam e conversavam com convidados inexistentes.

-Como vocês duas devem estar sem a minha ajuda?Não que precisassem dela de qualquer forma...-e seus olhos se fecharam,se rendendo a dias sem um sono decente.

Não demorou muito para que os gritos e imagens de pessoas morrendo desesperadas invadissem sua mente.
Ela acordou assustada.
Mais um motivo para encarar o vestido:os pesadelos voltaram.
Já tinha se passado um mês que ela não saia mais do quarto.Um mês desde que seu mundo e sua vida foram destruídos após ver seu tesouro ser jogado no fogo.
Três professoras diferentes tentaram dar aula para ela ali mesmo porém ela não fazia nada e toda sua atenção era voltada para o vestido.
Alguns médicos também foram até lá para examina-lá mas ela também os ignorava e,como sua mãe tinha medo de levá-la até um hospital de verdade para uma consulta,ela permanecia ali,encarando o vestido branco para sempre.
O barulho da porta abrindo a tirou de seu transe por um pequeno segundo.
Era sua mãe trazendo o almoço.
Ela deixou o prato em uma pequena mesinha ao lado da cama mas Elizabeth só tocaria em poucas partes da comida quando ela fosse embora.
Sua mãe ficou parada a encarando e logo depois começou a falar com a voz falhando pelas lágrimas.
Elizabeth não conseguia e nem queria ouvir o que ela dizia.Estava com ódio.
Para ela,as palavras não passavam de sussurros distantes enquanto ela encarava o vestido.
Até que uma frase finalmente a alcançou em seu transe:

-Me desculpe Elizabeth!Eu fui uma péssima mãe!-com a voz de choro,sua mãe limpou as lágrimas com a mão e saiu do quarto a deixando sozinha.

Ao ouvir o clic da porta fechando,tirou os olhos do vestido e encarou o prato com uma pequena porção de salada,ovo mexido e arroz.

-Realmente mamãe...-e empurrou um pouco a mesa e se cobriu mais com as cobertas-você foi uma péssima mãe!-e voltou a olhar para o vestido.

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